A Espanha tem uma ds mais extraordinárias histórias políticas e culturais do mundo ocidental. É uma história mesclada de nomes míticos, condes, califas, cruzadas e reis, que se inicia desde os princípios da civilizaçãos que chega a adquirir contornos de ficção, com toques folclóricos e de romance, embora verdadeiras. Essa história começa com os bascos, povo habitante dos vales frios e montanhosos do norte e nordeste. Depois sobressaíram-se os ibéricos, em princípios do terceiro milênio antes da era cristã e que deram o nome de Ibérica à península. Mil anos mais tarde chegaram os celtas, através da Galícia, e os navegantes fenícios, que povoaram as primeiras grandes e tradicionais cidades, especialmente no litoral mediterrâneo. Seguiram-se os gregos e os cartigineses, que fundaram Cartagena (225 a. C.) e batizaram a região com o nome de Spania.
Em princípios do penúltimo século antes de Cristo chegaram os romanos, que expulsaram os cartigineses, mas não conseguiram submeter totalmente e unificar os diversos reinos nativos durante os vários anos de domínio imperial de Roma. A desintegração do Império Romano do Ocidente durante o século V, permitiu a ocupação pelos bárbaros invasores vindos do leste europeu, especialmente os visigodos, que estabeleceram o reinado de Toledo. Três séculos depois chegaram os mouros, vindos da África do Norte, e através do estreito de Gibraltar, que impuseram um domínio muçulmano de quase oito séculos no sul do país, um dos mais brilhantes da civilização espanhola. Extremamente cultos, permitiram a convivência pacífica entre judeus e árabes e cristãos e islâmicos, introduziram novas técnicas de engenharia e desenvolveram a agricultura, inclusive sistemas de irrigação e a introdução de novas culturas. As marcas dessa passagem é evidente especialmente na cultura e na arte da Espanha moderna. Na realidade, apesar da s inúmeras tentativas, os mouros nunca conseguiram dominar o noroeste de Galícia e Astúrias e foi nesta última que Palayo, um rei cristão, iniciou no início do segundo milênio cristão um projeto de unificação do país e que tinha como prioridade a expulsão dos invasores e o professamento do cristianismo romano. Nesta Reconquista o primeiro soberano a se destacar foi, Alfonso VI de Castela, que capturou Toledo (1085) e assumiu o controle do Norte. Depois de Valência, Sevilha e Córdoba, a última cidade importante em mãos mouras foi Granada, que ainda permaneceram na península por cerca de dois séculos. Assim, antes da unificação, a Espanha era dividida em diversos reinos: Astúrias, Leão, Castela, Galiza, Navarra, Aragão e Condado de Barcelona. O território espanhol começou a se definir como tal é hoje, com o casamento (1469) dos dois históricos monarcas católicos, FernandoII de Aragão (1452-1516) e Isabel de Castela (1451-1504).
O poder real fortaleceu-se frente à nobreza, criou-se a Santa Irmandade para garantir a ordem, reorganizou o exército e a legislação dos dois reinados foi unificada. Após uma luta de dez anos (1482-1492) o reino de Granada caiu e os mouros foram expulsos da Espanha, juntamente com os judeus (1492) por não abraçaram o cristianismo, resultado extremamente estratégico para o fortalecimento da coroa por meio do apoio da Igreja Católica. Era o início da unificação de toda a Espanha, época aura da política da nação espanhola, inclusive cm a descoberta do Novo Mundo, as Américas, e também o momento de um dos piores excessos de intolerância. Com o casamento de sua filha Joana a Louca (1479-1555) com Felipe I de Habsburgo (1478-1506), da Casa de Habsburgo ou Hapsburg, também chamada Casa da Áustria, uma das mais poderosas famílias políticas da Europa, durante mais da metade do primeiro milênio cristão, fundou-se a primeira dinastia da real monarquia espanhola.
O filho de Joana com Felipe, Carlos I de Espanha, se tornou o primeiro Habsburg espanhol e um dos governantes mais poderosos da história como Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Chegou ao México e ao Peru, herdou a Áustria e os Países Baixos e anexou Nápoles e Milão. Conquistou a Contra-Reforma e a Ordem Jesuíta foi criada para ajudar a defender o Catolicismo do Protecionismo Europeu e, católico fervoroso, sustentou a contínua luta contra os luteranos alemães e turcos.
Com a morte (1700) de Carlos II (1661-1700), o último Habsburg espanhol por não deixar herdeiros, desencadeou-se uma guerra pela sucessão espanhola e Felipe de Anjou foi coroado Felipe V (1683-1746), iniciando a Casa de Bourbon, que segue até hoje, com o rei Juan Carlos I (1938 - ). Esta dinastia foi interrompida com a ocupação das forças napoleônicas (1808) com o trono ocupado por Jose Bonaparte (1768-1844), mas os espanhóis não aceitaram esse domínio e começaram uma luta de guerrilhas (1808-1814) e os franceses foram finalmente expulsos seis anos depois. Fernando VII (1784-1833) assumiu como Rei de Espanha (1813-1833), restaurando a Casa de Bourbon. Neste período de instabilidades político-institucionais a maioria das colônias latino-americanas aproveitaram a oportunidade para proclamar sua independência da coroa espanhola.
O restante do século o país conviveu, como de todo o resto da Europa, com guerras civis e revoltas inspiradas por correntes republicanas e que propiciaram a perda das últimas possessões ultramarinas como Cuba, Porto Rico e Filipinas. Depois do turbulento reinando Isabel II, destronada por uma revolução (1968) e em seu lugar foi colocado Amadeu I de Saboya (1845-1890), mas este renunciou a coroa (1973) e proclamando-se a I República, que durou somente até dezembro do ano seguinte. O trono foi devolvido aos Bourbons, através da coroação de Alfonso XII (1857-1885), filho da deposta e ainda viva Isabel II de Bourbon (1830-1904).
Seu herdeiro Alfonso XIII depois de sentir-se impotente para resolver problemas problemas civis-sociais, abandonou o trono e autoexílou-se em Roma (1931), deixando o poder para um incipiente movimento republicano que terminou em uma violenta e trágica guerra civil idealista (1936-1939), onde mais de meio milhão de pessoas morreram e que no final trouxe ao poder um jovem general de direita chamado Francisco Franco, o Caudilho de Espanha. No seu governo a Espanha oficialmente manteve-se neutra durante a Segunda Guerra Mundial, embora reconhecidamente mantivesse simpatias pelo nazismo. Depois da guerra assinou um acordo (1953) para a construção de bases da OTAN em território espanhol e iniciou uma fase contínua de crescimento econômico e desenvolvimentista na área tecnológica. O ditador anunciou (1969), que seu sucessor seria Juan Carlos de Bourbon (1938 - ), o neto de Alfonso XIII (1886-1941) , especialmente preparado por ele para isto. Após a morte de Franco (1975) o jovem monarca assumiu o poder e revelou-se um dinâmico democrata, elaborando uma nova constituição, garantindo sem limitações as liberdades civis e de expressão sob um dos mais bem sucedidos governos parlamentaristas da Europa
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A Espanha tem uma ds mais extraordinárias histórias políticas e culturais do mundo ocidental. É uma história mesclada de nomes míticos, condes, califas, cruzadas e reis, que se inicia desde os princípios da civilizaçãos que chega a adquirir contornos de ficção, com toques folclóricos e de romance, embora verdadeiras. Essa história começa com os bascos, povo habitante dos vales frios e montanhosos do norte e nordeste. Depois sobressaíram-se os ibéricos, em princípios do terceiro milênio antes da era cristã e que deram o nome de Ibérica à península. Mil anos mais tarde chegaram os celtas, através da Galícia, e os navegantes fenícios, que povoaram as primeiras grandes e tradicionais cidades, especialmente no litoral mediterrâneo. Seguiram-se os gregos e os cartigineses, que fundaram Cartagena (225 a. C.) e batizaram a região com o nome de Spania.
Em princípios do penúltimo século antes de Cristo chegaram os romanos, que expulsaram os cartigineses, mas não conseguiram submeter totalmente e unificar os diversos reinos nativos durante os vários anos de domínio imperial de Roma. A desintegração do Império Romano do Ocidente durante o século V, permitiu a ocupação pelos bárbaros invasores vindos do leste europeu, especialmente os visigodos, que estabeleceram o reinado de Toledo. Três séculos depois chegaram os mouros, vindos da África do Norte, e através do estreito de Gibraltar, que impuseram um domínio muçulmano de quase oito séculos no sul do país, um dos mais brilhantes da civilização espanhola. Extremamente cultos, permitiram a convivência pacífica entre judeus e árabes e cristãos e islâmicos, introduziram novas técnicas de engenharia e desenvolveram a agricultura, inclusive sistemas de irrigação e a introdução de novas culturas. As marcas dessa passagem é evidente especialmente na cultura e na arte da Espanha moderna. Na realidade, apesar da s inúmeras tentativas, os mouros nunca conseguiram dominar o noroeste de Galícia e Astúrias e foi nesta última que Palayo, um rei cristão, iniciou no início do segundo milênio cristão um projeto de unificação do país e que tinha como prioridade a expulsão dos invasores e o professamento do cristianismo romano. Nesta Reconquista o primeiro soberano a se destacar foi, Alfonso VI de Castela, que capturou Toledo (1085) e assumiu o controle do Norte. Depois de Valência, Sevilha e Córdoba, a última cidade importante em mãos mouras foi Granada, que ainda permaneceram na península por cerca de dois séculos. Assim, antes da unificação, a Espanha era dividida em diversos reinos: Astúrias, Leão, Castela, Galiza, Navarra, Aragão e Condado de Barcelona. O território espanhol começou a se definir como tal é hoje, com o casamento (1469) dos dois históricos monarcas católicos, FernandoII de Aragão (1452-1516) e Isabel de Castela (1451-1504).
O poder real fortaleceu-se frente à nobreza, criou-se a Santa Irmandade para garantir a ordem, reorganizou o exército e a legislação dos dois reinados foi unificada. Após uma luta de dez anos (1482-1492) o reino de Granada caiu e os mouros foram expulsos da Espanha, juntamente com os judeus (1492) por não abraçaram o cristianismo, resultado extremamente estratégico para o fortalecimento da coroa por meio do apoio da Igreja Católica. Era o início da unificação de toda a Espanha, época aura da política da nação espanhola, inclusive cm a descoberta do Novo Mundo, as Américas, e também o momento de um dos piores excessos de intolerância. Com o casamento de sua filha Joana a Louca (1479-1555) com Felipe I de Habsburgo (1478-1506), da Casa de Habsburgo ou Hapsburg, também chamada Casa da Áustria, uma das mais poderosas famílias políticas da Europa, durante mais da metade do primeiro milênio cristão, fundou-se a primeira dinastia da real monarquia espanhola.
O filho de Joana com Felipe, Carlos I de Espanha, se tornou o primeiro Habsburg espanhol e um dos governantes mais poderosos da história como Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Chegou ao México e ao Peru, herdou a Áustria e os Países Baixos e anexou Nápoles e Milão. Conquistou a Contra-Reforma e a Ordem Jesuíta foi criada para ajudar a defender o Catolicismo do Protecionismo Europeu e, católico fervoroso, sustentou a contínua luta contra os luteranos alemães e turcos.
Com a morte (1700) de Carlos II (1661-1700), o último Habsburg espanhol por não deixar herdeiros, desencadeou-se uma guerra pela sucessão espanhola e Felipe de Anjou foi coroado Felipe V (1683-1746), iniciando a Casa de Bourbon, que segue até hoje, com o rei Juan Carlos I (1938 - ). Esta dinastia foi interrompida com a ocupação das forças napoleônicas (1808) com o trono ocupado por Jose Bonaparte (1768-1844), mas os espanhóis não aceitaram esse domínio e começaram uma luta de guerrilhas (1808-1814) e os franceses foram finalmente expulsos seis anos depois. Fernando VII (1784-1833) assumiu como Rei de Espanha (1813-1833), restaurando a Casa de Bourbon. Neste período de instabilidades político-institucionais a maioria das colônias latino-americanas aproveitaram a oportunidade para proclamar sua independência da coroa espanhola.
O restante do século o país conviveu, como de todo o resto da Europa, com guerras civis e revoltas inspiradas por correntes republicanas e que propiciaram a perda das últimas possessões ultramarinas como Cuba, Porto Rico e Filipinas. Depois do turbulento reinando Isabel II, destronada por uma revolução (1968) e em seu lugar foi colocado Amadeu I de Saboya (1845-1890), mas este renunciou a coroa (1973) e proclamando-se a I República, que durou somente até dezembro do ano seguinte. O trono foi devolvido aos Bourbons, através da coroação de Alfonso XII (1857-1885), filho da deposta e ainda viva Isabel II de Bourbon (1830-1904).
Seu herdeiro Alfonso XIII depois de sentir-se impotente para resolver problemas problemas civis-sociais, abandonou o trono e autoexílou-se em Roma (1931), deixando o poder para um incipiente movimento republicano que terminou em uma violenta e trágica guerra civil idealista (1936-1939), onde mais de meio milhão de pessoas morreram e que no final trouxe ao poder um jovem general de direita chamado Francisco Franco, o Caudilho de Espanha. No seu governo a Espanha oficialmente manteve-se neutra durante a Segunda Guerra Mundial, embora reconhecidamente mantivesse simpatias pelo nazismo. Depois da guerra assinou um acordo (1953) para a construção de bases da OTAN em território espanhol e iniciou uma fase contínua de crescimento econômico e desenvolvimentista na área tecnológica. O ditador anunciou (1969), que seu sucessor seria Juan Carlos de Bourbon (1938 - ), o neto de Alfonso XIII (1886-1941) , especialmente preparado por ele para isto. Após a morte de Franco (1975) o jovem monarca assumiu o poder e revelou-se um dinâmico democrata, elaborando uma nova constituição, garantindo sem limitações as liberdades civis e de expressão sob um dos mais bem sucedidos governos parlamentaristas da Europa