Em filosofia, a análise é um método utilizado ao menos desde os tempos de Platão e Aristóteles. O método tornou-se característico da filosofia analítica, entre o final do século XIX e o início do século XX.
Antigüidade
Em Platão a análise é motivada pelo seu realismo, segundo o qual as coisas são tal qual se apresentam ao intelecto, e não tal qual se apresentam aos sentidos. Assim, para se compreender a realidade que se apresenta aos órgãos dos sentidos é preciso decompô-la.
Filosofia analítica
Os filósofos analíticos viram a análise lingüística e conceitual como um modo de chegar à compreensão sobre temas vistos tradicionalmente como problemas na filosofia. Alguns, pioneiros, como Frege, buscaram uma linguagem científica à qual a linguagem ordinária pudesse ser reduzida. Outros, posteriores, como John L. Austin, viram a linguagem ordinária como o ponto de partida inevitável para o esclarecimento através da análise.
No início, a filosofia analítica propos-se a analisar conceitos para resolver problemas filosóficos. A análise conceitual apresentou-se, para autores como Frege, Russell (durante algum tempo) e Wittgenstein (idem), como a tarefa de traduzir frases da linguagem ordinária para uma linguagem científica, livre de ambigüidades, tal como a conceitografia de Frege.
A tradução de frases da linguagem ordinária é uma maneira de se reduzir as frases da mesma às frases da linguagem científica. Tal redução se dá pela decomposição do discurso ordinário aos seus elementos lógicos, os quais são distintos dos seus elementos gramaticais.
No atomismo lógico, a tarefa de decompor o discurso ordinário, através de uma linguagem científica, levou à busca dos elementos últimos da lógica, os quais seriam igualmente (isomorfismo) os elementos últimos da realidade.
O paradoxo da análise
Se a análise não acrescenta nada ao analisado, isto é, se ela apenas decompõe o analisado, qual pode ser seu valor? C.H. Lanford formula o paradoxo da análise da seguinte maneira:
"Se a expressão verbal representando o analysandum [aquilo que está sendo analisado] tem o mesmo significado que a expressão verbal representando o analysans [o resultado da análise], [então] a análise estabelece uma simples identidade e é trivial; mas se as duas expressões verbais não tem o mesmo significado, a análise é incorreta." (Citação em Paul Arthur Schilpp, organizador, The Philosophy of G.E. Moore, La Salle, Open Court, 1968, apud Danilo Marcondes, Filosofia Analítica, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2004, páginas 16-17)
A resposta ao paradoxo é que a análise não deve trazer alteração no objeto analisado, embora deva levar a alguma alteração no sujeito, pois a análise o leva a compreender melhor o que antes lhe parecia mais obscuro e confuso. Assim, analisar é buscar esclarecimento.
Não encontrei uma definição para añálise filosófica, mas encontrei uma análise filosófica do filme "Tropa de Elite". Se você ler, encontrará base para seu trabalho.
Boa sorte.
ANÃLISE FILOSÃFICA SOBRE O FILME “TROPA DE ELITE”
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Em filosofia, a análise é um método utilizado ao menos desde os tempos de Platão e Aristóteles. O método tornou-se característico da filosofia analítica, entre o final do século XIX e o início do século XX.
Antigüidade
Em Platão a análise é motivada pelo seu realismo, segundo o qual as coisas são tal qual se apresentam ao intelecto, e não tal qual se apresentam aos sentidos. Assim, para se compreender a realidade que se apresenta aos órgãos dos sentidos é preciso decompô-la.
Filosofia analítica
Os filósofos analíticos viram a análise lingüística e conceitual como um modo de chegar à compreensão sobre temas vistos tradicionalmente como problemas na filosofia. Alguns, pioneiros, como Frege, buscaram uma linguagem científica à qual a linguagem ordinária pudesse ser reduzida. Outros, posteriores, como John L. Austin, viram a linguagem ordinária como o ponto de partida inevitável para o esclarecimento através da análise.
No início, a filosofia analítica propos-se a analisar conceitos para resolver problemas filosóficos. A análise conceitual apresentou-se, para autores como Frege, Russell (durante algum tempo) e Wittgenstein (idem), como a tarefa de traduzir frases da linguagem ordinária para uma linguagem científica, livre de ambigüidades, tal como a conceitografia de Frege.
A tradução de frases da linguagem ordinária é uma maneira de se reduzir as frases da mesma às frases da linguagem científica. Tal redução se dá pela decomposição do discurso ordinário aos seus elementos lógicos, os quais são distintos dos seus elementos gramaticais.
No atomismo lógico, a tarefa de decompor o discurso ordinário, através de uma linguagem científica, levou à busca dos elementos últimos da lógica, os quais seriam igualmente (isomorfismo) os elementos últimos da realidade.
O paradoxo da análise
Se a análise não acrescenta nada ao analisado, isto é, se ela apenas decompõe o analisado, qual pode ser seu valor? C.H. Lanford formula o paradoxo da análise da seguinte maneira:
"Se a expressão verbal representando o analysandum [aquilo que está sendo analisado] tem o mesmo significado que a expressão verbal representando o analysans [o resultado da análise], [então] a análise estabelece uma simples identidade e é trivial; mas se as duas expressões verbais não tem o mesmo significado, a análise é incorreta." (Citação em Paul Arthur Schilpp, organizador, The Philosophy of G.E. Moore, La Salle, Open Court, 1968, apud Danilo Marcondes, Filosofia Analítica, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2004, páginas 16-17)
A resposta ao paradoxo é que a análise não deve trazer alteração no objeto analisado, embora deva levar a alguma alteração no sujeito, pois a análise o leva a compreender melhor o que antes lhe parecia mais obscuro e confuso. Assim, analisar é buscar esclarecimento.
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_(filosof...
Isabela,
Não encontrei uma definição para añálise filosófica, mas encontrei uma análise filosófica do filme "Tropa de Elite". Se você ler, encontrará base para seu trabalho.
Boa sorte.
ANÃLISE FILOSÃFICA SOBRE O FILME “TROPA DE ELITE”
Direção: José Padilha – 118 minutos – 2007
Prof. Luciano Nogueira
Muito já foi falado sobre o filme “TROPA DE ELITE”. Para alguns, tudo já foi falado, como li em algum lugar
na Internet. Não concordo com isso. Não me deparei, até agora, com reflexão que o analisasse da perspectiva da
Filosofia. A contribuição que pretendo é justamente essa.
Seu diretor pensou o filme a partir de uma determinada escola filosófica histórica e deixou explicitada, na
trama, essa opção. Explicitada para quem souber “lê-lo” a partir dessa óptica.
PARA A IDENTIFICAÃÃO DO LEITOR DESTE TEXTO
Num rápido exercÃcio para identificar a matriz teórica utilizada pelo leitor para compreender a realidade, uma
pergunta simples: quem é a personagem principal do filme? A maioria responderá que é o Capitão Nascimento. Se
o leitor faz parte dessa maioria, certamente, tem formação positivista, da escola filosófica POSITIVISMO, cujo expoente
maior é Augusto Comte (1798-1857). Essa escola, em linhas muito gerais, defende que aprender História, por
exemplo, é identificar seus “vultos” e o que eles realizaram – individualmente, pessoalmente – de bom ou ruim para
a sociedade de sua época. A História, para essa escola filosófica, resume-se a “fatos e fotos”. Inclusive, eventos
ocorridos em conseqüência da ação de muita gente são creditados à personagem em questão como se ela, sozinha,
através de ação pessoal, individual, tivesse conseguido empreender tal façanha. “Quem ‘descobriu’ o Brasil?”
Para quem tem formação positivista, o filme resume-se no fato de a personagem Capitão Nascimento estar
querendo escolher um substituto para o “seu” posto de comandante de grupamento no tal do BOPE. Toda a trama é
recheada com o COTIDIANO perverso (o lado mal) da cidade do Rio de Janeiro: corrupção generalizada, descaso
dos polÃticos, violência, tráfico de drogas, sucateamento da infra-estrutura e da logÃstica policiais, péssimas condições
de vida dos moradores das favelas, etc.
Essa visão do filme é UMA visão possÃvel. Justamente a visão positivista: focada numa personagem que faz
e desfaz tudo sozinha e alcança (ou não) seus objetivos. E por que a maioria enxerga somente isso no filme? Porque
só estudou pela metodologia positivista.
OUTRO OLHAR
A matriz teórica utilizada para compor o roteiro do filme, foi a matriz ESTRUTURALISTA, bem diferente da
matriz positivista. Figuram como expoentes da escola filosófica ESTRUTURALISMO, nomes como o do antropólogo/
etnólogo Claude Lévy-Strauss (1908- ) e do sociólogo Michel Foucault (1926-1984). Para entendermos o que é o
ESTRUTURALISMO, precisamos entender, antes, o conceito de ESTRUTURA: “unidade que se caracteriza pela
primazia do ‘todo’ sobre suas ‘partes’. No ESTRUTURALISMO, os fenômenos não são somas de elementos, mas
conjuntos tais, que o elemento não preexiste ao conjunto”1, ou seja, ao analisar algo por essa escola filosófica devese
levar em conta, sempre, O TODO e não sua parte.
Na escola filosófica do Estruturalismo estudam-se “as relações recÃprocas entre um conjunto de fatos e não
de fatos particulares examinados isoladamente.”2
A ABORDAGEM ESTRUTURALISTA foca o estudo do PROCESSO em que a situação está se desenvolvendo
em detrimento de uma possÃvel conclusão do caso, ou seja, não importam as conclusões tiradas do estudo sobre
um determinado objeto. Na verdade, o que importa para o ESTRUTURALISMO é a formação de uma CONSCIÃNCIA
SOBRE O PROCESSO desenvolvido para se estudar o objeto em questão.
Comumente, o ESTRUTURALISMO, como Método de Pesquisa, promove o chamado ESTUDO DE CASO.
Isola uma situação num determinado local e tenta focar sua análise no processo de formação de uma compreensão
sobre essa situação. Não importa, repito, a conclusão do caso em si e, sim, de que maneira essa conclusão foi
concebida, quais os caminhos percorridos pelo intelecto para se chegar a ela.
O roteiro do filme isola o fato de que é necessário conseguir um substituto à altura para o Capitão Nascimento
dentro da feroz realidade das favelas cariocas e demonstra (analisa) o processo de transformação do caráter do
“aspira” Matias. Que tipo de comandante ele será (conclusão) não tem importância alguma. Tanto que o filme termina
antes de demonstrar isso. O que importa, na verdade, é como seu caráter foi moldado, portanto, o PROCESSO.
Atualmente, é evidente a tendência geral em criar narrativas em moldes estruturalistas. Nas universidades,
intelectuais procuram defender teses “multirreferenciais”, ou seja, não produzem estudos a partir de uma única
matriz teórica, mas várias. O diretor Jean-Jacques Arnnaud fez esse jogo no filme O NOME DA ROSA. Séries de TV
como HOUSE e LOST possuem narrativas e tramas estruturalistas. No programa BIG BROTHER, a atençã