O pais abandonou o apelo por politicas de combustiveis menos poluentes?
Cai participação do etanol na matriz energética brasileira Com açúcar atraente e falta de investimento em usinas, produção do combustível não acompanha aumento da frota e uso de álcool em veículos flex mostra queda
Visto como um exemplo do sucesso do Brasil na área de biocombustíveis, o etanol está perdendo espaço na matriz energética do país. Com o açúcar mais atraente no mercado internacional e a falta de investimentos em mais usinas desde a crise financeira, em 2008, a elevação da produção não tem acompanhado o desenvolvimento do mercado automotivo. O resultado, segundo dados divulgados ontem pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), é que o uso do combustível nos carros flex vai recuar dos atuais 45% — já esteve em 60%, em 2008 — para um patamar de cerca de 37% nos próximos dez anos.
Etanol perde espaço na matriz energética
Preço alto do açúcar, falta de investimento em usinas e problemas climáticos fazem cair proporção do uso do combustível; governo estuda plano para setor
Luiz Silveira [email protected]
Apesar do apelo crescente das energias renováveis e do exemplo de sucesso do Brasil na produção de biocombustíveis, o etanol está perdendo participação na matriz energética brasileira. Caso seja mantido o ritmo lento de crescimento na produção de cana-de-açúcar, o etanol vai abastecer apenas 37% dos carros flex em10 anos, contra os 45% atuais e os 60,5% atingidos em2008, segundo dados divulgados ontem pela União da Indústria de Cana-deaçúcar (Unica).
Além dos investimentos em novas usinas terem escasseado após a crise financeira de 2008 e 2009, os preços internacionais estimularam a produção de açúcar em detrimento do álcool. Além disso, problemas climáticos prejudicaram as duas últimas safras de cana(leia mais ao lado). Atendência,portanto, já vinha se desenhando, mas as projeções anunciadas ontem pela Unica para a próxima década mostram uma mudança de discurso que pode estar ligada à negociação com o governo de um plano de apoio ao desenvolvimento da produção de álcool. Há exatamente um ano, quando o BRASIL ECONÔMICO antecipou a tendência agora confirmada pela Unica na matéria “Gasolina abastecerá mais carros flex que etanol”, o presidente da entidade, Marcos Jank, tratou o problema como algo pontual e não recorrente. Um projeto para o setor já está sendo traçado dentro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. “Entendemos que o governo está disposto a promover uma harmonização dos impostos”, afirma Jank.
Entre os argumentos dos usineiros está a necessidade de importação de gasolina, ou de construção de novas refinarias, caso o etanol não volte a expandir sua participação no consumo de combustíveis. “Também é uma demanda do governo criar uma política de longo prazo para o setor”, avalia o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Mato Grosso do Sul (Biosul), RobertoHollanda. Umdos pontos centrais desse plano, para Jank, é harmonizar a cobrança de tributos estaduais e federais sobre o etanol. “Temos que impedir que o etanol passe a ter mercados locais, sendo vantajoso apenas em poucos estados, para voltar a ter um mercado nacional”, diz Jank. Em 2011, com os preços se mantendo altos, a tendência é que apenas em São Paulo e em Mato Grosso e, eventualmente, em poucos outros estados, o etanol seja economicamente vantajoso em relação à gasolina.
Desaceleração
Em 2011, oito fábricas de açúcar entrarão em operação, em usinas já existentes, e outras 11 unidades de produção da commodity ampliarão sua capacidade. Essas 19 fábricas consumirão cerca de 30 milhões de toneladas de cana a mais para o açúcar, mais do que compensando um crescimento de 10 milhões de toneladas na oferta de cana disponível para o etanol, sobretudo em usinas novas. “Existe realmente uma migração para o açúcar, mas essa é uma explicação secundária ou terciária para a pouca oferta de etanol”, defende Jank.
A justificativa principal seria a desaceleração no crescimento da produção de cana, que fica bem abaixo do aumento da frota de carros flex. No período entre a adoção dos carros flex (2003) e a crise de 2008, a produção de cana cresceu a um ritmo médio anual de 10,4%, de acordo coma Unica. Mas de 2008 até a safra que será colhida em2011, segundo as projeções, o crescimento médio será de 3,3% ao ano.
Update:Esse foi não apenas um projeto, foi um projeto nacional no qual milhões foram investidos e foi um modo de se apresentar ao mundo como objetivos para contrução de um pais,isso foi abandonado?
Comments
Se fosse só isso, tudo bem, mas a Petrobrás produz o pior óleo diesel do mundo, com teor de enxofre até 20 vezes maior do que o tolerado em países civilizados e que produz produtos extremamente venenosos.
Claro, eles deixaram de incentivar os produtores de cana e eles agora preferem vender açúcar. Tem que abaixar os impostos dos combustÃveis. Ou dos carros, mais de 30% do q a gente paga num carro é imposto, então a fatia desse bolo já tá bem gorda pro lado deles, é obrigação deles incentivar; mas obviamente devem ter motivos obscuros, principalmente ligados a gasolina (a Petrobrás tá precisando de dinheiro pra cavar os poços do pré-sal). Só vamos saber a verdade daqui uns anos...
Abraço