Pode uma máquina pensar?

Após a invenção dos computadores digitais, vivia-se na Europa uma fase de grande otimismo em relação àquilo que os eles poderiam fazer. Nascia a Inteligência Artificial, uma disciplina nova que tinha por objetivo o estudo e a construção de máquinas pensantes. Dizia-se que em poucos anos seria possível construir uma máquina que pensa. Isto fez com que os filósofos voltassem a se debruçar sobre algumas questões centrais da Filosofia da Mente: o que é pensamento? Será ele exclusividade dos seres humanos e de alguns animais? O que impede de atribuir a um computador a capacidade de pensar? Caso um computador chegue a pensar, poderá ele adquirir consciência do que está pensando e com isto igualar-se a um ser humano?

Essas questões na verdade não são novas. No século XVII Descartes já se preocupava com esses problemas. Os cientistas da época já falavam da construção de autômatos e se questionavam sobre o que poderia impedir alguém de um dia construir uma máquina pensante. Descartes tinha uma série de restrições a esse projeto. Ele dizia que, por mais que se aperfeiçoassem os autômatos, eles nunca poderiam chegar a ter uma vida mental igual àquela dos seres humanos.

Comments

  • Caro Astuto,

    Esse é um dos debates mais interessantes que se trava na atualidade.

    Com relação a Descartes cabe acrescentar que ele considerava os animais não humanos como autômatos também. Além disso, suas meditações trouxeram uma grande novidade, a da separação entre corpo e mente, com importantes coneqüências no desenvolvimento de todo o pensamento ocidental.

    Na verdade, ele errou em ambos os casos. As descobertas científicas nos campos da neurobiologia, genética, física, química apontam, cada vez mais, para uma relação complexa entre corpo e processos mentais, os processos mentais aparoximando-se mais de conexões químico-físicas.

    Entretanto, no meu modo de entender, como estamos falando de uma evolução que ocorreu em bilhões de anos, desde a primeira forma de vida até as atuais, é muito pretensioso o homem conseguir igualar o acaso da vida e criar uma inteligência artificial parecida com a nossa. Não digo impossível, mas improvável. Mas, também é certo que caminhamos nesse sentido. Há algo mais fascinante que isso? Eu duvido.

    Hoje, nas universidades, eu penso que falta mais empenho em se casar o pensamento filosófico com a biologia, por exemplo. Há um viés pseudo humanista que despreza o conhecimento científico e continua lidando com ultrapassadas teorias de cunho sociológico. Não digo que elas não valem para nada, mas devem ser repensadas para se livrarem de ranços. Bem, isso dá muita conversa. Acho que fico mais à vontade com questões menos abrangentes, num espaço como este. De qualquer forma, muito obrigado por sua colocação. È uma faísca na escuridão. Abraços

  • Não pude deixar de me lembrar do super-computador Hall 9000, do filme 2001, uma odisséia no espaço. Ele começou a tomar decisões importantes por conta própria, colocando em risco a tripulação da nave. Preciso inclusive, elaborar alguma pergunta sobre isso depois.

    Bem, mas creio com o avanço tecnológico dos últimos tempos, essa fantasia não irá demorar muito para ser realizada.

    Acho que o Japão tem potencial mais que suficiente para criar algum robô ou andróide, com inteligência artificial, que simule as emoções humanas, por conta própria.

    Quem viver, verá.

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