Poesias do romantismo em Portugal e romantismo no Brasil.?

Oi! preciso de 1 poesia do romantismo em portugal e uma poesia do romantismo no brasil com o nome do autor poeta . obrigada!

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  • Poesia / Portugal - romantismo

    Seus Olhos

    Seus olhos --- se eu sei pintar

    O que os meus olhos cegou ---

    Não tinham luz de brilhar.

    Era chama de queimar;

    E o fogo que a ateou

    Vivaz, eterno, divino,

    Como facho do Destino.

    Divino, eterno! --- e suave

    Ao mesmo tempo: mas grave

    E de tão fatal poder,

    Que, num só momento que a vi,

    Queimar toda alma senti...

    Nem ficou mais de meu ser,

    Senão a cinza em que ardi. ( Almeida Garrett )

    ADORMECIDA - Castro Alves - Brasil - romantismo

    UMA NOITE, eu me lembro... Ela dormia

    Numa rede encostada molemente...

    Quase aberto o roupão... solto o cabelo

    E o pé descalço do tapete rente.

    'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste

    Exalavam as silvas da campina...

    E ao longe, num pedaço do horizonte,

    Via-se a noite plácida e divina.

    De um jasmineiro os galhos encurvados,

    Indiscretos entravam pela sala,

    E de leve oscilando ao tom das auras,

    Iam na face trêmulos - beijá-la.

    Era um quadro celeste!...A cada afago

    Mesmo em sonhos a moça estremecia...

    Quando ela serenava... a flor beijava-a...

    Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

    Dir-se-ia que naquele doce instante

    Brincavam duas cândidas crianças...

    A brisa, que agitava as folhas verdes,

    Fazia-lhe ondear as negras tranças!

    E o ramo ora chegava ora afastava-se...

    Mas quando a via despeitada a meio,

    P'ra não zangá-la... sacudia alegre

    Uma chuva de pétalas no seio...

    Eu, fitando esta cena, repetia

    Naquela noite lânguida e sentida:

    'Ó flor! - tu és a virgem das campinas!

    'Virgem! - tu és a flor da minha vida!...'//

  • poesia do romantismo em portugal

    Este inferno de amar - Almeida Garrett

    Este inferno de amar — como eu amo!

    Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?

    Esta chama que alenta e consome,

    Que é a vida — e que a vida destrói —

    Como é que se veio a atear,

    Quando — ai quando se há-de ela apagar?

    Eu não sei, não me lembra; o passado,

    A outra vida que dantes vivi

    Era um sonho talvez… — foi um sonho —

    Em que paz tão serena a dormi!

    Oh! que doce era aquele sonhar…

    Quem me veio, ai de mim! despertar?

    Só me lembra que um dia formoso

    Eu passei… dava o Sol tanta luz!

    E os meus olhos, que vagos giravam,

    Que fez ela? Eu que fiz? — Não no sei

    Mas nessa hora a viver comecei…

    poesia do romantismo no brasil

    Se se morrer de amor - Gonçalves Dias

    Se se morre de amor! – Não, não se morre,

    Quando é fascinação que nos surpreende

    De ruidoso sarau entre os festejos;

    Quando luzes, calor, orquestra e flores

    Assomos de prazer nos raiam n’alma,

    Que embelezada e solta em tal ambiente

    No que ouve e no que vê prazer alcança!

    Simpáticas feições, cintura breve,

    Graciosa postura, porte airoso,

    Uma fita, uma flor entre os cabelos,

    Um quê mal definido, acaso podem

    Num engano d’amor arrebentar-nos.

    Mas isso amor não é; isso é delírio

    Devaneio, ilusão, que se esvaece

    Ao som final da orquestra, ao derradeiro

    Clarão, que as luzes ao morrer despedem:

    Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,

    D’amor igual ninguém sucumbe à perda.

    Amor é vida; é ter constantemente

    Alma, sentidos, coração – abertos

    Ao grande, ao belo, é ser capaz d’extremos,

    D’altas virtudes, té capaz de crimes!

    Compreender o infinito, a imensidade

    E a natureza e Deus; gostar dos campos,

    D’aves, flores,murmúrios solitários;

    Buscar tristeza, a soledade, o ermo,

    E ter o coração em riso e festa;

    E à branda festa, ao riso da nossa alma

    fontes de pranto intercalar sem custo;

    Conhecer o prazer e a desventura

    No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto

    O ditoso, o misérrimo dos entes;

    Isso é amor, e desse amor se morre!

    Amar, é não saber, não ter coragem

    Pra dizer que o amor que em nós sentimos;

    Temer qu’olhos profanos nos devassem

    O templo onde a melhor porção da vida

    Se concentra; onde avaros recatamos

    Essa fonte de amor, esses tesouros

    Inesgotáveis d’lusões floridas;

    Sentir, sem que se veja, a quem se adora,

    Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,

    Segui-la, sem poder fitar seus olhos,

    Amá-la, sem ousar dizer que amamos,

    E, temendo roçar os seus vestidos,

    Arder por afogá-la em mil abraços:

    Isso é amor, e desse amor se morre!

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