Ola! Você conhece poesias da época do romantismo brasileiro?

Tenho que escolher uma poesia do romantismo (sec. XIX) brasileira q não apresente caracteristicas tão morbidas vocês sabem de alguma?

Muito obrigado!

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  • Simpatia – é o sentimento

    Que nasce num só momento

    Sincero, no coração.

    São dois olhares acesos

    Bem juntos, unidos, presos

    Numa mágica atração.

    Simpatia – são dois galhos

    Banhados de bons orvalhos.

    Nas mangueiras do jardim.

    Bem longe às vezes nascidos,

    Mas que se juntam crescidos

    E que se abraçam por fim.

    São duas almas bem gêmeas

    Que riem no mesmo riso

    Que choram dos mesmos ais.

    São vozes de dois amantes.

    Duas liras semelhantes

    Ou dois poemas iguais.

    Simpatia – meu anjinho

    É o canto de passarinho

    É o doce aroma da flor;

    São nuvens dum céu d`agosto

    É o que m´inspira teu rosto...

    Simpatia – é quase amor!

    Casimiro de Abreu

  • OI jacke...

    Gonçalves Dias:

    Canção do Exílio

    Minha terra tem palmeiras,

    Onde canta o sabiá;

    As aves, que aqui gorjeiam,

    Não gorjeiam como lá.

    Nosso céu tem mais estrelas,

    Nossas várzeas tem mais flores,

    Nossos bosques tem mais vida,

    Nossa vida mais amores.

    Em cismar, sozinho, à noite,

    Mais prazer encontro eu lá;

    Minha terra tem palmeiras,

    Onde canta o sabiá.

    Minha terra tem primores,

    Que tais não encontro eu cá;

    Em cismar - sozinho, à noite -

    Mais prazer encontro eu lá;

    Minha terra tem palmeiras,

    Onde canta o Sabiá.

    Não permita Deus que eu morra,

    Sem que eu volte para lá;

    Sem que desfrute os primores

    Que não encontro por cá;

    Sem qu'inda aviste as palmeiras,

    Onde canta o Sabiá.

    Um abraço.

  • Odeio literatura....

  • Junqueira Freire é da segunda escola, mas não tão gótico.

    Então tá ai:

    Teus Olhos

    Que lindos olhos

    Que estão em ti!

    Tão lindos olhos

    Eu nunca vi...

    Pode haver belos

    Mas não tais quais;

    Não há no mundo

    Quem tenha iguais.

    São dois luzeiros,

    São dois faróis:

    Dois claros astros,

    Dois vivos sóis.

    Olhos que roubam

    A luz de Deus:

    Só estes olhos

    Podem ser teus.

    Olhos que falam

    Ao coração:

    Olhos que sabem

    Dizer paixão.

    Têm tal encanto

    Os olhos teus!

    — Quem pode mais?

    Eles ou Deus?

    Espero que goste...

    Valeu!

  • Meu desejo (Álvares de Azevedo)

    Meu desejo? era ser a luva branca

    Que essa tua gentil mãozinha aperta:

    A camélia que murcha no teu seio,

    O anjo que por te ver do céu deserta....

    Meu desejo? era ser o sapatinho

    Que teu mimoso pé no baile encerra....

    A esperança que sonhas no futuro,

    As saudades que tens aqui na terra....

    Meu desejo? era ser o cortinado

    Que não conta os mistérios do teu leito;

    Era de teu colar de negra seda

    Ser a cruz com que dormes sobre o peito.

    Meu desejo? era ser o teu espelho

    Que mais bela te vê quando deslaças

    Do baile as roupas de escomilha e flores

    E mira-te amoroso as nuas graças!

    Meu desejo? era ser desse teu leito

    De cambraia o lençol, o travesseiro

    Com que velas o seio, onde repousas,

    Solto o cabelo, o rosto feiticeiro....

    Meu desejo? era ser a voz da terra

    Que da estrela do céu ouvisse amor!

    Ser o amante que sonhas, que desejas

    Nas cismas encantadas de languor!

    Beijo eterno (Castro Alves)

    Quero um beijo sem fim,

    Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!

    Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo,

    Beija-me assim!

    O ouvido fecha ao rumor

    Do mundo, e beija-me, querida!

    Vive só para mim, só para a minha vida,

    Só para o meu amor!

    Fora, repouse em paz

    Dormindo em calmo sono a calma natureza,

    Ou se debata, das tormentas presa,

    Beija inda mais!

    E, enquanto o brando calor

    Sinto em meu peito de teu seio,

    Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,

    Com o mesmo ardente amor!

    ...

    Diz tua boca: "Vem!"

    Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama

    Todo o meu corpo que o teu corpo chama:

    "Morde também!"

    Ai! morde! que doce é a dor

    Que me entra as carnes, e as tortura!

    Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,

    Morto por teu amor!

    Quero um beijo sem fim,

    Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!

    Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!

    Beija-me assim!

    O ouvido fecha ao rumor

    Do mundo, e beija-me, querida!

    Vive só para mim, só para a minha vida,

    Só para o meu amor!

    Se se morre de amor! (Gonçalves Dias)

    Se se morre de amor! — Não, não se morre,

    Quando é fascinação que nos surpreende

    De ruidoso sarau entre os festejos;

    Quando luzes, calor, orquestra e flores

    Assomos de prazer nos raiam n'alma,

    Que embelezada e solta em tal ambiente

    No que ouve, e no que vê prazer alcança!

    Simpáticas feições, cintura breve,

    Graciosa postura, porte airoso,

    Uma fita, uma flor entre os cabelos,

    Um quê mal definido, acaso podem

    Num engano d'amor arrebatar-nos.

    Mas isso amor não é; isso é delírio,

    Devaneio, ilusão, que se esvaece

    Ao som final da orquestra, ao derradeiro

    Clarão, que as luzes no morrer despedem:

    Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,

    D'amor igual ninguém sucumbe à perda.

    Amor é vida; é ter constantemente

    Alma, sentidos, coração — abertos

    Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,

    D'altas virtudes, té capaz de crimes!

    Compr'ender o infinito, a imensidade,

    E a natureza e Deus; gostar dos campos,

    D'aves, flores, murmúrios solitários;

    Buscar tristeza, a soledade, o ermo,

    E ter o coração em riso e festa;

    E à branda festa, ao riso da nossa alma

    Fontes de pranto intercalar sem custo;

    Conhecer o prazer e a desventura

    No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto

    O ditoso, o misérrimo dos entes;

    Isso é amor, e desse amor se morre!

    Amar, e não saber, não ter coragem

    Para dizer que amor que em nós sentimos;

    Temer qu'olhos profanos nos devassem

    O templo, onde a melhor porção da vida

    Se concentra; onde avaros recatamos

    Essa fonte de amor, esses tesouros

    Inesgotáveis, d'ilusões floridas;

    Sentir, sem que se veja, a quem se adora,

    Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,

    Segui-la, sem poder fitar seus olhos,

    Amá-la, sem ousar dizer que amamos,

    E, temendo roçar os seus vestidos,

    Arder por afogá-la em mil abraços:

    Isso é amor, e desse amor se morre!

    Se tal paixão porém enfim transborda,

    Se tem na terra o galardão devido

    Em recíproco afeto; e unidas, uma,

    Dois seres, duas vidas se procuram,

    Entendem-se, confundem-se e penetram

    Juntas — em puro céu d'êxtases puros:

    Se logo a mão do fado as torna estranhas,

    Se os duplica e separa, quando unidos

    A mesma vida circulava em ambos;

    Que será do que fica, e do que longe

    Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?

    Pode o raio num píncaro caindo,

    Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;

    Pode rachar o tronco levantado

    E dois cimos depois verem-se erguidos,

    Sinais mostrando da aliança antiga;

    Dois corações porém, que juntos batem,

    Que juntos vivem, — se os separam, morrem;

    Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,

    Se aparência de vida, em mal, conservam,

    Ânsias cruas resumem do proscrito,

    Que busca achar no berço a sepultura!

    Esse, que sobrevive à própria ruína,

    Ao seu viver do coração, — às gratas

    Ilusões, quando em leito solitário,

    Entre as sombras da noite, em larga insônia,

    Devaneando, a futurar venturas,

    Mostra-se e brinca a apetecida imagem;

    Esse, que à dor tamanha não sucumbe,

    Inveja a quem na sepultura encontra

    Dos males seus o desejado termo!

    BEIJOS! BOA SORTE!

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