Comissão da 1/2 Verdade se desmilingue.Comente?

Saiu em O Globo – Opinião, pg 23, sexta, 5/julho/2013

A verdade sobre a Comissão da Verdade

Luiz Cláudio Cunha *

No final da manhã desta terça-feira, 2 de julho, fui inesperadamente comunicado de meu afastamento da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ali atuava como consultor do Grupo de Trabalho da Operação Condor, formalmente convidado desde setembro passado pelo ministro do STJ Gilson Dipp e pela advogada Rosa Cardoso.

De repente, contra o voto divergente de Cardoso, fui punido pela decisão irrecorrível de quatro comissários — Paulo Sérgio Pinheiro, José Carlos Dias, Maria Rita Kehl e José Paulo Cavalcanti — pelo suposto delito de opinião. Com um atraso de 40 dias, o quarteto justificou minha saída como uma retaliação contra um artigo meu (“A comissão de frente da mentira: quem teme a verdade sobre a ditadura?”), de larga circulação na internet, a partir de 24 de maio passado. Lá, eu denunciava a falta de empenho do Ministro da Defesa e seus comandantes do Exército e da Marinha no resgate da verdade sobre graves violações de direitos humanos cometidos especialmente nos 21 anos do Estado ditatorial-militar instituído em 1964, alvo central da missão conferida por lei à CNV.

Mais do que isso, criticava a despropositada entrevista, dias antes, do comissário José Carlos Dias, em que antecipava seu veto a qualquer parecer que rasgue o manto de impunidade que cobre os torturadores do país há longos 34 anos. “Não cabe à CNV fazer este tipo de recomendação”, disse ele, atropelando os limites de um relatório que o país só conhecerá no final de 2014. Papel feio para um ex-advogado de 700 presos políticos e ex-ministro da Justiça que não pode esquecer que o Brasil assina lá fora tratados internacionais contra crimes de lesa-humanidade que não cumpre aqui dentro.

O consultor agora afastado pelo crime de discordar não tem, contudo, importância. O mais relevante é o alvo visível do quarteto punitivo da CNV: a advogada Rosa Cardoso, hoje herdeira solitária da confiança das entidades de direitos humanos, cada vez mais desconfiadas sobre o resultado final dos trabalhos da comissão. A solidão aumentou em meados de junho, com o afastamento do comissário Cláudio Fonteles, ex-procurador-geral da República, que renunciou exaurido pelo confronto permanente com Paulo Sérgio Pinheiro. Na essência, é um confronto entre visões díspares que podem levar a CNV à implosão: de um lado, Fonteles, sempre aberto e conectado com a rua e, de outro, Pinheiro, sempre desconfiado e fechado ao escrutínio externo.

Líder do quarteto e professor de ciência política, Pinheiro tem, apesar da imagem cordial, um estilo centralizador, exasperado, irritadiço, que explode em chiliques e gritos que transbordam as finas paredes do segundo andar do CCBB, em Brasília, onde funciona a CNV. Crítico do sistema de coordenação rotativa adotada desde o início da comissão, ele deixa transparecer seu devaneio nunca explícito: ser o ‘presidente’ permanente da CNV, sem interrupção, até o momento glorioso da foto de entrega do relatório final, no crepúsculo de 2014. Pelo estilo, gestos e e-mails, Pinheiro exibe a pretensão de ser uma espécie de tutor sobre os outros comissários, base do afastamento de Fonteles e do isolamento de Cardoso.

Para as entidades de vítimas da ditadura, Pinheiro é definido como distante e arrogante. Durante alguns dias, Iara Xavier Pereira, que teve a mãe presa, o marido e dois irmãos mortos pela ditadura, amanheceu cedinho na sede da CNV em Brasília, em busca de informações. Desistiu no dia em que ouviu o comentário jocoso e descuidado de alguém da equipe de Pinheiro: “Ah, ela está vindo aqui todo dia só para fiscalizar o ponto das pessoas…”.

Ivan Seixas, presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana em São Paulo, sobreviveu às torturas do DOI-CODI, mas sucumbiu a uma bronca pesada de Pinheiro, que ficou irritado com a revelação da agenda de visitas de empresários e diplomatas americanos ao DOPS paulista na ditadura. “Isso atrapalhou entendimentos meus com o consulado daqui dos Estados Unidos”, reclamou ele, ao ponto de telefonar depois para o embaixador Thomas Shannon Jr., em Brasília, para se desculpar. Graças aos salamaleques diplomáticos de Pinheiro com o Departamento de Estado, a CNV completou em maio seu primeiro aniversário e ainda espera, resignada, pela desclassificação de documentos americanos que podem revelar detalhes secretos da ditadura, como já aconteceu com o Chile e a Argentina desde o governo de Bill Clinton (1993-2001).

Continuação nO:http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/07/05...

Comments

  • Novela Rubi Resumo.

    Capítulo de Quarta, 17/07

    Maribel diz a Rubi que ela deveria admirar mais a sua mãe.

    Rubi pergunta a Luiz como ele pode ser amigo da filha do homem que arruinou seu pai. Elisa comenta com Rubi que viu Genaro beijando Liliam e depois ouviu os dois falando sobre dinheiro e Rubi a aconselha a denunciá-lo por bigamia.

    Lorena conta para Paco que decidiu sair de casa porque seus pais querem obrigá-la a namorar Raul. Cristina encontra a mãe desacordada e a leva para o hospital.

    Quando Rubi chega ao hospital, Alessandro comunica às irmãs que Rosário faleceu. Durante o velório de Rosário, Cristina toma uma decisão radical e expulsa Rubi e Heitor do local.

    Maribel diz a Heitor que só agora descobriu o quanto ele é frágil, e que está muito decepcionada ao constatar que é como argila nas mãos de Rubi.

    Cristina ouve quando Dona Lola comenta com Dona Margarida que Rosário passou mal depois de voltar da casa de Rubi. Por isso, quando Rubi chega ao cemitério Cristina a chama de assassina.

  • Será que o petralha tem alguma noção do que seja uma Constituição Federal? Será que tem alguma noção do que sejam princípios constitucionais? Já ouviu alguma vez falar nos princípios do Contraditório e da Ampla Defesa?

    Tudo indica que não, ou sua cegueira sectária o impede de enxergar a ponto de dar mais importância ao que os Abobrinhas da vida falam ou escrevem, só porque elle diz o que soa bem aos ouvidos fundamentalistas.

    As constituições existem exatamente para evitar a tendência autoritária que pessoas despreparadas em todos os sentidos têm ao assumir o poder, principalmente os fundamentalistas ideológicos, cujo maior impulso é o de perseguir adversários políticos e desafetos de toda ordem.

    Alguém pode levar a sério uma "comessão" onde só têm assento militantes com o mesmo objetivo de reescrever a história de acordo com seus interesses ideológicos? Cadê o contraditório e a ampla defesa? Cadê espaço para os que querem contestar a meia-verdade imposta? A mídia gramscista (maioria controlada por partidários e militantes da mesma ideologia dos membros) dá espaço para o contraditório? Claro que não! Porque a verdadeira intenção não é a busca da verdade e sim de impor uma versão à opinião pública.

    O dia que os membros dessa "comessão" se dispuserem a fazer um teste em um polígrafo, desmoralizam de vez toda a credibilidade que já não têm.

    “Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este sim é um criminoso." ( Bertolt Brecht )

  • à pesar da mídia e dessas tentativas sujas de manchar a imagem dos milicos... o povo brasileiro à pesar de um regime militar de 21 anos ainda confia mais nas Forças Armadas que nos nossos políticos..

    Os esquerdista 'pira'

  • O que começa mal, sempre acaba mal.

    ...

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