A única arma tecnológica que teve um efeito importante na 1ª G.M. foi o submarino. Como todos os suprimentos da Grã-Bretanha eram transportados por mar, parecia factível estrangular as ilhas britânicas mediante uma guerra submarina cada vez mais implacável contra os navios. A campanha chegou perto do êxito em 1917, antes que se descobrissem meios efetivos de contê-la, porém fez mais do que qualquer outra coisa para arrastar os EUA à guerra. Os britânicos, por sua vez, fizeram o melhor possível para bloquear os suprimentos da Alemanha, ou seja, matar de fome a economia e a população alemãs. Foram mais eficazes do que deveriam.
A mera superioridade do exército alemão enquanto força militar poderia ter-se mostrado decisiva se, a partir de 1917, os aliados não tivessem podido valer-se dos recursos praticamente ilimitados dos EUA. Na verdade, a Alemanha, mesmo entravada pela aliança com a Áustria, assegurou a vitória total no Leste, expulsando a Rússia da guerra para a revolução e para fora de grande parte de seus territórios europeus em 1917-18. Pouco depois de impor a paz punitiva de Brest-Litowsk (março de 1918), o exército alemão, agora livre para concentrar-se no Ocidente, na verdade rompeu a Frente Ocidental e avançou de novo sobre Paris. Graças à inundação de reforços e equipamentos americanos, os aliados se recuperaram. Era o último lance de uma Alemanha exausta, que se sabia perto da derrota. Assim que os aliados começaram a avançar, no verão de 1918, o fim era apenas uma questão de semanas. As Potências Centrais não só admitiram a derrota, mas desmoronaram. A revolução varreu o Sudeste e o Centro da Europa no outono de 1918, como varrera a Rússia em 1917. Nenhum governo ficou de pé entre as fronteiras da França e o mar do Japão. Mesmo os beligerantes do lado vitorioso ficaram abalados. Certamente, nenhum dos países derrotados escapou da revolução.
A maioria das guerras não revolucionárias e não ideológicas do passado não se travara sob a forma de lutas de morte ou que prosseguissem até a exaustão total. Certamente, não era a ideologia que dividia os beligerantes em 1914, exceto no fato de que, em ambos os lados, a guerra tinha de ser travada mediante a mobilização da opinião pública, isto é, alegando algum profundo desafio a valores nacionais aceitos, como o barbarismo russo contra a cultura alemã. A 1ª G. M. foi travada como um tudo ou nada. Ao contrário das anteriores, tipicamente travadas em torno de objetivos específicos e limitados, a disputa se dava por metas ilimitadas. Na Era dos Impérios, a política e a economia haviam se fundido. A rivalidade política internacional se modelava no crescimento e competição econômicos. O traço característico disso era, precisamente, não ter limites.
Para os dois principais oponentes, o céu tinha de ser o limite, pois a Alemanha queria uma política e posição marítima globais, como as que então ocupavam os britânicos, com o conseqüente relegamento de uma já declinante Grã-Bretanha a um status inferior. Era uma questão de ou uma ou outra. Para a França, então e depois, os objetivos em jogo eram menos globais, mas igualmente urgentes: compensar sua crescente e aparentemente inevitável inferioridade demográfica e econômica frente à Alemanha. Também aqui a questão era o futuro da França como grande potência. No papel, sem dúvida, era possível o acordo neste ou naquele ponto dos quase megalomaníacos “objetivos de guerra” que os dois lados formularam assim que o conflito estourou. Na prática, porém, só um objetivo contava: a vitória total, aquilo que, na Segunda Guerra Mundial, viria a chamar-se “rendição incondicional”.
Era um objetivo absurdo, que trazia em si a derrota e que arruinou vencedores e vencidos; que empurrou os derrotados para a revolução e os vencedores para a bancarrota e a exaustão física. Em 1940, a França foi atropelada com ridícula facilidade e rapidez por forças alemãs inferiores e aceitou sem hesitação a subordinação a Hitler porque o país havia sangrado até quase a morte em 1914-18. A Grã-Bretanha jamais voltou a ser a mesma após 1918, porque o país arruinara sua economia travando uma guerra que ia muito além de seus recursos. Além disso, a vitória total, ratificada por uma paz punitiva, imposta, arruinou as escassas possibilidades existentes de restaurar alguma coisa que guardasse mesmo fraca semelhança com uma Europa estável, liberal e burguesa.
O acordo de paz imposto pelas grandes potências vitoriosas sobreviventes (EUA, Grã-Bretanha, França, Itália) era dominado por cinco considerações. A mais imediata era o colapso de tantos regimes na Europa e o surgimento na Rússia de um regime bolchevique revolucionário alternativo, dedicado à subversão universal, um ímã para forças revolucionárias de todas as partes. Segundo, havia a necessidade de controlar a Alemanha. Esse era o maior interesse da França. Terceiro, o mapa da Europa tinha de ser redividido e retraçado, tanto para enfraquecer a Alemanha quanto para preencher os grandes e
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A única arma tecnológica que teve um efeito importante na 1ª G.M. foi o submarino. Como todos os suprimentos da Grã-Bretanha eram transportados por mar, parecia factível estrangular as ilhas britânicas mediante uma guerra submarina cada vez mais implacável contra os navios. A campanha chegou perto do êxito em 1917, antes que se descobrissem meios efetivos de contê-la, porém fez mais do que qualquer outra coisa para arrastar os EUA à guerra. Os britânicos, por sua vez, fizeram o melhor possível para bloquear os suprimentos da Alemanha, ou seja, matar de fome a economia e a população alemãs. Foram mais eficazes do que deveriam.
A mera superioridade do exército alemão enquanto força militar poderia ter-se mostrado decisiva se, a partir de 1917, os aliados não tivessem podido valer-se dos recursos praticamente ilimitados dos EUA. Na verdade, a Alemanha, mesmo entravada pela aliança com a Áustria, assegurou a vitória total no Leste, expulsando a Rússia da guerra para a revolução e para fora de grande parte de seus territórios europeus em 1917-18. Pouco depois de impor a paz punitiva de Brest-Litowsk (março de 1918), o exército alemão, agora livre para concentrar-se no Ocidente, na verdade rompeu a Frente Ocidental e avançou de novo sobre Paris. Graças à inundação de reforços e equipamentos americanos, os aliados se recuperaram. Era o último lance de uma Alemanha exausta, que se sabia perto da derrota. Assim que os aliados começaram a avançar, no verão de 1918, o fim era apenas uma questão de semanas. As Potências Centrais não só admitiram a derrota, mas desmoronaram. A revolução varreu o Sudeste e o Centro da Europa no outono de 1918, como varrera a Rússia em 1917. Nenhum governo ficou de pé entre as fronteiras da França e o mar do Japão. Mesmo os beligerantes do lado vitorioso ficaram abalados. Certamente, nenhum dos países derrotados escapou da revolução.
A maioria das guerras não revolucionárias e não ideológicas do passado não se travara sob a forma de lutas de morte ou que prosseguissem até a exaustão total. Certamente, não era a ideologia que dividia os beligerantes em 1914, exceto no fato de que, em ambos os lados, a guerra tinha de ser travada mediante a mobilização da opinião pública, isto é, alegando algum profundo desafio a valores nacionais aceitos, como o barbarismo russo contra a cultura alemã. A 1ª G. M. foi travada como um tudo ou nada. Ao contrário das anteriores, tipicamente travadas em torno de objetivos específicos e limitados, a disputa se dava por metas ilimitadas. Na Era dos Impérios, a política e a economia haviam se fundido. A rivalidade política internacional se modelava no crescimento e competição econômicos. O traço característico disso era, precisamente, não ter limites.
Para os dois principais oponentes, o céu tinha de ser o limite, pois a Alemanha queria uma política e posição marítima globais, como as que então ocupavam os britânicos, com o conseqüente relegamento de uma já declinante Grã-Bretanha a um status inferior. Era uma questão de ou uma ou outra. Para a França, então e depois, os objetivos em jogo eram menos globais, mas igualmente urgentes: compensar sua crescente e aparentemente inevitável inferioridade demográfica e econômica frente à Alemanha. Também aqui a questão era o futuro da França como grande potência. No papel, sem dúvida, era possível o acordo neste ou naquele ponto dos quase megalomaníacos “objetivos de guerra” que os dois lados formularam assim que o conflito estourou. Na prática, porém, só um objetivo contava: a vitória total, aquilo que, na Segunda Guerra Mundial, viria a chamar-se “rendição incondicional”.
Era um objetivo absurdo, que trazia em si a derrota e que arruinou vencedores e vencidos; que empurrou os derrotados para a revolução e os vencedores para a bancarrota e a exaustão física. Em 1940, a França foi atropelada com ridícula facilidade e rapidez por forças alemãs inferiores e aceitou sem hesitação a subordinação a Hitler porque o país havia sangrado até quase a morte em 1914-18. A Grã-Bretanha jamais voltou a ser a mesma após 1918, porque o país arruinara sua economia travando uma guerra que ia muito além de seus recursos. Além disso, a vitória total, ratificada por uma paz punitiva, imposta, arruinou as escassas possibilidades existentes de restaurar alguma coisa que guardasse mesmo fraca semelhança com uma Europa estável, liberal e burguesa.
O acordo de paz imposto pelas grandes potências vitoriosas sobreviventes (EUA, Grã-Bretanha, França, Itália) era dominado por cinco considerações. A mais imediata era o colapso de tantos regimes na Europa e o surgimento na Rússia de um regime bolchevique revolucionário alternativo, dedicado à subversão universal, um ímã para forças revolucionárias de todas as partes. Segundo, havia a necessidade de controlar a Alemanha. Esse era o maior interesse da França. Terceiro, o mapa da Europa tinha de ser redividido e retraçado, tanto para enfraquecer a Alemanha quanto para preencher os grandes e
A França contratou um pessoa para se infiltrar e descobrir o plano da Alemanha e então pegou a Alemanha e enfraqueceu matando 300 soldados na noite