Crise do século XIV é a expressão utilizada para denominar um conjunto de fatores e eventos ocorridos no século XIV e que aceleraram a decadência do feudalismo e o fim da Idade Média na Europa Ocidental.
Causada por diversos motivos a crise teve origem na época em que não havia novas terras a serem ocupadas fazendo com que a produção não crescesse, uma vez que no sistema feudal uma maior produção significava anexar novas terras. Com a produção estagnada e uma população maior,a fome se espalhou na Europa. Além disso, a destruição das florestas e do meio ambiente ocorrida durante o século XII causou sérias mudanças climáticas, como por exemplo, severas chuvas. A Europa devastada pela fome, estava mais vulnerável a doenças como a Peste negra. Para agravar a situação existiam constantes guerras, a mais conhecida foi a Guerra dos Cem Anos. Tudo isto causou uma grande queda demográfica. Como havia menos pessoas para trabalhar, os nobres impuseram uma maior carga de trabalho sobre os camponeses, o que gerou revoltas populares como a Jacquerie e a Revolta camponesa de 1381.
Em Portugal não se passava apenas uma crise demográfica e económica, mas também a passar uma crise de sucessão: em 1383 Dom Fernando faleceu, como a sua única herdeira, Beatriz, de Portugal, era casada com João I de Castela, se fosse nomeada para governar Portugal, o reino corria sérios riscos de perder a sua independência. Esta decisão não agradava a algumas pessoas, então daí surgiram dois partidos, o do povo, baixa nobreza e burguesia que apoiavam Mestre de Avis e a independência de Portugal, e o da nobreza que apoiava Dona Beatriz. Com esta vitória na batalha de Aljubarrota, Mestre de Avis foi titulado de D. João I (o primeiro da Dinastia de Avis). Foi crise do século e tem como suas características o abalo das guerras, fome, epidemias acentuando assim o processo do capitalismo.
[editar] A peste negra
Ver artigo principal: Peste negra
Propagação da peste na Europa.Em Portugal a Peste Negra entrou em 1348. Alguns historiadores dizem que os primeiros casos se registaram na Primavera, mas outros garantem que foi só em Setembro[carece de fontes?]. De qualquer forma sabe-se que foi uma espécie de "praga – relâmpago". Até ao Natal, matou muito mais do que metade da população portuguesa, e depois desapareceu, e foi exactamente assim no resto da Europa. Como naquela época a medicina estava muito pouco desenvolvida, as pessoas pensavam que a peste era um castigo enviado por Deus. Na altura organizavam-se várias penitências, e os cristãos tentavam proteger-se usando estampas e relíquias de santos como São Sebastião e São Roque. Os físicos (médicos da altura) deram explicações mais racionais para a doença, mas nunca descobriram que a origem estava numa bactéria existente nos estômagos das pulgas dos ratos. Muitos físicos recusavam-se a visitar os pacientes, mas outros mais corajosos procuravam levar algum conforto à cabeceira dos pestilentos. Para evitarem o contágio usavam um traje especial. A única medida aconselhada era limpar o corpo com vinagre mas a maior parte dos tratamentos eram simples e mudavam de país para país. A peste negra foi se alastrando por todo a Europa atingindo até os mais ricos. A peste negra é também conhecida como peste bubônica.
"Fome monetária"
A escassez de moedas também foi uma fator importante na crise do século XIV. Causada pelo comércio de mão única, onde os comerciantes europeus compravam do oriente e vendiam na Europa, as moedas de metais preciosos ficaram escassas, criando uma situação de crise. Felipe, o Belo, rei da França, tentou amenizar a crise ao misturar outros metais às moedas. Esse fato foi percebido pelos comerciantes que aumentaram os preços dos produtos, criando inflação.
Alguns autores citam dois fatores para a crise do século XIV: ; a fome e a peste. A guerra mesmo não sendo um fator contribuiu para a crise. O crescimento do número de soldado para as guerras e posteriormente sua desmobilização, causou sérios problemas, pois como na época de trégua, os soldados não recebiam soldo praticavam saques e devastações nas áreas de cultivo, provocando, assim, insegurança e empobrecimento entre os camponeses.
No início de século XIV, a Europa enfrentou as consequências de terríveis mudanças climáticas - que tem origem nos arroteamentos do século XII - No início do século XIV violentas chuvas afetaram a produção de alimentos (chegando mesmo a ocorrer episódios de canibalismo).
Em 1348, iniciou-se na europa uma devastadora epidemia de peste. Originária do Oriente, a epidemia com duas variáveis, (peste pulmonar - negra - e peste bulbônica) chegou a Europa em embarcações genovesas. A taxa de mortalidade cresceu rapidamente, em face da desnutição da população e das precarias condições de higiene.
Uma vez infectada, a pessoa passava três dias expelindo sangue antes de morrer, sem que houvesse nehum tratamento capaz de curá-la. Os doentes infectados ficavam impedidos de fazer confisão, de receber a extrema-unção ou de ditar seu testamento, já que padres e funcionários se recusavam a entrar em contato com eles. Alguns estudiosos consideram essa epidemia mais um determinante de divisão social - pois ela atingiu principalmete os pobres.
" Na Sabóia, terminada a epidemia, antes de regressarem a suas casas devidamente desinfetadas, os ricos instalam durante algumas semanas uma pobre, a 'ensaiadeira' encaregada de verificar, com sua vida, se o perigo está afastado." Braudel, Fernand.
No século XIV, na Europa Ocidental, a população vivia dentro de determinadas características, que vinham sondo construídas desde o século III, e às quais denominamos Feudalismo. As relações de produção se baseavam no trabalho servil prestado fundamentalmente nas terras dos “senhores feudais”: os nobres e os elementos da alta hierarquia da Igreja Católica.
O crescimento da população, verificado entre os séculos XI e XIV, foi extraordinário. Os nobres aumentaram em número e tornaram-se mais exigentes com relação aos seus hábitos de consumo: isso determinava a necessidade de aumentar suas rendas e para consegui-lo, aumentou-se grandemente o grau de exploração da massa camponesa. Esta superexploração produziu protestos dos servos, consubstanciados em numerosas revoltas e fugas para as cidades. A repressão a esses movimentos foi enorme, mas a nobreza e o alto clero tiveram razões para temer por sua sobrevivência.
Paralelamente, importantes alterações do quadro natural provocaram sérias conseqüências. Durante o século XIII ocorrera uma expansão das áreas agrícolas, devido ao aproveitamento das áreas de pastagens e à derrubada de florestas. O desmatamento provocou alterações climáticas e chuvas torrenciais e contínuas, enquanto o aproveitamento da área de pastagens levou a uma diminuição do adubo animal, o que se refletirá na baixa produtividade agrícola. Com as péssimas colheitas que se verificaram, ocorreu uma alta de preços dos produtos agrícolas. Os europeus passaram a conviver com a fome.
Dificuldades econômicas de toda ordem assolavam a Europa, que passou a conviver com um outro problema: o esgotamento das fontes de minérios preciosos, necessários para a cunhagem de moedas, levando os reis a constantes desvalorizações da moeda. Isso só fazia agravar a crise.
No plano social, ao lado dos problemas já levantados, importa verificar o crescimento de um novo grupo: a burguesia comercial, residente em cidades que tendiam para uma expansão cada vez maior, pois passaram a atrair os camponeses e os elementos “marginais” da sociedade feudal.
Politicamente, a crise se traduz pelo fortalecimento da autoridade real, considerado necessário pela nobreza, temerosa do alcance das revoltas camponesas. A unificação política, ou surgimento dos Estados Nacionais, aparece, desta forma, como uma solução política para a nobreza manter sua dominação.
Finalmente, a crise se manifesta também no plano espiritual—religioso. Tantas desgraças afetaram profundamente as mentes dos homens europeus, traduzindo-se em novas necessidades espirituais (uma nova concepção do homem e do mundo) e religiosas (a igreja Católica não conseguia atingir tão facilmente os fiéis, necessitados de uma teologia mais dinâmica).
Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo ao Capitalismo. Para melhor compreenda-la, selecionamos alguns documentos que permitirão um entendimento das questões provocadas pela Peste Negra, no que se refere à demografia e às modificações na mentalidade da sociedade européia
Comments
Crise do século XIV é a expressão utilizada para denominar um conjunto de fatores e eventos ocorridos no século XIV e que aceleraram a decadência do feudalismo e o fim da Idade Média na Europa Ocidental.
Causada por diversos motivos a crise teve origem na época em que não havia novas terras a serem ocupadas fazendo com que a produção não crescesse, uma vez que no sistema feudal uma maior produção significava anexar novas terras. Com a produção estagnada e uma população maior,a fome se espalhou na Europa. Além disso, a destruição das florestas e do meio ambiente ocorrida durante o século XII causou sérias mudanças climáticas, como por exemplo, severas chuvas. A Europa devastada pela fome, estava mais vulnerável a doenças como a Peste negra. Para agravar a situação existiam constantes guerras, a mais conhecida foi a Guerra dos Cem Anos. Tudo isto causou uma grande queda demográfica. Como havia menos pessoas para trabalhar, os nobres impuseram uma maior carga de trabalho sobre os camponeses, o que gerou revoltas populares como a Jacquerie e a Revolta camponesa de 1381.
Em Portugal não se passava apenas uma crise demográfica e económica, mas também a passar uma crise de sucessão: em 1383 Dom Fernando faleceu, como a sua única herdeira, Beatriz, de Portugal, era casada com João I de Castela, se fosse nomeada para governar Portugal, o reino corria sérios riscos de perder a sua independência. Esta decisão não agradava a algumas pessoas, então daí surgiram dois partidos, o do povo, baixa nobreza e burguesia que apoiavam Mestre de Avis e a independência de Portugal, e o da nobreza que apoiava Dona Beatriz. Com esta vitória na batalha de Aljubarrota, Mestre de Avis foi titulado de D. João I (o primeiro da Dinastia de Avis). Foi crise do século e tem como suas características o abalo das guerras, fome, epidemias acentuando assim o processo do capitalismo.
[editar] A peste negra
Ver artigo principal: Peste negra
Propagação da peste na Europa.Em Portugal a Peste Negra entrou em 1348. Alguns historiadores dizem que os primeiros casos se registaram na Primavera, mas outros garantem que foi só em Setembro[carece de fontes?]. De qualquer forma sabe-se que foi uma espécie de "praga – relâmpago". Até ao Natal, matou muito mais do que metade da população portuguesa, e depois desapareceu, e foi exactamente assim no resto da Europa. Como naquela época a medicina estava muito pouco desenvolvida, as pessoas pensavam que a peste era um castigo enviado por Deus. Na altura organizavam-se várias penitências, e os cristãos tentavam proteger-se usando estampas e relíquias de santos como São Sebastião e São Roque. Os físicos (médicos da altura) deram explicações mais racionais para a doença, mas nunca descobriram que a origem estava numa bactéria existente nos estômagos das pulgas dos ratos. Muitos físicos recusavam-se a visitar os pacientes, mas outros mais corajosos procuravam levar algum conforto à cabeceira dos pestilentos. Para evitarem o contágio usavam um traje especial. A única medida aconselhada era limpar o corpo com vinagre mas a maior parte dos tratamentos eram simples e mudavam de país para país. A peste negra foi se alastrando por todo a Europa atingindo até os mais ricos. A peste negra é também conhecida como peste bubônica.
"Fome monetária"
A escassez de moedas também foi uma fator importante na crise do século XIV. Causada pelo comércio de mão única, onde os comerciantes europeus compravam do oriente e vendiam na Europa, as moedas de metais preciosos ficaram escassas, criando uma situação de crise. Felipe, o Belo, rei da França, tentou amenizar a crise ao misturar outros metais às moedas. Esse fato foi percebido pelos comerciantes que aumentaram os preços dos produtos, criando inflação.
Alguns autores citam dois fatores para a crise do século XIV: ; a fome e a peste. A guerra mesmo não sendo um fator contribuiu para a crise. O crescimento do número de soldado para as guerras e posteriormente sua desmobilização, causou sérios problemas, pois como na época de trégua, os soldados não recebiam soldo praticavam saques e devastações nas áreas de cultivo, provocando, assim, insegurança e empobrecimento entre os camponeses.
No início de século XIV, a Europa enfrentou as consequências de terríveis mudanças climáticas - que tem origem nos arroteamentos do século XII - No início do século XIV violentas chuvas afetaram a produção de alimentos (chegando mesmo a ocorrer episódios de canibalismo).
Em 1348, iniciou-se na europa uma devastadora epidemia de peste. Originária do Oriente, a epidemia com duas variáveis, (peste pulmonar - negra - e peste bulbônica) chegou a Europa em embarcações genovesas. A taxa de mortalidade cresceu rapidamente, em face da desnutição da população e das precarias condições de higiene.
Uma vez infectada, a pessoa passava três dias expelindo sangue antes de morrer, sem que houvesse nehum tratamento capaz de curá-la. Os doentes infectados ficavam impedidos de fazer confisão, de receber a extrema-unção ou de ditar seu testamento, já que padres e funcionários se recusavam a entrar em contato com eles. Alguns estudiosos consideram essa epidemia mais um determinante de divisão social - pois ela atingiu principalmete os pobres.
" Na Sabóia, terminada a epidemia, antes de regressarem a suas casas devidamente desinfetadas, os ricos instalam durante algumas semanas uma pobre, a 'ensaiadeira' encaregada de verificar, com sua vida, se o perigo está afastado." Braudel, Fernand.
No século XIV, na Europa Ocidental, a população vivia dentro de determinadas características, que vinham sondo construídas desde o século III, e às quais denominamos Feudalismo. As relações de produção se baseavam no trabalho servil prestado fundamentalmente nas terras dos “senhores feudais”: os nobres e os elementos da alta hierarquia da Igreja Católica.
O crescimento da população, verificado entre os séculos XI e XIV, foi extraordinário. Os nobres aumentaram em número e tornaram-se mais exigentes com relação aos seus hábitos de consumo: isso determinava a necessidade de aumentar suas rendas e para consegui-lo, aumentou-se grandemente o grau de exploração da massa camponesa. Esta superexploração produziu protestos dos servos, consubstanciados em numerosas revoltas e fugas para as cidades. A repressão a esses movimentos foi enorme, mas a nobreza e o alto clero tiveram razões para temer por sua sobrevivência.
Paralelamente, importantes alterações do quadro natural provocaram sérias conseqüências. Durante o século XIII ocorrera uma expansão das áreas agrícolas, devido ao aproveitamento das áreas de pastagens e à derrubada de florestas. O desmatamento provocou alterações climáticas e chuvas torrenciais e contínuas, enquanto o aproveitamento da área de pastagens levou a uma diminuição do adubo animal, o que se refletirá na baixa produtividade agrícola. Com as péssimas colheitas que se verificaram, ocorreu uma alta de preços dos produtos agrícolas. Os europeus passaram a conviver com a fome.
Dificuldades econômicas de toda ordem assolavam a Europa, que passou a conviver com um outro problema: o esgotamento das fontes de minérios preciosos, necessários para a cunhagem de moedas, levando os reis a constantes desvalorizações da moeda. Isso só fazia agravar a crise.
No plano social, ao lado dos problemas já levantados, importa verificar o crescimento de um novo grupo: a burguesia comercial, residente em cidades que tendiam para uma expansão cada vez maior, pois passaram a atrair os camponeses e os elementos “marginais” da sociedade feudal.
Politicamente, a crise se traduz pelo fortalecimento da autoridade real, considerado necessário pela nobreza, temerosa do alcance das revoltas camponesas. A unificação política, ou surgimento dos Estados Nacionais, aparece, desta forma, como uma solução política para a nobreza manter sua dominação.
Finalmente, a crise se manifesta também no plano espiritual—religioso. Tantas desgraças afetaram profundamente as mentes dos homens europeus, traduzindo-se em novas necessidades espirituais (uma nova concepção do homem e do mundo) e religiosas (a igreja Católica não conseguia atingir tão facilmente os fiéis, necessitados de uma teologia mais dinâmica).
Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo ao Capitalismo. Para melhor compreenda-la, selecionamos alguns documentos que permitirão um entendimento das questões provocadas pela Peste Negra, no que se refere à demografia e às modificações na mentalidade da sociedade européia