Oque foi o relato de Flexner?

Como surgiu/ quando foi aplicado/ quais as conseqüências para a medicina?

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  • Como sabemos, a odontologia advém da área de conhecimento do campo das ciências médicas e, por conseguinte, tem seu marco conceitual e seu alicerce na medicina científica. O seu paradigma começa quando se institucionaliza o Relatório Flexner que pretendeu a reformulação do ensino médico no século 20 na Faculdade de Medicina de Johns Hopkins, e publicado em 1910, conjuntamente com a Fundação Carneger dos Estados Unidos (Mendes, 1985). O Relatório Flexner apresenta as seguintes sugestões: 1) definição de padrões de entrada e ampliação, para quatro anos, da duração dos cursos; 2) introdução ao ensino laboratorial; 3) estímulo à docência em tempo integral; 4) expansão do ensino clínico, especialmente hospital; 5) vinculação das escolas médicas às universidades; 6) ênfase na pesquisa biológica como forma de superar a era empírica do ensino médico; 7) estímulo à especialização médica; 8) vinculação da pesquisa ao ensino; e 9) controle do exercício profissional pela profissão organizada.

    Surge o modelo de prática odontológica conhecida como odontologia científica ou flexneriana (Mendes, 1985). Esse modelo expressa um conjunto que envolve o mecanicismo, biologicismo, individualismo, especialismo, especialização, exclusão de práticas alternativas, tecnicista do ato odontológico, com ênfase na odontologia curativa e de gestão tecnocrática.

    A prática odontológica é, portanto, baseada nesse modelo, embora demonstre ser ineficaz, na medida em que não responde, em níveis significativos, aos problemas de saúde bucal da população, e ineficiente, uma vez que é de alto custo e baixíssimo rendimento, apesar de apresentar um grande desenvolvimento científico e tecnológico, experimentado pela odontologia brasileira. A prática odontológica, ao final do século passado, vem carregando uma grande contradição, que é retratada na evolução técnica da odontologia, com novos equipamentos, medicamentos e procedimentos mais simplificados, porém com seu alcance social mínimo, o que torna cientificamente questionáveis as medidas de intervenção, fazendo com que o modelo assistencial seja de alta complexidade e com ênfase no enfoque curativo.

  • O influente relatório de Flexner, de 1910, introduziu uma abordagem científica à educação médica que levou ao fechamento de mais da metade das faculdades de medicina nos Estados Unidos e fortaleceu a confiança do público de que todos os médicos teriam padrões similares de conhecimentos, habilidades e competências. Menos de uma década mais tarde, a demanda pela formação de

    trabalhadores de campo para campanhas de saúde pública foi parte da base lógica para a construção de faculdades de saúde pública na China, nos Estados Unidos, na Iugoslávia e em muitos outros países

    O paradigma da medicina científica começa a institucionalizar-se com a criação, em 1893, da Faculdade de Medicina da Universidade de Johns Hopkins. Contudo, a consolidação desse processo se dá através das recomendações do famoso Relatório Flexner, publicado em 1910, pela Fundação Carnegie.

    Esse relatório não surge, aleatoriamente, como mais um simples documento dos reformistas da Era Progressista, mas como produto da iniciativa de uma fundação que escolheu, como objetivo de seu trabalho, estudos no campo da educação profissional em direito, teologia e medicina.

    O Relatório Flexner poderia ter tido o mesmo destino de centenas de documentos preparados na Era Progressista, e que não foram levados à prática. Ele vingou, no entanto, porque as fundações privadas americanas aplicaram, em sua implementação, mais de 150 milhões de dólares, em 20 anos.

    Além desse interesse das grandes indústrias, há que se ressaltar a participação, na origem e na consecução do Relatório Flexner, da profissão organizada, via Associação Médica Americana

    Pode-se concluir, pois, que a medicina científica se institucionalizou, através da ligação orgânica entre o grande capital, a corporação médica e as universidades. O novo paradigma determinou mudanças substantivas no objeto, nos propósitos, nos recursos e nos agentes da medicina, levando à configuração de um marco conceitual, que passa a referenciar a prática e a educação médicas.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext...

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