Me ajudem neste texto ?

A Jesus Cristo Nosso Senhor

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Porque quanto mais tenho delinqüido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que voa há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada

Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na sacra história,

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

A que tipo de texto se assemelha o poema ?

lirica amorosa , relegiosa ou filosófica ?

Comments

  • Este texto é de Gregório de Matos, é um poema religioso.

    ______________________________

    Poesia Religiosa

    A oscilação da alma barroca entre o mundo terreno e a perspectiva da salvação eterna aguça-se em Gregório de Matos Guerra. Até meados do século XVIII, nenhum homem de letras pode fugir a uma educação contra-reformista, pois os jesuítas controlam todo o sistema de ensino. Desta forma, ilustrar-se só será possível dentro dos preceitos da Companhia de Jesus, o que acontece com o futuro poeta.

    Por outro lado, Gregório é filho de senhores de engenho, quer dizer, dos verdadeiros senhores da terra, dos que possuem todos os direitos, inclusive o de vida e morte e que, por isso, podem exercer o estupro ou o simples domínio sexual sobre índias e escravas. Estão presentes nele, portanto, os elementos contraditórios da época: a licenciosidade moral e a posterior consciência da infâmia, seguida do arrependimento.

    Na maior parte de seus poemas religiosos, o poeta se ajoelha diante de Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Trata-se de uma imagem constante: o homem ajoelhado, implorando perdão por seus erros, conforme podemos verificar no primeiro quarteto do soneto Buscando a Cristo:

    A vós correndo vou, braços sagrados,

    Nessa cruz sacrossanta descobertos,

    Que, para receber-me, estais abertos,

    E, por não castigar-me, estais cravados.

    O exemplo mais conhecido de sua literatura sacra é o soneto A Jesus Cristo Nosso Senhor. Numa curiosa dialética, o poeta apela para a infinita capacidade de Cristo em redimir os piores pecadores, alegando que a ausência de perdão representaria o fim da glória divina. Trata-se, pois, de um poema simultaneamente contrito e desafiador, humilde e presunçoso.

    Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

    Da vossa alta clemência me despido;

    Porque quanto mais tenho delinqüido,

    Vos tenho a perdoar mais empenhado.

    Se basta a vos irar tanto pecado,

    A abrandar-vos sobeja* um só gemido:

    Que a mesma culpa que vos há ofendido,

    Vos tem para o perdão lisonjeado.

    Se uma ovelha perdida e já cobrada

    Glória tal e prazer tão repentino

    Vos deu, como afirmais na sacra história,

    Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

    Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,

    Perder na vossa ovelha a vossa glória.

  • religiosa...

Sign In or Register to comment.