O Tráfico Negreiro trouxe ao Brasil negros de diversas regiões africanas, principalmente da África Meridional, Ilhas do Golfo da Guiné, Costa Ocidental e Costa Oriental da África. Os negros trazidos para o Brasil pertenciam principalmente a dois grupos: os sudaneses (que compreendiam os iorubas, os jejes, os minas, os fantis) e os bantos (compreendiam os angolas, os benguelas, os congos -cambidas-, e os moçambiques). Os sudaneses foram introduzidos inicialmente na Bahia, de onde se espalharam pelas regiões vizinhas. Os bantos foram trazidos para o Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco, inicialmente, e depois São Paulo, Minas Gerais e Amazonas. Os Fulas e os Mandes, grupos negros islamizados, vieram para o Brasil juntamente com os sudaneses. A diáspora foi favorecida para as regiões da Bahia, Pernambuco, primeiramente, devido à proximidade do litoral africano de onde eram exportados os negros. Negros vindos da Guiné, situaram-se principalmente nas regiões açucareiras (Pernambuco, Maranhão, Bahia e Grão- Pará), os da Costa da Angola situaram-se na Bahia, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo e região Centro-Sul. Os vindos da região da Costa da Mina para as províncias do Grão- Pará e do Maranhão. Os principais pontos de abastecimento de escravos, pelo menos entre os séculos 17 e 18 eram o Senegal, Gâmbia a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos. O delta do Níger, o Congo e Angola foram grandes exportadores nos séculos 18 e 19.
Mas quantos escravos foram afinal transportados pelo Atlântico?
Há divergência entre os historiadores, alguns chegaram a projetar 50 milhões, outros estimam que entre 9 e 10 milhões, sendo a metade deles da África Ocidental. O tráfico foi o principal responsável pelo vazio demográfico que acometeu a África no século 19. Não bastando apenas o tráfico, o neocolonialismo feito pela Europa, ao dividir as regiões africanas, acabou por deixar em uma mesma nação tribos africanas de diferentes culturas gerando entre eles conflitos, inclusive guerras civis. Essas lutas geraram uma crônica instabilidade em grande parte do Continente que contribuiu para afastar os investimentos necessários ao seu progresso. Hoje a África, com exceção da África do Sul, Nigéria e o Quênia, encontra-se praticamente abandonada pelos interesses internacionais. Os demais parecem ter mergulhado numa interminável guerra tribal, provocando milhões de foragidos Essas lutas geraram uma crônica instabilidade em grande parte do Continente que contribuiu para afastar os investimentos necessários ao seu progresso. No caso do Brasil o hibridismo cultural não contribuiu de forma efetiva para a perpetuação da cultura negra, pois, a partir do momento em que ocorreu uma miscigenação entre a cultura originalmente africana e as limitações encontradas no Brasil, houve uma certa obrigação de se formar uma nova alternativa para que não fosse apagada de forma tão brutal a essência africana já abandonada uma vez ao serem ?convidados a virem visitar nossa tão bela pátria?. Não há como negar que esse processo miscigenador tenha contribuído para a formação da cultura brasileira, porém essa nova cultura não tinha mais a mesma base trazida da África. É hora, pois, de pararmos de jogar pedras sobre o passado colonial e assumirmos a responsabilidade pelo destino dos povos que ajudaram a desenvolver nosso país.
O que mais me chama a atenção na História da África é a animalização do povo para justificar o tráfico negreiro. Não se fala que eram organizados em aldeias/ reinos...não se fala que tinham conhecimento de mineração, ourivesaria, medicina, contabilidade. Tampouco que os senhores encomendavam mão-de-obra especializada e muitas tecnologias aqui implantadas foram trazidas pelos escravos, como a irrigação e ferramentas para agricultura.
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O Tráfico Negreiro trouxe ao Brasil negros de diversas regiões africanas, principalmente da África Meridional, Ilhas do Golfo da Guiné, Costa Ocidental e Costa Oriental da África. Os negros trazidos para o Brasil pertenciam principalmente a dois grupos: os sudaneses (que compreendiam os iorubas, os jejes, os minas, os fantis) e os bantos (compreendiam os angolas, os benguelas, os congos -cambidas-, e os moçambiques). Os sudaneses foram introduzidos inicialmente na Bahia, de onde se espalharam pelas regiões vizinhas. Os bantos foram trazidos para o Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco, inicialmente, e depois São Paulo, Minas Gerais e Amazonas. Os Fulas e os Mandes, grupos negros islamizados, vieram para o Brasil juntamente com os sudaneses. A diáspora foi favorecida para as regiões da Bahia, Pernambuco, primeiramente, devido à proximidade do litoral africano de onde eram exportados os negros. Negros vindos da Guiné, situaram-se principalmente nas regiões açucareiras (Pernambuco, Maranhão, Bahia e Grão- Pará), os da Costa da Angola situaram-se na Bahia, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo e região Centro-Sul. Os vindos da região da Costa da Mina para as províncias do Grão- Pará e do Maranhão. Os principais pontos de abastecimento de escravos, pelo menos entre os séculos 17 e 18 eram o Senegal, Gâmbia a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos. O delta do Níger, o Congo e Angola foram grandes exportadores nos séculos 18 e 19.
Mas quantos escravos foram afinal transportados pelo Atlântico?
Há divergência entre os historiadores, alguns chegaram a projetar 50 milhões, outros estimam que entre 9 e 10 milhões, sendo a metade deles da África Ocidental. O tráfico foi o principal responsável pelo vazio demográfico que acometeu a África no século 19. Não bastando apenas o tráfico, o neocolonialismo feito pela Europa, ao dividir as regiões africanas, acabou por deixar em uma mesma nação tribos africanas de diferentes culturas gerando entre eles conflitos, inclusive guerras civis. Essas lutas geraram uma crônica instabilidade em grande parte do Continente que contribuiu para afastar os investimentos necessários ao seu progresso. Hoje a África, com exceção da África do Sul, Nigéria e o Quênia, encontra-se praticamente abandonada pelos interesses internacionais. Os demais parecem ter mergulhado numa interminável guerra tribal, provocando milhões de foragidos Essas lutas geraram uma crônica instabilidade em grande parte do Continente que contribuiu para afastar os investimentos necessários ao seu progresso. No caso do Brasil o hibridismo cultural não contribuiu de forma efetiva para a perpetuação da cultura negra, pois, a partir do momento em que ocorreu uma miscigenação entre a cultura originalmente africana e as limitações encontradas no Brasil, houve uma certa obrigação de se formar uma nova alternativa para que não fosse apagada de forma tão brutal a essência africana já abandonada uma vez ao serem ?convidados a virem visitar nossa tão bela pátria?. Não há como negar que esse processo miscigenador tenha contribuído para a formação da cultura brasileira, porém essa nova cultura não tinha mais a mesma base trazida da África. É hora, pois, de pararmos de jogar pedras sobre o passado colonial e assumirmos a responsabilidade pelo destino dos povos que ajudaram a desenvolver nosso país.
O que mais me chama a atenção na História da África é a animalização do povo para justificar o tráfico negreiro. Não se fala que eram organizados em aldeias/ reinos...não se fala que tinham conhecimento de mineração, ourivesaria, medicina, contabilidade. Tampouco que os senhores encomendavam mão-de-obra especializada e muitas tecnologias aqui implantadas foram trazidas pelos escravos, como a irrigação e ferramentas para agricultura.
Boa sorte.