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Deixem Jesus em paz

por JUCA KFOURI

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Está ficando a cada dia mais insuportável o proselitismo religioso que invadiu o futebol brasileiro

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MEU PAI , na primeira vez em que me ouviu dizer que eu era ateu, me disse para mudar o discurso e dizer que eu era agnóstico: "Você não tem cultura para se dizer ateu", sentenciou.

Confesso que fiquei meio sem entender. Até que pude ler "Em que Creem os que Não Creem", uma troca de cartas entre Umberto Eco e o cardeal Martini, de Milão, livro editado no Brasil pela editora Record.

De fato, o velho tinha razão, motivo pelo qual, ele mesmo, incomparavelmente mais culto, se dissesse agnóstico, embora fosse ateu.

(...)

Até então, me bastava com o pensador marxista, também italiano, Antonio Gramsci, que evoluiu da clássica visão que tratava a religião como ópio do povo para vê-la inclusive com características revolucionárias, razão pela qual pregava a tolerância, a compreensão, principalmente com o catolicismo.

E negar o papel de resistência e de vanguarda de setores religiosos durante a ditadura brasileira equivaleria a um crime de falso testemunho, o que me levou, à época, a andar próximo da Igreja, sem deixar de fazer pequenas provocações, com todo respeito.

Respeito que preservo, apesar de, e com o perdão por tamanha digressão, me pareça pecado usar o nome em vão de quem nada tem a ver com futebol, coisa que, se bem me lembro de minhas aulas de catecismo, está no segundo mandamento das leis de Deus.

E como o santo nome anda sendo usado em vão por jogadores da seleção brasileira, de Kaká ao capitão Lúcio, passando por pretendentes a ela, como o goleiro Fábio, do Cruzeiro, e chegando aos apenas chatos, como Roberto Brum.

Ninguém, rigorosamente ninguém, mesmo que seja evangélico, protestante, católico, muçulmano, judeu, budista ou o que for, deveria fazer merchan religioso em jogos de futebol nem usar camisetas de propaganda demagógicas e até em inglês, além de repetir ameaças sobre o fogo eterno e baboseiras semelhantes, como as da enlouquecida pastora casada com Kaká, uma mocinha fanática, fundamentalista ou esperta demais para tentar nos convencer que foi Deus quem pôs dinheiro no Real Madrid para contratar seu jovem marido em plena crise mundial. Ora, há limites para tudo.

É um tal de jogador comemorar gol olhando e apontando para o céu como se tivesse alguém lá em cima responsável pela façanha, um despropósito, por exemplo, com os goleiros evangélicos, que deveriam olhar também para o alto e fazer um gesto obsceno a cada gol que levassem de seus irmãos...

Ora bolas!

Que cada um faça o que bem entender de suas crenças nos locais apropriados para tal, mas não queiram impingi-las nossas goelas abaixo, porque fazê-lo é uma invasão inadmissível e irritante.

Não mesmo é à toa que Deus prefere os ateus...

Comments

  • Não gosto do JUCA KFOURI, mas este texto achei muito inspirado pelo Homem lá de cima! hehehe.

    Gostei.

  • Cara Dani, já respondi perguntas relacionadas à este envolvimento futebol e religião...

    Todos tem o direito de professar a sua fé, porém existem locais próprios para isto...

    Existem cismas religiosos pelo mundo e que num jogo de futebol, como Israel x Irã, por exemplo, o simples ato de professsar a fé publicamente, poderiam acirrar os ânimos de torcida e aletas, tal qual uma provocação...portanto o esporte, que seria um ítem de integração e confraternização, poderia ser mais uma arma político religiosa...

    Um simples ato como orar o pai nosso, como fez a seleção, num país fundamentalisa poderia ser encarado como provocação ao país anfitrião...

  • O texto diz exatamente o que penso sobre esse assunto....

    Eu gosto de futebol!!

    rsrsr

    Beijo amiga!

    Shaiya

  • Os tolos e os fanáticos estão sempre seguros de si, mas os sábios são cheios de dúvidas

  • Olha eu também tenho um pé atrás com isto.Igual o Carlinhos Bala disse no ano passado q Deus havia falado q o Sport iria ganhar.Tudo bem, ganhou ,mas será que Deus está mesmo preocupado com resultados de jogos com tanta gente passando fome,tanta violência!??????

  • Bom dia Dani!

    Particularmente, tudo o que o Juca Kfouri fala ou escreve eu normalmente ignoro, mas dessa vez eu concordo com ele.

    Sabe aquelas matérias de marketing que quase todos os cursos superiores têm em sua grade curricular? Pois é, acho que esses proselitistas esportivos são doutores nessas áreas, especializados em "marketing agressivo".

    Será que "Deus" precisa de tanta propaganda assim, sendo ele o ser supremo? Será que esses jogadores têm ciência que entre os torcedores das agremiações que eles defendem existem pessoas não cristãs? E os patrocinadores? Será que os jogadores estão cientes que o salário milionário que eles recebem são pagos pela marca estampada na camisa que eles escondem para mostrar "a sua religiosidade"?

    No fundo essas pessoas querem promover seitas religiosas e se livrar da imagem negativa de que todo jogador de futebol é da "noite"

    Um beijo pra você!

  • Sou obrigada a concordar com o cara,pela primeira vez!

  • Olá Dani.

    Vou te contar um caso:No Cruzeiro time que eu torço joga um goleiro evangelico chamado Fabio que sem duvidas merece estar na seleção por ser o melhor do Brasil,porem lembro que a duas semanas fui ao mineirão no jogo contra o Corinthians e durante partida o goleiro Fabio defendeu um penalty do Ronaldo fenomeno e nisso ele começa a agradecer a Deus,mas pergunto será isso vontade de Deus ou talento humano?Obvio talento humano sem sombras de duvidas,e nisso fiquei pensando pq as pessoas lutam e passam por mal bocados na vida e quando vencem dizem que foi vontade de Deus?Não ha sentido nisso Deus se existisse realmente deveria fazer tudo para nos e de mão beijada sendo que seu papel é esse srrsrrs.

    Mas nos jogos de futebol,acompanho esse proselitismo religioso e confesso como a religião é capaz de mudar as pessoas.Sou um amante da democracia e da liberdade de expressão e respeito isso assim como qualquer manifestação religiosa desde que seja um lugar apropriado,mas acho que as atitudes do proselitismo religioso beiram o fanatismo e desmonstram que existem pessoas que por traz de um rostinho bonito e de um belo futebol,que na verdade escondem o intimo de desejo de obrigar as pessoas a pensar como eles e nisso se ve que nem todos estão preparados para lidar com as diferenças de opinião,cultura e religião e espero que essas baboseiras de passar uma mensagem desrespeitosa no futebol de que sua crença é melhor que a minha acabe,afinal é preciso haver respeito a outros credos e opiniões.

    Abraços do Ramon Gladiador Azul.

  • As pessoas já transformaram suas crenças em outdoors de boa índole.

    Anunciar o nome de Deus é uma forma de se promover como bom(a) moço(a).

    "Marketing".

    Quando um time ganha, foi Deus que os abençoou.

    Só pode haver um vencedor premiado. Deus não abençoa o time adversário?

    Devemos concluir que o time adversário foi amaldiçoado por Deus?

    "Não é mesmo à toa que Deus prefere os ateus..."

    Se for julgar pelo fato de ateus não se promoverem em nome dele... sim. Ele em sua suposta existência preferiria os ateus, pois os ateus usam o máximo deles para fazer o melhor sem se acomodar nas costas de um determinado Deus.

    Se Deus nos deu o livre-arbítrio, os ateus o seguem a risca.

    O uso comercial do nome de "Deus" é evidente.

    Se Deus nos fez a sua imagem e semelhança, por que devemos nos sentir tão pequenos e atribuir todos os méritos obtidos por nós como sendo um milagre divino?

    "Pose!"

    Está é uma excelente forma de posar pra mídia como sendo virtuoso e mexer com pessoas emotivas em suas crenças.

    Uma mensagem subliminar:

    "Venha para o reino de Deus."

    Eles estão certos sobre o Deus verdadeiro?

    O texto está cheio de verdades.

    Boa tarde, Dani!

  • Dúvidas é uma constante ainda para o maior de todos os sábios.

    Beijos.

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