A necessidade de deus(es)?
A evolução do homem está intimamente ligada à sua crença na transcendência.
Um código moral não sobreviveria sem se crer que "algo maior" poderia punir ou presentear o homem por sua (in)justiça, e sem qualquer código moral, o vício (desde o "pecado" venial até uma guerra mundial) possivelmente já teria extingüido o gênero humano tal qual o conhecemos.
Anexa a essa, temos a crença na imortalidade da alma. Se o homem cresce que o túmulo é o fim, talvez jamais pensasse na posteridade. Não veria sentido em evoluir individualmente e a civilização que hoje nos abrange jamais surgiria - ainda estaríamos nas cavernas.
Hoje, no entanto, já encontramos tantas outras formas de viver... a crença no Eterno é ainda uma necessidade do homem? Ou será que Deus e a alma imortal já passaram do prazo de validade?
Update:Errs de digitação: leia-se "cresse" onde eu escrevi "cresce". E tenho dúvidas sobre "extingüido" estar ou não correto.
Update 3:Lisandro, creio que você não respondeu diretamente à pergunta, mas se posicionou como um homem moderno, para o qual a crença já não é mais necessária. Mas será que dois milênios atrás seria tão simples assim encarar essa finitude?
Comments
Olá Arcano! Vou tentar responder vossa complexa questão:
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Hoje, no entanto, já encontramos tantas outras formas de viver... a crença no Eterno é ainda uma necessidade do homem?
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Sim, o Homem necessita dessa crença. Uma minoria é capaz de se livrar dela e admitir que existam mais evidências da impossibilidade do Eterno do que de seu caráter factível.
A grande maioria da Humanidade está apartada do Conhecimento Científico e Filosófico e de suas últimas conseqüências para nossas questões existenciais, e pasme, isso é uma benção!
Assim sendo, a religiosidade, o mito, o misticismo e a superstição preenchem a lacuna que dariam vazão a um medo irresistível que poderia inviabilizar o curso da civilização.
A grande coletividade em sua maioria poderia ter sua conduta desvirtuada para o hedonismo e o vício. Como disse o grande escritor russo Dostoiésvisk: se não há Deus e nem a alma imortal tudo é permitido!
O apóstolo Paulo também sabia disso quando condenou em uma de suas epístolas a prática do ‘’comamos e bebemos, pois, amanhã morreremos’’. Qual civilização se manterá de pé cujo povo se refugia no ''aqui e agora''?
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Ou será que Deus e a alma imortal já passaram do prazo de validade?
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Não, de forma alguma. Tais crenças fazem parte de nossa psique e de nosso ideal de ''civilidade'', são no mínimo 6.000 anos de civilização, e junto com a civilização veio o Estado e a Religião, sem estas duas poderosas instituições não teríamos chegado ao nível atual de desenvolvimento social.
Por mais brutais e que sejam foram e ainda o são esses ‘’Leviatãs’’ Estado e Religião (não é de se admirar que as primeiras formas estatais sejam as teocráticas) tornaram possível a supressão da barbárie a construção da sociedade.
A civilização carrega em seu DNA as marcas da crença no Divino, na imortalidade e da necessidade do exercício do poder (o Estado). Suprimir qualquer uma dessas duas instituições é pretender desfigurar a Civilização a ponto de torná-la irreconhecível.
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Felicidades!
A diferença entre o homem e um animal é seu pensamento abstrato. Com tal pensamento podemos, por ex. pensar no amanhã (que não existe) e imaginar uma pintura, um plano, uma máquina, enfim é a essência da criação. Assim, Deus somente é possível porque possuímos um pensamento abstrato, sem ele (o abstrato) jamais Deus seria possível, até porque em época alguma se manifestou de forma material para o homem. Em suma, deus é igual ao dia de amanhã, abstrato, não existe.
Bração
Eu sou 100% ateus, não acredito em Justiça, igualdade, etc.
E, no entanto, sou super honesto, não desejo levar vantagem, sou esforçado, sou amigo, sou um individuo sem egoísmos, e só feliz...
Resumindo, a MORTE existe para renovar a VIDA, pois nos "ciclos Vitais" de cada espécie existe um equilíbrio que deve ser mantido, e para que isso aconteça à morte é fundamental!
A morte foi à solução encontrada pela evolução para reciclar o material genético dos organismos existentes.
Já que tudo tem seu tempo de se transformar, de transferir energia!
A alegação de que a vida seria sem sentido porque sempre termina em morte... Seria uma afirmação falsa, simplista e mística; relacionada com o desejo de que nossa vida e a dos que amamos, deveria durar para sempre.
O fato da morte ser um acontecimento inevitável, não significaria que a vida é uma porcaria. Pois se nossa existência, conforto, saúde, prazer e a posse temporária do que amamos, não fosse importante para nós, não ficaríamos frustrados com a certeza da nossa morte.
E não faria diferença se um dia, nossa vida terá de findar.
Embora seja difícil até para os racionais aceitarem que nossa existência não passa de um minúsculo tempo entre dois nada, os pessimistas em questão desprezam que para as coisas serem magníficas elas não precisariam durar para sempre.
Que a maneira mais eficiente de destruir o valor de alguma “obra prima”, seria justamente reproduzindo a mesma ao infinito.
E que a vida não é um acontecimento inútil, mas sim, a base de tudo o que temos.
O simples fato de darmos valor a inúmeras coisas que não duram para sempre provaria que a vida não precisaria ser eterna para ter algum sentido, mas sim, ser relevante.
As sociedades evoluem. As religiões as seguem de longe e a contragosto.
Elas não se tornaram mais humildes e tolerantes. Apenas perderam o poder que tinham sobre as pessoas.
Já não inspiram o medo e, cada vez menos, o respeito.
Naun dá pra viver sem Deus.naum posso provar que ele existe mas creio nele.
beijos