resumo de obra O pagador de promessas?

Olá, gostaria que alguém me mandasse o resumo da obra de Dias Gomes, O Pagador de Promessas. Quem mandar corretamente, com vários ítens (sobre a obra, autor, estilo literário ) ganha 10.

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  • O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, foi encenado pela primeira vez em São Paulo, em 1960. Menos de dois anos depois, o filme baseado na peça já ganhava Palma de Ouro em Cannes.

    Zé-do-Burro, um sertanejo, carrega nas costas uma imensa cruz por mais de sete léguas, até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, para pagar uma promessa. Tudo o que ele quer é depositar a cruz dentro da igreja e pagar assim sua promessa, mas as coisas não serão tão fáceis.

    A peça é bonita, interessante, emocionante. Dias Gomes tem um impressionante ouvido para diálogo: não é à toa que seu O Bem Amado ainda é uma das melhores coisas que a TV já viu.

    Apesar disso, a estrutura maniqueísta da peça me pareceu mais velha do que andar pra frente: herói absolutamente sem máculas, puro, honrado, casto, etc etc, é brutalmente destruído por uma sociedade corrupta, gananciosa, mentirosa.

    Quantas vezes já não vimos essa história?

    * * *

    Dias Gomes era comunista convicto.

    Em um dado momento, a prostituta reclama que seu gigolô levou todo seu dinheiro e diz que é justo que fique ao menos com algum. Afinal, ela é que tinha trabalhado.

    E retruca o gigolô:

    E desde quando trabalhar dá direito a alguma coisa? Quem lhe meteu na cabeça essas idéias? Está virando comunista?

    Mais tarde, quando a mesma prostituta tem um acesso de ciúmes, o gigolô retruca:

    Se não for pra casa imediatamente, nunca mais eu deixo você me dar nada!

    Quando eu crescer, eu quero ser assim.

    * * *

    A história se passa em uma Salvador contemporânea e movimentada, com carros, trânsito, buzina, até merchandising. Entretanto, o personagem principal e sua esposa parecem saídos diretamente da Idade Média. A genialidade de Dias Gomes está em mostrar isso de forma sensível e simples.

    Desde o começo da peça, Zé-do-Burro e sua esposa falam que caminharam sete léguas até chegar à Igreja. É sete léguas pra cá, sete léguas pra lá, etc etc. Mas, na primeira vez que mencionam esse número para um soteropolitano, a reação deste é imediata e chega até a interromper o primeiro:

    Sete léguas? Quantos quilômetros?

    O leitor, empolgado, quase tem vontade de dizer: mas era justamente isso que eu queria perguntar desde o início da peça!

    Mas os sertanejos também não sabem. Quilômetros fazem tão pouco sentido pra eles quanto léguas pra nós.

    Em uma única frase, Dias Gomes delineou perfeitamente o enorme fosso que separava seus heróis sertanejos dos habitantes da moderna Salvador - e da massa dos seus leitores.

    Mais tarde na peça, Dias Gomes ainda tem a gentileza de solucionar nossa dúvida, através da boca do repórter que cobre o caso e faz a conversão das medidas, para melhor informar seus leitores: quarenta e dois quilômetros.

    * * *

    Meu momento preferido é já nas últimas páginas.

    Rosa, a esposa de Zé-do-Burro, está dividida entre ajudar seu marido a pagar sua promessa ou ir embora com o amante, com quem já transou, em um quarto de hotel, no começo da peça.

    De longe, o amante faz gestos para ela, chama para que venha com ele. Ela olha para seu marido, sentado na porta da igreja, consumido por sua promessa. Sim, pode até ser um bom homem, mas quem quer viver assim?

    Por fim, a tentação vence e, "quase que como atraída por um imã", ela começa a caminhar na direção do amante. O marido percebe o movimento de rabo de olho e interpela:

    Aonde vai, Rosa?

    Vou ali, já volto.

    Ali aonde?

    No hotel onde dormi. Lembrei agora que esqueci lá o meu lenço.

    Rosa!

    O que é?

    (Num apelo e numa advertência que é quase uma súplica) Deixe esse lenço pra lá.

    (Hesita ainda um pouco) Não posso, Zé. Eu preciso dele.

    Compro outro pra você, Rosa!

    Pra quê, Zé, gastar dinheiro a toa... É daquele que eu gosto!

    Ela sobe a ladeira, o amante passa o braço por sua cintura e ambos saem de cena abraçados.

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