Qual a realidade e mercado de trabalho do curso de biomedicina?
Bom, venho pensando em fazer biomedicina já não é de hoje, adoro a área médica da biologia, mas não queria lidar com pacientes, sempre quis trabalhar na área de pesquisa (por isso descarto a medicina).Mesmo sabendo que devo escolher o curso não pelo dinheiro -mas sim pela minha vocação e gosto pelo trabalho- tenho certos receios acerca do mercado de trabalho, alguém podia me ajudar a respeito de salários, especializações, quais estão em alta etc...
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A biomedicina é uma carreira ampla e com mercado de trabalho diversificado: possui 33 áreas de atuação autorizadas pelo Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), sendo que as duas principais são docência/pesquisa e os laboratórios de análises clínicas -que concentram cerca de 90% dos profissionais formados.
Outras áreas de atuação são: bancos de sangue, onde o biomédico realiza todas as tarefas, com exceção da transfusão; análises ambientais, onde ele faz análises físico-químicas e microbiológicas para o saneamento do meio ambiente; indústrias, para trabalhar com soros, vacinas e reagentes; imagenologia, onde o profissional atua na área de raio-X, ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética; DNA, na qual realiza exames laboratoriais envolvendo DNA e assume a responsabilidade técnica dos laudos.
Segundo Silvio José Cecchi, biomédico, professor universitário e presidente do CFBM, a maioria dos profissionais recém-formados geralmente consegue se encaixar com certa facilidade no mercado de trabalho porque há um leque muito grande de áreas de atuação. Ele admite, no entanto, que o mercado está bastante competitivo.
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O biomédico tem várias opções de trabalho, mas o país não cresce. Então o emprego está difícil para todas as profissões. O que nos deixa feliz é que a carreira tem 33 áreas de atuação, o que aumenta as chances de colocação no mercado. À medida em que o mercado de trabalho precisa de um profissional especializado, nós procuramos criar habilitações para a carreira", afirmou Cecchi.
O professor João Henrique Kanan, coordenador do curso de biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) concorda que o mercado está em expansão, mas faz uma ponderação: "A maioria esmagadora dos recém-formados em biomedicina quer trabalhar com análises clínicas, mas elas estão ficando saturadas. Eu diria que as análises ambientais e de imagem são áreas mais carentes de profissionais e, portanto, mais promissoras", avalia.
Na opinião da professora Neila Arrebola, coordenadora do curso de biomedicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL), há espaço no mercado de trabalho, mas o profissional precisa encontrar meios de se destacar. "Como em qualquer outra carreira, o mercado é competitivo. Para que o profissional saia da faculdade com grandes chances de colocação, é preciso que ele seja muito curioso e persista em busca de respostas para cada conceito novo que ele aprender. Tem que ser da natureza dele o perfil de pesquisador", disse.
Salário e distribuição da carreira no Brasil
Não existe um piso salarial para os profissionais de biomedicina. Segundo Cecchi, os salários dependem muito da região e para qual empresa o profissional trabalha. "Ele também pode ser concursado ou ter o próprio negócio. Por isso é muito difícil dizer quanto ganha um biomédico", disse. No entanto, os especialistas ouvidos pelo G1 estimam que o salário inicial seja de cerca de R$ 1.500.
De acordo com Cecchi, no Brasil há cerca de 30 mil biomédicos registrados no conselho, sendo que cerca de 20 mil estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste. "A área mais carente, como em outras carreiras, é a Região Norte. Lá existem apenas uns mil biomédicos. Também existem poucos cursos naquela região e poucos empregos", disse.
Na opinião de Cecchi, o segredo para conseguir de dar bem no mercado de trabalho é ter coragem de buscar coisas novas e de ser empreendedor. "Não basta ter conhecimento. É preciso ir além. É preciso ter algo mais para conseguir ter uma carreira de sucesso e, se possível, até abrir o seu próprio negócio", afirmou.