Se você já viu o filme do Chico Xavier, faça o seu comentário. Chico Xavier, santo ou demônio?

SÃO PAULO (Reuters) - Santo ou demônio? Médium ou falsário? Essas foram algumas dúvidas que o médium brasileiro Chico Xavier levantou ao longo de sua vida. O longa "Chico Xavier", que chega aos cinemas na sexta-feira, quando o médium completaria 100 anos, no entanto, não está muito preocupado com esse tipo de conflito.

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Dirigido por Daniel Filho ("Se eu fosse você"), a partir de um roteiro de Marcos Bernstein ("Central do Brasil"), baseado por sua vez na biografia "As vidas de Chico Xavier", de Marcel Souto Maior, o filme faz um retrato chapa-branca de seu protagonista -- que morreu em 2002.

O Chico Xavier do filme, interpretado pelo garoto estreante Matheus Costa, Ângelo Antonio ("2 Filhos de Francisco") e Nelson Xavier ("Narradores de Javé") nas diversas fases de sua vida, é um personagem sem muitos dilemas interiores -- há umas poucas vaidades, mas conflito mesmo, daqueles de consumir, não existe. Desde pequeno, ele parece aceitar tranquilamente seu dom e sua missão.

Morando com a madrinha (Giulia Gam, de "A Guerra dos Rocha"), o pequeno Chico é visto como um ser estranho por ela, que tem medo e fascinação na mesma medida pela mediunidade do menino. A única a compreendê-lo é a mãe morta (Letícia Sabatella, de "Não por acaso"), com quem ele trava longos diálogos.

Mais tarde, morando novamente com o pai (Luis Melo, "Encarnação do Demônio"), ele ganha outra cúmplice - a madrasta (Giovana Antonelli, de "Budapeste"). Com alguns saltos de roteiro, Chico chega à vida adulta, quando sua mediunidade se manifesta com mais força e ele começa a estudar a doutrina espírita.

Ainda morando em sua cidade natal, Pedro Lourenço (MG), recebe pessoas que pedem sua ajuda para se comunicar com parentes e amigos que já morreram. Nessa mesma época, Chico começa a receber as visitas de uma entidade que recebe o nome de Emmanuel (André Dias), que o acompanhará ao longo de sua vida.

A narrativa ficcional sobre o médium em "Chico Xavier" é entrecortada por trechos de uma participação verídica no programa de entrevistas "Pinga-Fogo", na TV Tupi, na década de 1970. Nele, uma espécie de "Roda Viva" de sua época, Chico é sabatinado pelas mais diversas pessoas, que colocam em xeque seus poderes e crenças.

Essa entrevista, que interliga os episódios da vida do médium no filme, também serve como pretexto para amarrar outra linha narrativa do longa. Trata-se da história do casal Orlando (Tony Ramos, de "Tempos de Paz") e Gloria (Christiane Torloni, de "Onde andará Dulce Veiga?"), cujo filho morreu há pouco em um acidente.

Ela está desesperada, enquanto o marido, que é o diretor do "Pinga-Fogo", é cético. Essa parte do roteiro não se baseia numa história específica - embora sua conclusão venha de um fato real, envolvendo uma carta psicografada pelo médium. O casal, claramente, serve como identificação do público na tela. E, para não deixar ninguém de fora, um deles acredita em Chico Xavier e suas cartas, e o outro é o cético que zomba disso.

Enquanto personagem, Chico Xavier carece de conflitos e nuances. Ele aceita a sua missão muito facilmente, dizendo: "Eu sou como um carteiro, recebo cartas, e aí entrego". Seu único porém é um pouco de vaidade - que causa alguns desentendimentos com Emmanuel, mas nada muito sério. Quando se muda para Uberaba, onde abre seu centro, Chico já é bastante conhecido e recebe visitas de pessoas de vários cantos do país em busca de comunicação com mortos.

Daniel Filho dirige com o profissionalismo que lhe é habitual, mas sem qualquer ambição mais cinematográfica. É um filme feito para as massas, que devem se emocionar em cada momento calculado para fazer chorar - especialmente as cenas que mostram a comunicação entre pais e filhos, em que um dos envolvidos já morreu.

Por outro lado, como bem mostram as imagens finais do longa, tiradas do programa "Pinga-Fogo" real, Chico Xavier era uma figura bem maior do que aquela mostrada pelo filme. Sem dúvida, não seria fácil captar num longa de ficção uma figura tão complexa como o médium. O que não se justifica são alguns momentos rasos do filme.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

Comments

  • Não preciso ver o filme para dizer que Chico não é santo nem demônio. Chico é um espírito como nós, só que muitos anos-luz à nossa frente na escalada da evolução espiritual. Aliás é bom que se diga que tanto os santos do catolicismo como os demônios são espíritos também, mais ou menos evoluídos do que nós.

    Segundo Ramatís, todo anjo já foi um demônio e todo demônio será um anjo. É apenas uma questão de tempo no caminho apontado por Jesus e de esforço para vencer as más tendências.

  • Eu assisti, sexta feira. Anjo, um anjo bom, simples, caridoso, generoso. Seus ensinamentos sempre foram dentro da simplicidade, nunca houve demonstração de prepotência da parte dele. O espírito Emmanuel o acompanhou em sua caminhada. Psicografou inúmeros livros mas nunca aceitou ser o autor de nenhum deles, sempre foram atribídas, as autorias, a Emmanuel. Chico Xavier é exemplo de vida, de caridade, de bondade, de amor, de perseverança e de respeito ao próximo.

    No final do filme, a sala cheia, todos aplaudiram de pé. Foi lindo.

    Quanto ao programa 'pinga fogo', o ateu que dava as coordenadas, pai do menino morto que Chico psicografou a carta inocentando o amigo Eduardo da sua morte, reconheceu perante o tribunal do juri a veracidade da carta. Tony Ramos e Cristiane Torloni foram maravilhosos no papel dos pais de Tomás, o menino morto pelo seu colega Eduardo. Eduardo foi inocentado através de uma carta, psicografada por Chico Xavier e reconhecida como autêntica.

    No final, quando Chico entregou a carta ao pai de Tomáz, sem saber de nada, observou-se a humildade do Chico, chegou e saiu, como ele disse, como um simples carteiro.

    Aplausos ao Chico, onde ele estiver.

    bjs.

  • Eu assisti na sexta-feira e gostei muito do filme. Sobre Francisco Cândido Xavier devo dizer que ele foi um dos maiores mediuns que já pisou nas terras brasileiras. Ele escreveu mais de quatrocentos livros e jamais gastou em seu proveito um centavo da renda auferida com a venda dos livros. Soube que 10% da renda do filme será doada a Casa da Prece mas de antemão já sei que o seu filho adotivo Euripedes Higino irá fazer mau uso da verba auferida.

  • Oi! Prezado Clauton.

    Eu estou louco para ver, mas está muito difícil de ver devido as enormes filas. Desde Sexta Feira estou tentando aqui no Top Shopping de Nova Iguaçu RJ, mas custe o que custar eu não vou perder de jeito algum.

    Um forte abraço, cheio de Paz e Luz.

  • eu tb quero assistir..mais vou esperar sair em DVD...eu tenho o DVD do pinga fogo..mto bom !

  • Ainda não vi ,mas pretendo ir com a família toda na quarta-feira.

  • Chico Xavier me lembra Charles Xavier do Xmen

  • Não assisti o filme ainda.

  • Apenas um caolho numa terra de cegos.

  • Eu ia responder,

    mas tem tanta coisa pra ler,

    que mesmo sem querer,

    os dois pontos resolví ter.

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