Quais são as classificações possíveis para a produção poética do mundo greco-romano?

aquilo a que chamamos "poesia lírica" em chave hegeliana, distancia-se da concepção greco-romana de poesia. Discorra acerca das classificações possíveis para a produção poética do mundo greco-romano, que estão inseridas, aristotelicamente, na possibilidade de poesia que se ocupa, como objeto dos homens como nós.

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  • 1.) As teorias poéticas do gênero elegíaco entre os gregos e os romanos.

    2.) Antecedentes gregos arcaicos, clássicos e helenísticos. 3.) 0 surgimento do género em Roma - antecedentes latinos. 4.) As elegias metalingüisticas de Catulo.

    5.) As elegias metalingüísticas de Propércio.

    6.) As elegias metalingüisticas de Tibulo

    . 7.) As elegias metalingüisticas de Ovídio.

    8.) A constituição de uma temática amorosa em Roma.

    9.) Éthos, Fides e Verossimilhança na elegia.

    10.) A construção da persona elegíaca

    11) Lirico Romançe

    12) Liricos de escárnio

    13) Lirico de amizade

    14)- Trovadorismo

    Beijos

  • A poesia pode apresentar-se em composições muito variadas. Os antigos retóricos gregos dividiram-na em épica, lírica e dramática, divisão que, embora um tanto rígida, ainda é aceitável.

    A poesia épica, muito antiga, canta as façanhas de um herói ou de uma coletividade. As baladas ou cantos populares agrupam-se normalmente em círculos temáticos e, em muitas ocasiões, unificam-se na forma de um longo poema narrativo em que se simbolizam as aspirações e conquistas de uma raça ou povo. Esse tipo de poema recebe o nome de epopéia e exemplifica-se em obras como a Ilíada e a Odisséia, de Homero, ou o Mahabharata, da literatura hindu. Uma espécie muito importante de poema épico é a das canções de gesta medievais, voltadas para a figura de um herói nacional. À épica culta pertencem os poemas criados por um autor individual e que se acham desvinculados da tradição popular, como a Eneida, de Virgílio, ou Os lusíadas, de Camões.

    A lírica, que em suas origens era cantada, é o gênero mais subjetivo e o que reúne com maior freqüência as peculiaridades da poesia. Em geral, os poemas líricos são breves. Em seus versos o poeta quase sempre procura expressar emoções e o cerne de sua experiência pessoal. Inclui-se na lírica a mais típica "poesia popular", talvez a manifestação literária mais antiga.

    A poesia dramática é a das peças teatrais, que, durante muito tempo, foram escritas em verso. As paixões humanas constituem sua fonte de inspiração e costumam ser expressas na forma de diálogos e monólogos.

    Podem distinguir-se outros gêneros poéticos, dentre os quais um dos mais importantes é o da poesia didática, que apareceu como uma derivação da épica nos tempos clássicos. Nesse gênero, a poesia é utilizada como meio para expor com beleza temas científicos, técnicos, ou doutrinas filosóficas e religiosas. Aqui se encontram obras como De natura deorum (Sobre a natureza dos deuses), de Lucrécio, poeta romano do século I a.C., que o emprega para expor a doutrina do epicurismo. Cabe incluir também na poesia didática as fábulas ou as formas populares, como os refrães e adivinhações.

    Na evolução cultural das civilizações grega e latina, que formam a base da cultura ocidental, a poesia, no princípio essencialmente narrativa, assumiu características definidas. Foi nesses períodos clássicos que surgiram as primeiras formas fixas de poesia, em seus gêneros épico, lírico, dramático e didático.

    Na poesia épica (do grego épos, "canto", "narrativa" ), o tom eloqüente dos versos (hexâmetros) e a duração das vogais são notórios e parecem indicar suas raízes primitivas, como se tivessem sido criados para serem ditos em voz alta. O estudo de textos e fatos da época levou os historiadores a concluírem que esse poema só poderia ser uma suma popular transmitida oralmente de geração a geração, num processo de que participaram sucessivos poetas. Com a escrita, a tradição pôde passar a ser reunida por um autor, numa obra.

    A poesia lírica nasceu da fusão do poema épico com o instrumento que o acompanhava, a lira. As formas foram diversificando-se a seguir. Surgiram outras variedades, como a ode, a elegia, os epitáfios, as canções, as baladas e outras desenvolvidas posteriormente, como o madrigal e o soneto.

    Safo, poetisa do século VI a.C., inspirou-se nas musas para escrever elegias, hinos e epitalâmios (cantos nupciais). Píndaro foi o primeiro grande criador de odes, forma poética que ainda conservava a narrativa heróica, embora já admitisse uma voz pessoal, subjetiva, que retratava as experiências do próprio autor. Simônides de Ceos foi grande criador de epitáfios, poesia em memória dos heróis mortos. Outra forma lírica derivada é a poesia bucólica, de que Teócrito, no século III a.C., foi grande cultor. 0O traço primordial da poesia lírica, na época, era a maior liberdade quanto ao número de sílabas dos versos. Essa forma foi mais trabalhada pelos poetas latinos, inspirados nos gregos.

    A poesia dramática é mais um desdobramento da narrativa épica que, no entanto, transfigurava os narradores nos personagens da ação teatral. O sabor lírico aparecia na exposição dos estados emotivos dos personagens. As peças de Sófocles, Ésquilo e Eurípides, os três grandes poetas dramáticos da antiguidade, até hoje são representadas em todas as partes do mundo. Nos tempos atuais, o teatro poético ainda é uma forma utilizada por escritores como Paul Claudel e T. S. Eliot. José de Anchieta, em sua campanha de catequese no Brasil do século XVI, usou um subgênero dramático, o auto sacramental, como forma de difusão do cristianismo entre os indígenas.

    Há vestígios da cultura latina, muito influenciada pela literatura grega, em todo o Ocidente. Virgílio, autor do poema Eneida, é o épico por excelência dessa tradição, embora apresente também uma veia lírica, assim como as Metamorfoses de Ovídio. Plauto e Terêncio adaptaram os dramas gregos, enquanto Horácio, Pérsio e Juvenal adotaram a sátira, uma nova modalidade de expressão que também fundia as técnicas épicas e líricas.

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