Por que os homens têm tanto fascínio pela morte?

Era um motoqueiro coberto por plástico preto na beira da estrada. E dezenas de pessoas em volta olhando a cena. E os motoristas desacelerando para ver a cena. E todos nos ônibus levantando para ver a cena.

Por que tanta curiosidade ou fascínio pela morte?

Comecei a raciocinar que seria devido ao fato dos homens, na atualidade terem se afastado dela, estando a morte apenas em contato íntimo com médicos, legistas e coveiros.

Porém depois percebi que não era assim. No passado a morte também exercia fascínio maior ou igual, sendo inclusive atração especial de toda uma população (autos de fé, circos romanos, execuções públicas...)

Então lhes pergunto, amigos: por que o homem se hipnotiza desta forma pela morte?

Paz da Deusa!

Comments

  • S Francisco terminou o Cantico das Criaturas citando sua ultima irmã , a morte corporal, da qual nenhum mortal pode escapar.

    E o Cantico que ele começou anos antes falando do irmão sol, que era a imagem de Deus ele termina falando da irmã morte, como destino inevitável e ele conclui dizendo> feliz de quem na paz perseverar porque no céu Deus o ha de coroar.

    Assim eu vejo a morte, consequencia direta da vida, plenitude e momento de realidade.

    E ela deve hipnotizar por isto, porque é o momento da real-idade, da concretização da vida.

    E ela é o supremo momento da solidão, onde o Homem se vê sozinho frente ao absoluto desconhecido.

    As pessoas se aglomeram na morte talvez para tentarem ver no rosto do morto algo na sua alteridade que dê alguma pista visivel do invisivel momento da morte.

    Deus abençôe você e sua familia e obrigado pelo convite à sua pergunta.

    Paz e Bem

  • A morte é o maior mistério da vida. É aquilo que temos como certo, que nos rouba os que amamos, o desconhecido, a viagem semregresso.

    Daí a fascinação que exerce sobre nós. Conhecemo-la desde sempre, msa não sabemos nada dela. Está sempre presente na nossa vida, mas queremos simultaneamente aproximarmo-nos e conhecê-la eafastarmo-nos e ignorá-la.

    É aquilo que só podremos conhecer verdaeiramente num único e derradeiro momento, por isso queremos , através de uma curiosidade obsessiva compreender e conhecer.

    É o maior mistério da vida que ainda não foi desvendado.

  • Minha amiga não é só pela morte, mas sim por todos os argumentos desconhecidos, porque se não fosse assim como iríamos evoluir se não buscássemos todas as respostas desconhecidas, então ter curiosidade na morte é apenas mais um argumentos desconhecido e além disto ninguém foi e voltou para contar. Sei que tens uma mente flexível para perceber os argumentos e entender que não me fixei na tragédia e sim nos argumentos gerais de evolução, independente de emocionalidades em questão.

    Um abraço

  • Porque além de ser um mistério impenetrável ela é o destino inevitável de todos nós. Cedo ou tarde, todos teremos de encará-la um dia.

  • Na minha opinião existem várias explicações, todas se interligando e formando uma só sensibilidade diante da vida:

    1) As pessoas até hoje não sabem muito bem o que fazer com suas vidas.

    2) Acumularem uma lista de "situações perigosas que devem ser evitadas", sob pretexto de que estas coisas "podem matar", afim de justificarem sua inércia diante da vida, liberando-os de tentarem "coisas novas". Bons exemplos de situações como estas são: subir montanhas, nadar no mar, andar livremente pela madrugada, andar de motos, duvidar do que nos ensinaram sobre Deus, defender os próprios direitos e sair debaixo de tempestade. Em outras palavras, usa-se do excesso de morte nos noticiários para justificar o medo da vida. Pensem bem, meus amigos: Quantos municípios tem o Brasil? Pois bem, muitos desses municípios lá para o interior não sabem o que é um assassinato há anos. Mas por que não viram notícias? Porque paz social não gera desculpas para ficar em casa vendo televisão ou ir para a igreja pedir o paraíso a Deus porque a Terra que ele nos deu "está um caos".

    E o mesmo se aplica ao passado. Freud diria que era porque o homem possui um instinto profundo chamado Tânatos, que está relacionado à destruição. Este instinto teria sido o responsável por termos chegado até aqui, afinal foi matando outros seres que o homem aprendeu que podia comê-los e foi também assim que ele conseguiu se livrar das feras e de outras ameaças naturais mais imediatas. Eu, por meu turno, acho que a questão é um pouco mais profunda: as pessoas tinham tanto prazer em ir ver a exibição pública da morte para poderem justificar o seu estilo de viver. Por isso os cristãos medievais gostavam de queimar "bruxas": porque veriam a punição daquilo que lhe é o oposto, daquilo que "ele não é", a destruição daquilo que é uma ameaça ao seu estilo de ser, pura e simplesmente pelo fato de existir. Por isso o circo romano fazia exibições públicas de leões devoradores de cristãos e gladiadores que eram ex-criminosos ou homens capturados de outros povos: essas matanças eram uma maneira de o homem romano vangloriar-se da pretensa "grandeza de seu povo", idéia que era muito importante naquela sociedade (como em toda sociedade imperialista).Sendo assim, essas matanças eram a reafirmação de uma identidade que estava ameaçada pela existência do diferente.

    E não pára por aí. Os exemplos são muitos: na Revolução Francesa, na época da Ditadura de Salvação Pública, o Comitê Revolucionário exibia execuções políticas na guilhotina para milhares de cidadãos franceses. Muito foi dito que isto era para intimidar. Mas, penso eu, para que intimidar cidadãos que - pelo menos em Paris - eram em quase sua totalidade, partidários dos revoltosos e inimigos de quem ia perder a cabeça? Quando o povo via Luís XVI e sua família perderem a cabeça na guilhotina não viam apenas o rei e sua corja sendo decaptados: viam a decaptação da monarquia, a punição severa e cruel de um regime que ignorou e subestimou a existência de milhares de outros franceses (o terceiro estado).

    3) Por último, tem a questão da ruptura com o cotidiano: muito se fala que nossa sociedade é violenta, mas a verdade é que já foi muito mais. No passado homens eram pendurados em árvores ou em postes e uma simples briga num bar gerava uma morte. Mesmo nessas épocas a morte chamava atenção, pelo seu caráter de ruptura com o cotidiano.

    Prestem atenção numa coisa, meus amigos: quantos de vocês já se sentiram limitados de ir a determinado lugar (no caso dos adultos) ou até mesmo proibidos de sair (no caso dos adolescentes) devido a notícias de morte na televisão? Quantos bailes funk e shows de rock são realizados toda sexta feira numa cidade como a minha (o Rio de Janeiro)? Centenas deles, com certeza. Mas por uma série de fatores, em um deles ocorre uma briga que acaba numa morte. Este é o baile que vai para a tv. É esta a imagem que as pessoas terão da vida noturna na minha cidade. Mas ela foi apenas uma excessão à totalidade.

    A morte sempre existiu. É tão natural quanto a vida. Mas sua utilidade é tão histórica e tão humana como a própria idéia que o homem faz de si mesmo.

  • Desde os primórdios a morte é a única certeza para todos os seres vivos, representa várias coisas para diversas culturas. Os antigos egípcios veneravam a morte e tinham Osíris como o deus que regia a vida e a morte, vários outros deuses faziam parte do panteão que julgava as almas para a entrada nos planos espitituais do Além, assim como Ra estava acima de todos os deuses para iluminar os caminhos da vida igualmente a morte fazia sua parte. Certas culturas africanas celebram festas alegres para os mortos, isso é algo bem diferente do que fazemos no ocidente com a interpretação triste sobre a morte na qual as pessoas se entristecem diante da morte de pessoas queridas.

    Acredito que o fascínio pela morte venha do medo pelo desconhecido e uma série de perguntas sem resposta, pois a morte é um novo estágio pelo qual a vida passa e inevitavelmente todos alacançamos esse fim. Cada pessoa ou sociedade encara a morte de uma maneira. Crianças só costumam entender a morte após os 6 anos, adolescentes e adultos entendem de um outra forma e idosos igualmente tem sua própria interpretação para a existência da morte, a realidade é que todas as pessoas temem a morte, essa é uma questão instintiva, acredito que poucas pessoas possam não temer uma experiência tão incógnita quanto essa.

    O medo para uns é excitante, assim como a descoberta de algo que está além da compreensão. Talvez venha daí o gosto por saber como é estar morto, as religiões mais famosas explicam uma vida após a morte na qual existem novos mundos a ser descobertos com suas próprias regras de entrada e vivência, deuses se responsabilizam pelo aprendizado para que as pessoas se adestrem para um estilo de vida similar ao proposto pela fé a qual seguem.

  • Eu acredito que seja pelo medo do desconhecido, curiosidade.

  • Dara,

    a resposta da Ju tem um tanto de coerência.

    não há fascínio pela morte e sim uma mera curiosidade. As pessoas geralmente evitam falar sobre a morte, esse assunto espinhoso.

    Eu aprendi a respeitar e admirar a morte. Ela é necessária. Um homem que alcança uma idade avançada, que tem o corpo decrépito, a mente falha, irá desejar de bom agrado a vinda da morte. Ela é consequência e causa para a vida.

    O fruto gera a semente, a semente é o que resta. A semente está morta. Mas quando atirada sobre a terra, germina e gera nova vida, novos frutos.

    Morte e vida coexistem juntos. Em nós mesmos isso é uma realidade inevitável. O cabelo que cresce em nosso corpo, as unhas dos dedos, estão mortos, porém, ligados à vida de nosso corpo. A morte nascendo da vida, a vida ligada à morte.

    E o velho e sábio ditado que diz : "para morrer basta estar vivo".

    Não há interesse pela morte. Ninguém quer a morte. Na visão do Sábio dos Sábios, Buda Original Nitiren Daishonin Sama, a morte é o assunto primordial, tudo é secundário ao estudo e compreensão da morte. É preciso refletir sobre essas palavras.

    Se as pessoas procurassem entender a morte, certamente que viveriam uma vida mais correta, para que sua morte não fosse somente + um dado estátistico de acidente de trânsito, ou qualquer outra 10graça.

    Não pensar que a vida existe e a morte é o seu inverso. A morte é um aspecto invariável da vida. O processo da vida inclui a morte, assim como nascer, envelhecer e sentir dor(sofrimento). São os quatro aspectos imutáveis da vida, as Quatro Verdades, reveladas pelo Buda. A vida se manifesta revelando estes quatro aspectos. Tudo nasce, tudo envelhece, tudo sente dor(sofre), tudo morre.

  • Não sou erudita para responder o que vc. que ouvir, mas há algum tempo venho observando o comportamento de pessoas

    aqui onde moro e percebi que as pessoas gostam de tragédia na vida real e elas sentem prazer em comentar sobre isso.

  • Curiosidade pelo desconhecido.

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