Será que é viável uma política Keynesiana numa economia cada vez mais globalizada?

A base da doutrina Keynesiana, passa pelo papel fundamental do Estado, como impulsionador do desenvolvimento e como interventor e regulador das relações económicas. Entre outros mecanismos, através da despesa pública incentivava o investimento e com isso o consumo, e através da taxa de juro e da massa monetária controlava os processos inflacionistas.

Claro, que numa "economia fechada" as medidas produziam efeito dentro da própria economia e seria possível alcançar os objetivos pretendidos.

Será que hoje numa economia globalizada, onde as pessoas, mercadorias e capitais tendem a circular livremente sem barreiras, os mecanismos controladores da doutrina Keynesiana ainda podem ser aplicados e alcançar os mesmos resultados?

Update:

Que bom voltar a encontrar a coerência do Barbosa e da Dimex!!!

A minha questão prende-se com a questão de a teoria Keynesiana só atuar numa economia fechada. Senão, quando incentivamos o consumo como forma de incentivar a oferta, podemos estar a fomentar as importações e a beneficiar a economia que exporta! E o cenário da globalização, faz com que uma medida positiva de um Governo se "perca" no contexto mundial, beneficiando qualquer outro que não fez nada para isso!

Reparem que o Keynesianismo só vingou em certas épocas de recessão e de limitações de circulação. A não ser num espaço económico alargado ( U:E) mas devidamente consertado na sua política económica!

De resto...tudo bem!

Vamos assistindo de camarote á queda do neo liberalismo!

Comments

  • Não só viável, mas fundamental.

    Não acredito e nem defendo intervenções por meio de gastos fiscais (salvo nos casos que compete ao governo, claro) na produção e muito menos para salvar instituições, como vemos atualmente mundo afora. As pessoas tendem a vincular as políticas de intervenções governamentais doutrinadas por Keynes à crises sistêmicas como as ocorridas em 1929 e ao conseqüente New Deal.

    No entanto, isso para mim é um erro duplo. Primeiro pela vinculação simplória e segundo pela aplicação tardia de tal política. Como é exatamente o exemplo que vemos atualmente no mundo.

    Sou capitalista, nunca neguei, mas não sou tão idiota a ponto de acreditar que o mercado é capaz de se alto regulamentar apenas tendo como parâmetros as leis de oferta e procura. Economia é sobretudo expectativas e elas não são regulamentadas por nenhuma lei econômica estritamente falando, dependem de informações seguras e de credibilidade, algo que somente governos fortes e engajados, além de agentes econômicos devidamente regulados e fiscalizados podem sinalizar.

    As políticas keynesianas devem ser adotadas de forma contínua e ininterrupta por cada governo e/ou bloco econômico no que tange a fiscalização de suas instituições de forma a evitar que o pior aconteça e principalmente regular os mecanismos que envolvem os setores que determinadas empresas atuam. Mas porque?

    Ora! A "mão invisível" de Adam Smith funciona de forma plena, mas apenas sob determinados parâmetros. Enquanto mais próximos do equilíbrio econômico está o mercado, melhor e mais eficiente é a atuação da economia, dispensando neste caso a presença governamental como ente produtivo (salvo em setores estratégicos e sociais, óbvio), ou gerador de crédito. No entanto, dado algum disturbio endógeno ou exógeno que desvirtue e/ou mova este ponto de equilíbrio a um nível capaz de colocar em risco as metas governamentais e/ou a possibilidade de instabilidades futuras com possíveis gastos governamentais evitáveis o governo deve agir por meio de:

    a) medidas corretivas (lê-se punitivas), e/ou;

    b) através de uma maior rigidez por meio da adoção de posturas legais e normativas.

    O tópico "a" é fruto de uma fiscalização intensiva que vise monitorar o mercado de forma contínua de forma a evitar que bolhas sejam geradas e que em uma última instância o governo deva intervir de forma efetiva e o que é pior aconteça, ou seja, gastar dinheiro público para salvar especuladores irresponsáveis e ainda ter que comprar empresas com dificuldades contábeis.

    Já o tópico "b" visaria a aplicação de uma legislação mais rígida capaz de limitar devaneios monetários exagerados e a intensa e concentrada atuação de instituições financeiras e comerciais em uma única modalidade de investimento ou país (o que geraria dependência). Tal legislação poderia ainda obrigar as instituições a gerarem lastros patrimoniais (ou não), para investirem em outras economias.

    Com apenas estes dois tópicos fiscalização e regulamentação, tal crise não teria se avolumado da forma que a vimos. Alguns exemplos práticos:

    Os bancos de investimentos nos EUA, não eram fiscalizados. A fiscalização ficava apenas para os bancos comerciais e mesmo assim nada de efetivamente concreto. Na década passada vários escândalos contábeis envolvendo empresas como a Xerox, WorlCom, JP Morgan, etc., já poderiam ser considerado um alerta quanto a necessidade de uma atuação mais próxima do governo.

    Se houvesse uma legislação mais específica e eficiente por parte dos governos europeus, como há no Brasil, as instituições europeias não teria se envolvido tanto com a atual crise. Ou seja, sem fiscalização e regulamentação, a única solução e gastar quase US$ 3 tri (valor contabilizado desde o início da crise e envolve os gastos em todos os bancos centrais envolvidos).

    Eu não sou a favor de uma intervenção do governo aos moldes que ela está sendo feita no atual momento pelo governo americano principalmente. Muito menos que o governo atue como agente produtivo e gerador de crédito (salvo em setores estratégicos e sociais, óbvio). Acredito sim que isso tudo era passível de ser evitado se medidas fossem tomadas antes. Mas como ninguém percebeu o óbvio, resta agora uma atitude mais incisiva e cara, por parte dos governos para que a confiança no sistema seja reestabelecida e a economia seja colocada novamente em equilíbio.

    Defendo com veemência que, cabe ao governo e apenas a ele a alcunha de fiscalizar e regular seus diversos setores dentro da economia. Nos EUA e Europa, muitas empresas ganham fortunas "analisando" os países em desenvolvimento como Argentina e Brasil, mas não são capazes de se alto avaliar, nenhuma foram capaz de prever e se antecipar à crise. Não é possível que tal responsabilidade seja colocada nas mãos de terceiros.

    Por mais que estejamos inserido num mundo globalizado, este processo não é pleno (ainda). Assim como os mexicanos são barrados na fronteira dos EUA, o capital também precisa de ter seus limites devidamente regulados. Por mais que a globalização seja um fato incontestável, cabe a cada governo, pontualmente, definir o quão sua economia suporta esta interação não só em se tratando de pessoas, mas sim em termos de capitais também. É justamente esta postura que está mantendo o Brasil e a AL (exceto México) relativamente longe do "olho do furacão".

    Portanto uma política keynesiana, não só cabe numa economia globalizada, como deve ser priorizada. Não uma política emergencial e de gastos governamentais, mas sim políticas contínuas que vise manter (permanentemente) a economia estável e não tão somente levá-la novamente ao equilíbrio em caso de choques diversos, por meio de gastos públicos e intervenções na produção e crédito.

    Como disse acima, economia é sobretudo espectativas e cabe ao governo dar os sinais corretos para que estas espectativas sejam sempre positivas por meio de um sistema fiscalizador e regulador de pleno conhecimento dos players e não um cassino mundial sem regras.

    "Deus não joga dados", muito menos com "mãos invisíveis".

    Ótimo tê-lo de volta.

    Barbosa®

  • Sem dúvida, o Estado é insubstituível e necessário, mas o governo é mutável está em constante mudança, isto pode ser verificado em cada momento histórico da vida humana.

    Diante da tão polêmica globalização e de uma série de transformações sociais, demográficas e econômicas que vem ocorrendo nas últimas décadas, fica claro de que nem tudo é positivo no dito “Estado de bem social". Veja desde a década de 70, o que se tem visto é uma crise em que alguns setores da sociedade vêm pressionando os governos na diminuição dos impostos, ficando difícil nos dias de hoje conviver com a política keynesiana que surgiu como saída para a crise que o sistema capitalista atravessou no período entre 1929 a 1933.

    De certo, que o ponto central da política keynesiana foi humanizar o capitalismo apresentando soluções e práticas para o problema do desemprego no período do pós-guerra. Entretanto, temos que ser realistas em admitir que a política keynesiana não foi e nem está sendo eficaz aos problemas criado pelo neoliberalismo. Levando em consideração que o fictício “Estado do bem social” deveria suprir as necessidades básicas da população.

    No entanto, o que é visto pelo menos aqui no Brasil, de acordo com dados do (Ipea),2001 existem 33% da população vivendo a baixo da linha da pobreza com três milhões de crianças desnutridas que passam fome!. Ressalto que esta realidade pode ser vista também em países ditos desenvolvidos que não escapam da política Anglo-Americana neoliberal!!

    Quero deixar claro que não condeno a globalização, não que eu concorde com os globalista ou cépticos. Só tenho uma visão ampla e mesmo não podemos negar que se tem tanto o lado positivo quanto o negativo. A meu ver seria de grande necessidade que se encontre uma nova forma que venha tornar estável essa onda inflacionária atual. Seria certo uma “reinvenção” e rever o papel do estado nas políticas públicas sociais e econômicas.

    Até concordo em certo ponto com o Barbosa quando ele afirma que podemos sim continuar com a política keynesiana no mundo globalizado, mas que esta seja revisada para que se possa atender de fato os efeitos devastadores do neoliberalismo. Mesmo porque a crise atual não é a mesma dos anos 30!

    Por que não considerar e valorizar o terceiro setor? Já que este setor movimenta um trilhão de dólares por ano e se comparando ao PIB nas nações mais ricas ocupa uma posição de oitava economia mundial. Não que esta via venha dispensar o Estado do seu papel, mas é importante estabelecer parceria com este para que se consiga mobilizar usando de forma inteligente os mesmos recursos para melhoria das condições de vida, ou seja, diminuir a burocracia empregar o dinheiro público de maneira correta oferecendo melhores condições como: emprego, segurança, estradas, lazer, educação e saúde voltadas principalmente para as camadas sociais menos favorecidas, isto considerando o desenvolvimento econômico endógeno visando as necessidades humanas.

    Enfim, o keynesianismo é uma política defeituosa que não se aplica a crise recente, pois está desligada da nossa realidade. Sendo de suma importância rever o tradicional papel do Estado e conscientizar que é impossível nestes tempos construir uma sociedade equilibrada sem que haja por parte dos cidadãos participação e fiscalização.

    Bom, não foi uma resposta técnica e necessariamente voltada para índice economicista, mas quero que saiba que é sempre bom contribuir respondendo as suas perguntas!.

    Um abraço!

  • Uai! Basta ver o que esta acontecendo pelo mundo afora para ver que é impossivel!!!E bem que o nosso amigo Barbosa siga fiel a ele mesmo ( eis alguém que nao tem contradiçoes internas) e siga defendendo a podridao que anda por ai....E isto que é so o inicio do fim !!!....Nao posso defender a globalizaçao e o santissimo mercado! No mais fico contente de rever o R campos por aqui, mesmo que eu ande sem tempo para bater papo e até hoje estou devendo respostas para todo mundo, "devendo uma vela para cada santo"...Abraços

  • Depende da seriedade com que o governo comanda seus gastos.

    Entendo que tanto nos EUA como no Brasil, os governos são responsáveis por uma boa parte da economia, o que possibilita implementar politicas economicas sintonizadas com a teoria de Sir John Meynard Keynes.

    O governo Lula vem adotando, ainda que de forma tímida, ao estimular o setor de construção civil, acelera a criação de novos postos de trabalho, e cria um movimento favorável.

    O bolsa familia, tb por incrível que pareça, possibilitou as classes menos favorecidas (famintas), fazerem uso de recursos movimento parte da economia.

    Se avaliarmos é uma politica economica a la Keynes, dá certo e entendo que no caso do Brasil é salutar.

  • O que está ruim é a tal economia globalizada que só coloca os países pequenos mais explorados pelos EUA.

    Assim como democracia é um conceito deles para encobrir o verdadeiro sistema que é de domínio sobre os miseráveis.

    Acabando com isto seria possível sim.

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