Alguém lê um trecho do meu livro?? Preciso de ajuda!!!?

Oi...

A estória é narrada em primeira pessoa e em alguns momentos meu personagem narra ocasiões em que ele não está presente.

Uma amiga está lendo e disse que achou isso estranho, que isso confunde um pouco e não tenho exatamente como explicar como ele pode narrar um evento em que não está presente. O que acham?? Vou colocar um trecho aqui... me ajudem!!!

Quando ainda crianças Julia e eu tínhamos esse tal hábito de nos refugiar na praça central quando qualquer dos dois precisasse de abrigo. Não muita gente costumava ir lá. E aqueles que iam, - os que geralmente alimentavam os pássaros, ou turistas. - não tinham a intenção de nos incomodar. Era o nosso point quando precisávamos desabafar ou conversar. Algumas vezes, as poucas em que ficávamos longe um do outro, acolhíamos nosso refúgio como um ótimo lugar para pensar, meditar...o que geralmente não fazíamos sem consultar o outro ou opinar sobre o que ambos achavam sobre determinada decisão.

O irritante em tudo era que por mais indignados que estivéssemos nós sempre rumávamos nossos pés para este tão previsível lugar onde sabíamos que muito provável nos encontraríamos.

Hoje eu tinha a plena certeza de que não seria diferente. Julia estaria lá a me esperar, como em outras ocasiões, naquele banco de praça. Sentada, o olhar caído de quem estivera triste. Possivelmente pensando no quanto algumas vezes eu era estúpido e insensível, o que na grande maioria das vezes eu era.

Talvez por saber que eu tenho essa formação familiar conturbada ela simplesmente decidisse por seus sentimentos e angústias de lado e ouvir a mim e os meus devaneios, o que era provável que ela julgasse mais importante que seus problemas e pensamentos. Porém, algumas vezes ela me abordava com seu doce olhar o que deixava meu coração inquieto nas ocasiões em geral, entretanto minha genética egoísta desviava meu coração de ouvir outro que tanto necessitava de acalento.

Algumas vezes, tenho percebido isso, as garotas necessitam de mais atenção que nós, caras. Talvez por Julia muitas vezes parecer alguém madura e complexa, inteligente e experiente eu pensasse que ela fosse do tipo que não necessitava de outro alguém, mas mesmo que eu não fizesse a menor idéia disso, eu estava terrivelmente enganado.

Assim como duas vidas, mesmo intensamente ligadas, rumam para direções opostas às coisas estavam para mudar. Sim, eu estava certo. Minha amiga estava lá, a me esperar, como sempre fizera. Como eu previa e tinha plena certeza de que sempre faria. Simplesmente a me esperar. E eu um bobo pensando que as coisas para sempre seriam assim. Mas as coisas mudam, a vida muda, pessoas surgem... essa é a regra.

A vida estava lá em minhas mãos onde sempre estivera. Era apenas uma simples questão de escolha, uma que eu devia ter tomado no momento certo. Mas às vezes deixamos as coisas importantes para mais tarde, e esses objetos tão inestimáveis tornam-se com real significancia para outros também. O problema se encontra em pensarmos que talvez nossos tesouros estejam seguros e bem guardados e que ninguém nunca vai encontrá-los. O grande erro da autoconfiança. O quanto eu estava enganado!

Julia achava-se mais ou menos como eu previra. Chutando uma pedra pelo caminho, pisando nas folhas secas que ficam no canteiro da rua a escutar o som que faziam ao serem pisadas, o que certa vez ela me explicara ser algo tão relaxante quanto o saco bolha. Sim, eu acertara novamente! Estava encaminhando-se na direção do banco em que ficaria enquanto aguardava a minha chegada.

Sentou-se. Abriu um livro que estivera lendo durante as férias. A multa na biblioteca pública já excedia o valor de sua mesada, mas ela não se importava. Folheou algumas outras vezes as páginas de Molin Rouge sem demonstrar interesse em Toulouse-Lautrec.

Ela passou os olhos pelo lugar, colocou o cabelo para trás da orelha, remexeu-se no banco, tirou o cabelo de trás da orelha e começou a bater o pé com impaciência. Estava começando a sentir-se uma idiota ali, a me esperar. Afinal, perguntava-se, por que cabia a ela assumir tal atitude e não a mim?

Suspirou, olhou ao redor novamente. Não estava muito cheio. Talvez devesse dar uma caminhada. Por que não? Quem sabe eu fosse realmente ao seu encontro e ela pudesse ver minha cara de babaca à distância.

Havia um lago protegido por um cercado com um aviso à alguns metros de distância. Às vezes era enjoativo olhar o balanço das águas, mas em situações como essa talvez fosse relaxante. Julia caminhou então lentamente naquela direção passando seus olhos encantadores por cada milímetro do lugar como se fosse esbarrar em mim a qualquer instante. Mas no momento seguinte repreendeu a si mesma mentalmente por não conseguir parar de pensar em mim. Sabia que era exatamente o que eu imaginaria que ela estaria fazendo.

Update:

Passar a limpo é um desafio e sempre encontro defeitos não importa quantas vezes eu releia. Obrigada por lerem e por toda a atenção, me importo com o ponto de vista do leitor e como autora sei o que eu quis passar, mas a insegurança sempre existe. A literatura não tem regras e cada um encontra o seu jeito próprio de escrever, o seu estilo...

Decidi deixar da maneira que está porque do meu ponto de vista esse trecho não está tão estranho, só diferente e o diferente nem sempre é bem aceito. Pode ser questão de estilo, um dia talvez eu mude. Mas não agora. Mesmo assim obrigada a todos pela colaboração!!!

Comments

  • O narrador é em 1a pessoa. Voce poe como se estivesse dentro da cabeça dele, o personagem ás vezes divaga,..

    Mas a narrativa está coerente, você nao foge junto com os pensamentos do personagens, voltando para Julia. Eu, pelo menos como leitora consegui acompanhar suas ideias

    Vá em frente, voce tem muita sensibilidade, e jeito para escrever,

  • Eu também iniciei um romance. Sou de Manaus e pretendo explorar no livro as caraterísticas da Amazônia como plano de fundo. Também sou iniciante.

    Tenho uma dica para você. Eu encontrei na internet há algum tempo, esse livro:

    "Técnicas para Escrever Ficção", do escritor Júlio Rocha. Eu comprei esse livro e, realmente, ele traça algumas técnicas muito boas e profissionais para escritores iniciantes.

    Se tiver interesse, veja no link abaixo

    http://www.jrocha.com.br/livros

    O livro aparece é o segundo apresentado no blog dele. Eu comprei no ano passado.

    Lembrando que o livro fala em detalhe sobre essa sua dúvida.

  • se ela estiver obsevando ela não tem problema.. mais se não.. fica muito loco.... no começo eu até pensei que por ele conhece-la tanto ele imagina tudo o que ela ela esta fazendo exatamnete... mais depois ficou estranho... acho que se fosse narrador observador seria mais pratica... ou então divida o livro entre a narração em primeira pessoa entre dos dois personagens... é sempre bom ver o ponto de vista de todo mundo... mais só com esse trxinho fica dificil.. tem uma conclusão mais definida... sorte.. bjinhos

    ps: eu tbm estou me aventurando em um livro... quando tiver coragem vou por um trxos aqui. pra conseguir opniões. que sempre são bem vindas.... boa noite!!!!!!!!!

  • Nao tem nada confuso,esta otimo! Voce pode mudar a pessoa ou "tempo" da narracao",de acordo com os fatos.NUNCA passe seu livro pra ninguem,antes de publicar seu romance!!! Boa sorte!

  • nesse trecho deu a entender que ele observava a cena toda a distancia, então não foi tããão estranho assim. Me passe esse seu livro posso lhe ajudar mais vendo ele pelo todo.

    [email protected]

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