BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Direto do País da Piada Pronta! E o Cirque du Soleil? O espetáculo se chama 'Alegría'! Ingresso: R$ 560. Família de quatro pessoas: R$ 2.240. E se a sogra pedir pra ir? Tem que fazer empréstimo bancário. Que alegria! Rarará!
E temos três manchetes piadas prontas: 'Dirigentes da Anac recebem condecoração por serviços prestados à Aeronáutica'; 'Médico francês descobre homem com cérebro oco' e 'Pan vive dia de pancadaria'. E eu sei a condecoração da Anac: MERDALHA DE OURO!
E não são serviços prestados. São serviços imprestáveis. Anac recebe merdalha de ouro por serviços imprestáveis!
Anac quer dizer Aviões Não Aterrissam em Congonhas. Anac quer dizer Aqui Não Aceitamos Competentes. E quem tem um ministro da defesa como o nosso não precisa de guerra!
E médico francês descobre homem com cérebro oco. E o que o Lula foi fazer na França?! Rarará!
E aí mistura as duas manchetes, e ficamos assim: Anac recebe condecoração por cérebro oco! ANARC!
E a zona aérea continua! As companhias aéreas estão lançando uma nova classe: CLASSE RENAN, aquela em que o passageiro consegue uma poltrona e não levanta nem pra ir ao banheiro!
E o chargista Frank mostra que o Lula subiu ao pódio do Pan: ouro em caos aéreo, ouro em vaia, ouro em discurso repetido e ouro em assessor aloprado!
E o PAN vive dia de PANcadaria! O Pan comeu na casa da Noca! Ouro em soco e ouro em vaia.
Modalidade segurança de discoteca. Esse é o espírito do panamericanismo: quando não ganha no grito, ganha no braço!
PANCADA 2007!
É mole? É mole, mas sobe! Ou, como diz aquele outro: é mole, mas chacoalha pra ver o que acontece! Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heróica e mesopotâmica campanha 'Morte ao Tucanês'.
Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Belo Horizonte tem uma empresa que se chama Madeireira Principau!
O principal sempre é o principau! Mais direto, impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. 'Pancadaria': modalidade esportiva mais concorrida do Pan! O lulês é mais fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Um outro alemão que não o bom e velho sapateiro Walter, mas o bom e velho Hegel, definiria a situação brasileira como uma questão dialética. Uma fórmula simples:
Tese: o país passou décadas sob o tacão do autoritarismo.
Antítese: a reação da sociedade foi atirar-se para o outro extremo, o da supressão de tudo o que sugere mando.
Síntese: o brasileiro entenderá que o estado democrático só existe se se preservar a autoridade dos agentes da democracia.
Hegel diria que o busílis se resolveria assim. O sapateiro Walter também - tratava-se de um otimista. Já eu, não sei se dispomos de força e filosofia suficientes para tanto. Até porque, Caetano foi quem disse, filosofia é bem coisa de alemão.
Se sou mineiro? Bem, é conforme, dona. (Sei lá por que ela está perguntando?) Sou de Belzonte, uai.
Tudo é conforme. Basta nascer em Minas para ser mineiro? Que diabo é ser mineiro, afinal? Inglês misturado com oriental? É fumar cigarro de palha, como o poeta Emílio, de Dores do Indaiá? Autran fuma cachimbo. Tem até quem fume cigarro americano. (No bairro do Calafate havia uma fábrica de "Camel".) Em suma: ser mineiro é esperar pela cor da fumaça. É dormir no chão para não cair da cama. É plantar verde pra colher maduro. É não meter a mão em cumbuca. Não dar passo maior que as pernas. Não amarrar cachorro com lingüiça.
Porque mineiro não prega prego sem estopa. Mineiro não dá ponto sem nó. Mineiro não perde trem.
Mas compra bonde.
Compra. E vende pra paulista.
Evém mineiro. Ele não olha: espia. Não presta atenção: vigia só. Não conversa: confabula. Não combina: conspira. Não se vinga: espera. Faz parte do decálogo, que alguém já elaborou. E não enlouquece: piora. Ou declara, conforme manda a delicadeza. No mais, é confiar desconfiando. Dois é bom, três é comício. Devagar que eu tenho pressa.
Apólogo mineiro: o boi velho e o boi jovem, no alto do morro — lá embaixo uma porção de vacas pastando. O boizinho, incontido:
— Vamos descer correndo, correndo e pegar umas dez?
E o boizão, tranqüilamente:
— Não: vamos descer devagar, e pegar todas.
Mais vale um pássaro na mão. A Academia Mineira, há tempos, pagava um jeton ridículo: duzentos cruzeiros — antigos, é lógico. Um dos imortais, indignado, discursava o seu protesto:
— Precisamos dar um jeito nisso! Duzentos cruzeiros é uma vergonha! Ou quinhentos cruzeiros, ou nada!
Ao que um colega prudentemente aparteou:
— Pera lá: ou quinhentos cruzeiros, ou duzentos mesmo.
Quem nasce em Três Corações é tricordiano — haja vista Pelé. Quem nasce em Barbacena tem de escolher a Maternidade: ou é do Zezinho ou do Bias. E a Manchester Mineira, terra do Murilo Mendes? O poeta Nava foi-se embora: "parabéns a Pedro Nava, parabéns a Juiz de Fora". Itabira, calçada de ferro: não aceitou chamar-se Presidente Vargas, continuou digna do itabirano Carlos. E Ouro Preto continua digna de ser vista: ali é a casa do Rodrigo; Renato de Lima, ex-delegado e pianista amador, pintando junto à Casa dos Contos. Afonso é de Paracatu. Em Sabará nasceram Lúcia e Aníbal, além de outros ilustres Machados. Alphonsus, o solitário de Mariana. Os profetas de Congonhas. A cidade de Tiradentes — o que não tinha barbas. O Aleijadinho não tinha mãos. São João del Rei, onde nasceu Otto, o que morrerá batendo papo. Solidário só no câncer? Absolutamente, dona: nas virtudes também, uai. Haja vista a Tradicional Família Mineira, que Deus a tenha. As estações de águas: lembrança de São Lourenço, escrito num copinho. E Lambari, terra de Henriqueta! Monte Santo tem a rua mais iluminada do mundo. E uma ambulância com sirene, que seu filho Castejon arranjou. Itaúna fica num quarto andar do Leblon, no apartamento de Marco Aurélio, o bom. Jeremias, outro bom, mineiro como Ziraldo. Os bonecos de Borjalo só ganharam boca depois que começaram a falar. Mineiro por todo lado! O poeta Pellegrino, como psiquiatra, tem garantida uma numerosa clientela. Amílcar modela Minas em arame. Paulo encontrou Minas depois que saiu de lá. João Leite levou-a para São Paulo, Alphonsus para Brasília, Guilhermino para o Sul. João Camilo ficou. Etiene voltou. Paulo Lima voltou. Iglezias voltou. Jaques voltou.Figueiró continua, Rubião recomeçou.
Um Estado de nariz imenso, um estado de espírito: um jeito de ser. Manhoso, ladino, cauteloso, desconfiado — prudência e capitalização.
O guarda-chuva da proteção financeira, não como lema do Banco do Magalhães mais o Zé Luís, e sim como regra de conduta:
— Meu filho, ouça bem o seu pai: se sair à rua, leve o guarda-chuva, mas não leve dinheiro. Se levar, não entre em lugar nenhum. Se entrar, não faça despesas. Se fizer, não puxe a carteira. Se puxar, não pague. Se pagar, pague somente a sua.
Mas todos os princípios se desmoronam diante de um lombo de porco com rodelas de limão, tutu de feijão com torresmos, lingüiça frita com farofa. De sobremesa, goiabada cascão com queijo palmira. Depois, cafezinho requentado com requeijão. Aceita um pão de queijo? biscoito polvilho? brevidade? ou quem sabe uma broinha de fubá? Não, dona, obrigado. As quitandas me apertencem, mas prefiro bolinho de januária, e pronto: estou sastifeito...
É a hora e a vez de Guimarães Rosa sorrir e dizer pra cumpadre meu Quelemén: perigoso nada, mira e veja, nas Gerais, essas coisas...
Falar de Minas, trem danado, sô. É falar no mundo misterioso de Lúcio Cardoso, Cornélio Pena ou Rosário Fusco, no mundo irônico, esquivo ou pitoresco de Cyro dos Anjos, Oswaldo Alves, Mário Palmério, seus romancistas. E num mundo de gente, seus personagens, que vão de Antônio Carlos a Milton Campos, de Bernardes a Juscelino — vasto mundo! ah, se eu me chamasse Raimundo. Dentro de mim uma corrente de nomes e evocações antigas, fluindo como o Rio das Velhas no seu leito de pedras, entre cidades imemoriais. Leopoldina, doce de manga, terra de meus pais... Prefiro estancá-las no tempo, a exaurir-me em impressões arrancadas aos pedaços, e que aos poucos descobririam o que resta de precioso em mim — o mistério da minha terra, desafiando-me como a esfinge com o seu enigma: decifra-me , ou devoro-te.
Prefiro ser devorado.
Texto extraído do livro "A Inglesa Deslumbrada", Editora Record - Rio de Janeiro, 1967, pág. 71. Com esse texto, sugerido pela amiga Cláudia, homenageamos o autor na passagem dos seus 80 anos de vida.
bem né...naum conheciso bem cronicas,mas consegui na net
Thanks to it net
CONSEGUI ESTA SERVE:
Depois dos trinta, contemplar o futuro distante passa a ser mais freqüente. Eu e minhas amigas batemos longos papos a respeito, tentando alcançar uma idéia de onde e como estaremos em 2040, por exemplo. Lá seremos senhoras, algumas beirando os setenta anos de idade; outras já bem mais além.
Cada uma de nós tem uma visão sobre as velhinhas que seremos, evitando com empenho (e ginástica, alimentação saudável etc, planos que nem sempre conseguimos seguir) a possibilidade de não estarmos auto-suficientes nessa época que chegará.
Pensar na velhice não é tão aquém da rotina daqueles que já passaram dos trinta. Muitos buscam cuidar com mais afinco da saúde, “pra ser um velhinho saudável”. Então, nossas mães questionam como será esse ‘o que virá’ já que ainda não temos casa própria, um emprego daqueles que mãe sonha para suas crias e, claro, filhos. Não sobrinhos, filhos dos amigos... Nossos próprios filhos... Quem nos cuide quando voltarmos à infância.
Mas o que mais desejamos, não só eu e minhas amigas, mas creio que a maioria de nós, é ter alguém como aquele casal de velhinhos com o qual todos já cruzamos na rua; que apesar do tempo e, certamente, das discordâncias, das brigas calientes, tudo o que um relacionamento duradouro pode acarretar, conseguiram manter o carinho e o respeito. Conseguiram um equilíbrio que não sufoca o amor, não viola a amizade, não agride a cumplicidade.
Não somos românticas vendadas, meu caros. Na verdade, nossas almas receptivas e olhos abertos nos convencem de que prós e contras fazem parte da história de qualquer pessoa. Ninguém é perfeito. E amém!
Uma canção de Ceumar e Mathilda Kóvak pede: “Dai-me a graça/De viajar de graça/Por essa esfera afora/De virar uma linda senhora”... É isso! Queremos nos tornar lindas senhoras, afáveis e um pouco loucas, pois a loucura é um ótimo ingrediente para as ousadias que, nascidas na maioridade dos desejos, podem nos levar às mais intensas experiências.
O glorioso inventor da ansiedade, Alexander Graham Bell (1847-1922), deve se arrepender até hoje da sua patente telefônica. (Como Santos Dumont, dândi brasileiro em Paris, que maldisse do seu próprio brinquedo ao vê-lo nos céus da guerra).
Nestes tempos em que celular virou brinco, eternamente colado às "oiças" de madames, de moçoilas, de executivos e de modernos em geral, uma reflexão recente de dona Maria do Socorro, brava sertaneja, mãe deste que vos berra, vem como pílula mais do que apropriada: "Conheci teu pai, namorei, casei, engravidei de todos vocês, criei minha família, cuidei de tudo direitinho, graças a Deus não morreu nenhum... E nunca precisei dar ou receber um telefonema, nem unzinho mesmo!".
Mulher do sertão, que só pegou em um telefone depois dos 50 anos, anda revoltada com parentes e amigas que vivem grudados ao celular. "Tá todo mundo de pescoço torto, cabeça decaída para um lado, parecendo frei Damião, por causa dessa moda nova. Ora, voltem a pôr as cadeiras nas calçadas, na frente das casas, e vão conversar sem o diacho desses aparelhos."
A máxima aceleração de ansiedade à qual dona Socorro submeteu os seus batimentos cardíacos foram os berros do carteiro.
A lamúria da falta do telefonema do dia seguinte, protesto do novo código do bom-tom das moças, também é situação nunca dantes vivida. Sem a invenção do velho Graham Bell, o dia seguinte nascia sob aurora mais sossegada.
Antigamente, tudo dependia mesmo da dramaturgia do encontro. A onipresença amorosa e/ou comercial instaurada com o celular não era coisa deste mundo. Uma carta, no máximo, poderia ser uma estratégia, garrafa atirada ao mar de tantas Penélopes.
Um recado pelo rádio também valia, mas para casos de sumiços de verdade -cheguei a ser sub do sub-redator de programa do gênero, comandado pelo locutor Gevan Siqueira, na rádio Vale do Cariri, em Juazeiro, com recados amorosos e novelinhas à moda de "Tia Júlia e o Escrevinhador", de Vargas Llosa.
Deixemos de ser plantonistas do mundo. No amor, assim como nos negócios, não somos tão importantes a ponto de alimentar essa onipresença digital. Casanova amou centenas de mulheres sem precisar de um telefonema sequer.
No mundo dos negócios, muita gente também fez fortuna sem telefone, acreditando apenas no olho do dono como engorda caixa da bodega.
Quer jogar conversa fora, faça como a velha recomendação de um Jeca Tatu: "Mate uma galinha gorda no domingo e me convide para comer".
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BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Direto do País da Piada Pronta! E o Cirque du Soleil? O espetáculo se chama 'Alegría'! Ingresso: R$ 560. Família de quatro pessoas: R$ 2.240. E se a sogra pedir pra ir? Tem que fazer empréstimo bancário. Que alegria! Rarará!
E temos três manchetes piadas prontas: 'Dirigentes da Anac recebem condecoração por serviços prestados à Aeronáutica'; 'Médico francês descobre homem com cérebro oco' e 'Pan vive dia de pancadaria'. E eu sei a condecoração da Anac: MERDALHA DE OURO!
E não são serviços prestados. São serviços imprestáveis. Anac recebe merdalha de ouro por serviços imprestáveis!
Anac quer dizer Aviões Não Aterrissam em Congonhas. Anac quer dizer Aqui Não Aceitamos Competentes. E quem tem um ministro da defesa como o nosso não precisa de guerra!
E médico francês descobre homem com cérebro oco. E o que o Lula foi fazer na França?! Rarará!
E aí mistura as duas manchetes, e ficamos assim: Anac recebe condecoração por cérebro oco! ANARC!
E a zona aérea continua! As companhias aéreas estão lançando uma nova classe: CLASSE RENAN, aquela em que o passageiro consegue uma poltrona e não levanta nem pra ir ao banheiro!
E o chargista Frank mostra que o Lula subiu ao pódio do Pan: ouro em caos aéreo, ouro em vaia, ouro em discurso repetido e ouro em assessor aloprado!
E o PAN vive dia de PANcadaria! O Pan comeu na casa da Noca! Ouro em soco e ouro em vaia.
Modalidade segurança de discoteca. Esse é o espírito do panamericanismo: quando não ganha no grito, ganha no braço!
PANCADA 2007!
É mole? É mole, mas sobe! Ou, como diz aquele outro: é mole, mas chacoalha pra ver o que acontece! Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heróica e mesopotâmica campanha 'Morte ao Tucanês'.
Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Belo Horizonte tem uma empresa que se chama Madeireira Principau!
O principal sempre é o principau! Mais direto, impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. 'Pancadaria': modalidade esportiva mais concorrida do Pan! O lulês é mais fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Filosofia
por David Coimbra
Um outro alemão que não o bom e velho sapateiro Walter, mas o bom e velho Hegel, definiria a situação brasileira como uma questão dialética. Uma fórmula simples:
Tese: o país passou décadas sob o tacão do autoritarismo.
Antítese: a reação da sociedade foi atirar-se para o outro extremo, o da supressão de tudo o que sugere mando.
Síntese: o brasileiro entenderá que o estado democrático só existe se se preservar a autoridade dos agentes da democracia.
Hegel diria que o busílis se resolveria assim. O sapateiro Walter também - tratava-se de um otimista. Já eu, não sei se dispomos de força e filosofia suficientes para tanto. Até porque, Caetano foi quem disse, filosofia é bem coisa de alemão.
Minas Enigma
Fernando Sabino
Minas além do som, Minas Gerais
(Carlos Drummond de Andrade)
Se sou mineiro? Bem, é conforme, dona. (Sei lá por que ela está perguntando?) Sou de Belzonte, uai.
Tudo é conforme. Basta nascer em Minas para ser mineiro? Que diabo é ser mineiro, afinal? Inglês misturado com oriental? É fumar cigarro de palha, como o poeta Emílio, de Dores do Indaiá? Autran fuma cachimbo. Tem até quem fume cigarro americano. (No bairro do Calafate havia uma fábrica de "Camel".) Em suma: ser mineiro é esperar pela cor da fumaça. É dormir no chão para não cair da cama. É plantar verde pra colher maduro. É não meter a mão em cumbuca. Não dar passo maior que as pernas. Não amarrar cachorro com lingüiça.
Porque mineiro não prega prego sem estopa. Mineiro não dá ponto sem nó. Mineiro não perde trem.
Mas compra bonde.
Compra. E vende pra paulista.
Evém mineiro. Ele não olha: espia. Não presta atenção: vigia só. Não conversa: confabula. Não combina: conspira. Não se vinga: espera. Faz parte do decálogo, que alguém já elaborou. E não enlouquece: piora. Ou declara, conforme manda a delicadeza. No mais, é confiar desconfiando. Dois é bom, três é comício. Devagar que eu tenho pressa.
Apólogo mineiro: o boi velho e o boi jovem, no alto do morro — lá embaixo uma porção de vacas pastando. O boizinho, incontido:
— Vamos descer correndo, correndo e pegar umas dez?
E o boizão, tranqüilamente:
— Não: vamos descer devagar, e pegar todas.
Mais vale um pássaro na mão. A Academia Mineira, há tempos, pagava um jeton ridículo: duzentos cruzeiros — antigos, é lógico. Um dos imortais, indignado, discursava o seu protesto:
— Precisamos dar um jeito nisso! Duzentos cruzeiros é uma vergonha! Ou quinhentos cruzeiros, ou nada!
Ao que um colega prudentemente aparteou:
— Pera lá: ou quinhentos cruzeiros, ou duzentos mesmo.
Quem nasce em Três Corações é tricordiano — haja vista Pelé. Quem nasce em Barbacena tem de escolher a Maternidade: ou é do Zezinho ou do Bias. E a Manchester Mineira, terra do Murilo Mendes? O poeta Nava foi-se embora: "parabéns a Pedro Nava, parabéns a Juiz de Fora". Itabira, calçada de ferro: não aceitou chamar-se Presidente Vargas, continuou digna do itabirano Carlos. E Ouro Preto continua digna de ser vista: ali é a casa do Rodrigo; Renato de Lima, ex-delegado e pianista amador, pintando junto à Casa dos Contos. Afonso é de Paracatu. Em Sabará nasceram Lúcia e Aníbal, além de outros ilustres Machados. Alphonsus, o solitário de Mariana. Os profetas de Congonhas. A cidade de Tiradentes — o que não tinha barbas. O Aleijadinho não tinha mãos. São João del Rei, onde nasceu Otto, o que morrerá batendo papo. Solidário só no câncer? Absolutamente, dona: nas virtudes também, uai. Haja vista a Tradicional Família Mineira, que Deus a tenha. As estações de águas: lembrança de São Lourenço, escrito num copinho. E Lambari, terra de Henriqueta! Monte Santo tem a rua mais iluminada do mundo. E uma ambulância com sirene, que seu filho Castejon arranjou. Itaúna fica num quarto andar do Leblon, no apartamento de Marco Aurélio, o bom. Jeremias, outro bom, mineiro como Ziraldo. Os bonecos de Borjalo só ganharam boca depois que começaram a falar. Mineiro por todo lado! O poeta Pellegrino, como psiquiatra, tem garantida uma numerosa clientela. Amílcar modela Minas em arame. Paulo encontrou Minas depois que saiu de lá. João Leite levou-a para São Paulo, Alphonsus para Brasília, Guilhermino para o Sul. João Camilo ficou. Etiene voltou. Paulo Lima voltou. Iglezias voltou. Jaques voltou.Figueiró continua, Rubião recomeçou.
Um Estado de nariz imenso, um estado de espírito: um jeito de ser. Manhoso, ladino, cauteloso, desconfiado — prudência e capitalização.
O guarda-chuva da proteção financeira, não como lema do Banco do Magalhães mais o Zé Luís, e sim como regra de conduta:
— Meu filho, ouça bem o seu pai: se sair à rua, leve o guarda-chuva, mas não leve dinheiro. Se levar, não entre em lugar nenhum. Se entrar, não faça despesas. Se fizer, não puxe a carteira. Se puxar, não pague. Se pagar, pague somente a sua.
Mas todos os princípios se desmoronam diante de um lombo de porco com rodelas de limão, tutu de feijão com torresmos, lingüiça frita com farofa. De sobremesa, goiabada cascão com queijo palmira. Depois, cafezinho requentado com requeijão. Aceita um pão de queijo? biscoito polvilho? brevidade? ou quem sabe uma broinha de fubá? Não, dona, obrigado. As quitandas me apertencem, mas prefiro bolinho de januária, e pronto: estou sastifeito...
É a hora e a vez de Guimarães Rosa sorrir e dizer pra cumpadre meu Quelemén: perigoso nada, mira e veja, nas Gerais, essas coisas...
Falar de Minas, trem danado, sô. É falar no mundo misterioso de Lúcio Cardoso, Cornélio Pena ou Rosário Fusco, no mundo irônico, esquivo ou pitoresco de Cyro dos Anjos, Oswaldo Alves, Mário Palmério, seus romancistas. E num mundo de gente, seus personagens, que vão de Antônio Carlos a Milton Campos, de Bernardes a Juscelino — vasto mundo! ah, se eu me chamasse Raimundo. Dentro de mim uma corrente de nomes e evocações antigas, fluindo como o Rio das Velhas no seu leito de pedras, entre cidades imemoriais. Leopoldina, doce de manga, terra de meus pais... Prefiro estancá-las no tempo, a exaurir-me em impressões arrancadas aos pedaços, e que aos poucos descobririam o que resta de precioso em mim — o mistério da minha terra, desafiando-me como a esfinge com o seu enigma: decifra-me , ou devoro-te.
Prefiro ser devorado.
Texto extraído do livro "A Inglesa Deslumbrada", Editora Record - Rio de Janeiro, 1967, pág. 71. Com esse texto, sugerido pela amiga Cláudia, homenageamos o autor na passagem dos seus 80 anos de vida.
bem né...naum conheciso bem cronicas,mas consegui na net
Thanks to it net
CONSEGUI ESTA SERVE:
Depois dos trinta, contemplar o futuro distante passa a ser mais freqüente. Eu e minhas amigas batemos longos papos a respeito, tentando alcançar uma idéia de onde e como estaremos em 2040, por exemplo. Lá seremos senhoras, algumas beirando os setenta anos de idade; outras já bem mais além.
Cada uma de nós tem uma visão sobre as velhinhas que seremos, evitando com empenho (e ginástica, alimentação saudável etc, planos que nem sempre conseguimos seguir) a possibilidade de não estarmos auto-suficientes nessa época que chegará.
Pensar na velhice não é tão aquém da rotina daqueles que já passaram dos trinta. Muitos buscam cuidar com mais afinco da saúde, “pra ser um velhinho saudável”. Então, nossas mães questionam como será esse ‘o que virá’ já que ainda não temos casa própria, um emprego daqueles que mãe sonha para suas crias e, claro, filhos. Não sobrinhos, filhos dos amigos... Nossos próprios filhos... Quem nos cuide quando voltarmos à infância.
Mas o que mais desejamos, não só eu e minhas amigas, mas creio que a maioria de nós, é ter alguém como aquele casal de velhinhos com o qual todos já cruzamos na rua; que apesar do tempo e, certamente, das discordâncias, das brigas calientes, tudo o que um relacionamento duradouro pode acarretar, conseguiram manter o carinho e o respeito. Conseguiram um equilíbrio que não sufoca o amor, não viola a amizade, não agride a cumplicidade.
Não somos românticas vendadas, meu caros. Na verdade, nossas almas receptivas e olhos abertos nos convencem de que prós e contras fazem parte da história de qualquer pessoa. Ninguém é perfeito. E amém!
Uma canção de Ceumar e Mathilda Kóvak pede: “Dai-me a graça/De viajar de graça/Por essa esfera afora/De virar uma linda senhora”... É isso! Queremos nos tornar lindas senhoras, afáveis e um pouco loucas, pois a loucura é um ótimo ingrediente para as ousadias que, nascidas na maioridade dos desejos, podem nos levar às mais intensas experiências.
Ainda que em 2040.
SE NAUM AJUDA VAI NESTES:
1: http://209.85.165.104/search?q=cache:9-A...
2: http://209.85.165.104/search?q=cache:lZt...
3: http://209.85.165.104/search?q=cache:-J6...
4: http://209.85.165.104/search?q=cache:mUp...
5 se naum ajudar baixe os livros de Luiz Fernando Veríssimo
www.4shared.com.br
6 se nenhuma ajudar vai no google e procura cronicas....se oder piadas é mais facil vai nas de Joaozinho...
ESPERO Q TENHA AJUDADO
Troque o celular por uma galinha gorda
Xico Sá
O glorioso inventor da ansiedade, Alexander Graham Bell (1847-1922), deve se arrepender até hoje da sua patente telefônica. (Como Santos Dumont, dândi brasileiro em Paris, que maldisse do seu próprio brinquedo ao vê-lo nos céus da guerra).
Nestes tempos em que celular virou brinco, eternamente colado às "oiças" de madames, de moçoilas, de executivos e de modernos em geral, uma reflexão recente de dona Maria do Socorro, brava sertaneja, mãe deste que vos berra, vem como pílula mais do que apropriada: "Conheci teu pai, namorei, casei, engravidei de todos vocês, criei minha família, cuidei de tudo direitinho, graças a Deus não morreu nenhum... E nunca precisei dar ou receber um telefonema, nem unzinho mesmo!".
Mulher do sertão, que só pegou em um telefone depois dos 50 anos, anda revoltada com parentes e amigas que vivem grudados ao celular. "Tá todo mundo de pescoço torto, cabeça decaída para um lado, parecendo frei Damião, por causa dessa moda nova. Ora, voltem a pôr as cadeiras nas calçadas, na frente das casas, e vão conversar sem o diacho desses aparelhos."
A máxima aceleração de ansiedade à qual dona Socorro submeteu os seus batimentos cardíacos foram os berros do carteiro.
A lamúria da falta do telefonema do dia seguinte, protesto do novo código do bom-tom das moças, também é situação nunca dantes vivida. Sem a invenção do velho Graham Bell, o dia seguinte nascia sob aurora mais sossegada.
Antigamente, tudo dependia mesmo da dramaturgia do encontro. A onipresença amorosa e/ou comercial instaurada com o celular não era coisa deste mundo. Uma carta, no máximo, poderia ser uma estratégia, garrafa atirada ao mar de tantas Penélopes.
Um recado pelo rádio também valia, mas para casos de sumiços de verdade -cheguei a ser sub do sub-redator de programa do gênero, comandado pelo locutor Gevan Siqueira, na rádio Vale do Cariri, em Juazeiro, com recados amorosos e novelinhas à moda de "Tia Júlia e o Escrevinhador", de Vargas Llosa.
Deixemos de ser plantonistas do mundo. No amor, assim como nos negócios, não somos tão importantes a ponto de alimentar essa onipresença digital. Casanova amou centenas de mulheres sem precisar de um telefonema sequer.
No mundo dos negócios, muita gente também fez fortuna sem telefone, acreditando apenas no olho do dono como engorda caixa da bodega.
Quer jogar conversa fora, faça como a velha recomendação de um Jeca Tatu: "Mate uma galinha gorda no domingo e me convide para comer".