a dor do abandono....leiam e reflitam!!!?

Era uma manhã de sol quente e céu azul quando o humilde caixão contendo um corpo sem vida foi baixado à sepultura.

De quem se trata? Quase ninguém sabe.

Muita gente acompanhando o féretro? Não. Apenas umas poucas pessoas.

Ninguém chora. Ninguém sentirá a falta dela. Ninguém para dizer adeus ou até breve.

Logo depois que o corpo desocupou o quarto singelo do asilo, onde aquela mulher havia passado boa parte da sua vida, a moça responsável pela limpeza encontrou em uma gaveta ao lado da cama, algumas anotações.

Eram anotações sobre a dor...

Sobre a dor que alguém sentiu por ter sido abandonada pela família num lar para idosos...

Talvez o sofrimento fosse muito maior, mas as palavras só permitem extravasar uma parte desse sentimento, grafado em algumas frases:

Onde andarão meus filhos?

Aquelas crianças ridentes que embalei em meu colo, alimentei com meu leite, cuidei com tanto desvelo, onde estarão?

Estarão tão ocupadas, talvez, que não possam me visitar, ao menos para dizer olá, mamãe?

Ah! Se eles soubessem como é triste sentir a dor do abandono... A mais deprimente solidão...

Se ao menos eu pudesse andar... Mas dependo das mãos generosas dessas moças que me levam todos os dias para tomar sol no jardim... Jardim que já conheço como a palma da minha mão.

Os anos passam e meus filhos não entram por aquela porta, de braços abertos, para me envolver com carinho...

Os dias passam... e com eles a esperança se vai...

No começo, a esperança me alimentava, ou eu a alimentava, não sei...

Mas, agora... como esquecer que fui esquecida?

Como engolir esse nó que teima em ficar em minha garganta, dia após dia?

Todas as lágrimas que chorei não foram suficientes para desfaze-lo.

Sinto que o crepúsculo desta existência se aproxima...

Queria saber dos meus filhos... dos meus netos...

Será que ao menos se lembram de mim?

A esperança, agora, parece estar atrelada aos minutos... que a arrastam sem misericórdia... para longe de mim.

Às vezes, em meus sonhos, vejo um lindo jardim...

É um jardim diferente, que transcende os muros deste albergue e se abre em caminhos floridos que levam a outra realidade, onde braços afetuosos me esperam com amor e alegria...

Mas, quando eu acordo, é a minha realidade que eu vejo... que eu vivo... que eu sinto...

Um dia alguém me disse que a vida não se acaba num túmulo escuro e silencioso. E esse alguém voltou para provar isso, mesmo depois de ter sido crucificado e sepultado...

E essa é a única esperança que me resta...

Sinto que a minha hora está chegando...

Depois que eu partir, gostaria que alguém encontrasse essas minhas anotações e as divulgasse.

E que elas pudessem tocar os corações dos filhos que internam seus pais em asilos, e jamais os visitam...

Que eles possam saber um pouco sobre a dor de alguém que sente o que é ser abandonado...

.........................................

A data assinalada ao final da última anotação, foi a data em que aquela mãe, esquecida e só, partiu para outra realidade.

Talvez tenha seguido para aquele jardim dos seus sonhos, onde jovens afetuosos e gentis a conduzem pelos caminhos floridos, como filhos dedicados, diferentes daqueles que um dia ela embalou nos braços, enquanto estava na terra.

Comments

  • Ola denize, cada vez mais penso e começo a ter um grande carinho por tudo que voçe escreve , acho muito bom o seu texto adorei e isto não é por favor, não , eu também sou uma pessoa sentimental e conforme ia lendo meu coração apertava de um sentimento , e de uma verdade que atravessa corações, achei tao bonito mesmo sendo grande li por duas vezes para poder amainar a minha emoção , e isso tocou-me particularmente porque estou longe de minha mãe ,e nem sempre lhe posso dar o carinho que ela precisa, mas realmente eu sinto um no na garganta todos os dias por nao poder estar perto dela e dizer quanto a amo , e amarei, pois lhe telefono todos os fins de semana, e acabamos por chorar os dois, so espero que ela viva muitos anos para eu poder reconpensa-la com muito amor e carinho, eu por vezes dou comigo triste e a chorar, por estar longe e nada poder fazer,é mas é algo ao que a minha situação profissional me obrigou, mas Deus sabe quanto a amo, mas só peço a Deus que o que voçe escreveu sirva de período de refleçao a todos os corações de pedra que não dão valor a quem lhe deu a vida, achei muito bonito adoro os seus textos , um grande amigo.

  • Um dia estava no velorio e vieram me convidar para ajudar a conduzir um caixão para o tumulo, não havia mais que tres pessoas velando uma velhinha

  • juro que não li só senti.....quero só falar de amor hoje amanha quem sabe sempre...beijos

  • Nada na vida é desculpas para abandonar um ser humano. Pelo menos isto é o que penso.

    No entanto já vi casos de abandono por mágoas insuperáveis. Não costumo fazer julgamentos, porque a dor de uma pessoa pode ser imensa quando não consegue perdoar alguém. Há vários casos destes e mesmo sendo atitudes condenáveis perante a sociedade, todos serão responsáveis por seus atos perante Deus.

  • é muito bonita, faz a gente pensar , mamãe tá com alzhaimer mas nós nuca pensamos em colocá -la em um asilo, eu tomo conta dela e vou continuar até quando Deus permitir.

    beijos

  • Nos cuidamos dos meus avós ate a morte, nunca os abadonamos, vou cuidar dos meus pais tbm assim.eles são preciosos para mim. sou aquele filho que pede a benção para os pais ainda, uma coisa que esta sendo esquecida aqui na cidade grande.

  • o teclado embaça, vou chorar.

  • Ah, q coisa...

  • Realmente é muito triste vermos as pessoas abandonadas não só nos asilos, mas muitas vezes dentro de suas próprias casas.

    Quantos casais de idosos vivem esperando a visita dos filhos ou netos que nunca aparecem. Ou que sempre estão ocupados demais para dar-lhes atenção?

    Abraços

  • Que mensagem bonita e ao mesmo tempo triste... espero que estas simples palavras possa tocar nos corações de pedra e extinguir essa atitude injusta, com uma pessoa que dedica toda sua vida para cuidar das nossas, que dá sua vida pelas nossas...

    Parabéns pela atitude...

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