Que tipo de reação ocorre com o óxido de mercúrio 2 quando é colocado na chama do bico de bunsen ?
E porque se inflama o palito de fósforo em brasa quando é jogado no oxido de mercuro 2 aquecido dentro do tubo de ensaio ?
Quando esse óxido de mercurio 2 tiver reagido, observa-se umas goticulas metalicas que se formaram na parte media e interna do tubo de ensaio.
De que substancias sao formadas essas goticulas metalicas e qual a equação da reação ?
Comments
Falai, Guilherme F!
Aposto que você não sabe que a pesquisa sobre as transformações
2Hg + O2 2HgO
E vice versa, a decomposição a quente do óxido de mercúrio (II)
2 HgO 2Hg + O2
Foram importantíssimas para o desenvolvimento da Química, pois foi como Lavoisier mostrou para a humanidade que “matéria não se constrói, tudo se modifica”. Pois é.
Mas, voltando para a modernidade.
Se você aquecer o HgO num tubo de ensaio, você estará gerando oxigênio. Esse é o gás que é o responsável por manter a combustão das coisas. É um gás engraçado, ele mesmo não queima, mas em contato com coisas que queimam, ele detona. A gente mesmo só não queima num fogaréu interminável, por que o oxigênio do nosso ar está diluído pelo nitrogênio, que não alimenta combustão nenhuma. Quem sabia fazer planetas sabia de tudo, não é?
Pois. Imagine que você está aquecendo o HgO, gerando pois gás oxigênio no espaço contido que é o tubo de ensaio. A quantidade de gás O2 naquele local vai ser imensa, pois esse gás formado vai empurrar o ar existente no tubo, ar que naturalmente já está saturado de oxigênio. Imagine: ar cheio de oxigênio, cerca de 30%, você soca oxigênio dentro, empurrando o ar natural para fora. Resultado: dentro do tubo, sua atmosfera é de outro planeta! Coloca alguma coisa em brasa lá dentro: detona! Se você imaginar a brasa como carvão, uma forma do elemento carbono, eu diria a você que poderíamos escrever a transformação química como
C + O2 CO2
Ou seja, o carvão em brasa sendo consumindo pelo oxigênio. Eu disse em brasa, pois se não fosse a energia de ativação da reação ter sido atingida pelo calor da brasa, a reação não ocorreria. Imagine que, se o carvão pegasse fogo sozinho, o churrasco de domingo virava piadinha.
Mas então, meu caro, tendo determinado que o HgO é composto da combinação de mercúrio e oxigênio, e que ele se decompõe termicamente nesses dois elementos, e de que o oxigênio é responsável pela manutenção da combustão, chegamos à conclusão de que as gotículas que se formam na parte intermediária do seu tubo de ensaio só podem ser... de mercúrio!
O mercúrio é o único metal que é líquido nas condições ambientes, o que significa que ele forma vapores como qualquer líquido. Esquenta, ele evapora. Qualquer líquido faz isso. O causo é: o vidro é um mau condutor de calor, então nas partes médias do tubo de ensaio, que estarão frias, o vapor de mercúrio irá condensar, voltando a ser líquido, e voltando portanto a formar gotas, como qualquer líquido.
Em termos modernos, utilizando (s) para sólido, (l) para líquido e (g) para gás, a transformação que te preocupa pode ser escrita como
2HgO(s) 2Hg(l) + O2(g)
E foi assim que Lavoisier mostrou que Proust tinha razão em afirmar que o oxigênio era um elemento, não um composto; e também cunhou o nome “oxigênio”, que Proust chamava de “ar deflogisticado”. Oxigênio, aliás, tem um nome indevido. Oxi, do grego oxys, significa ácido, portanto oxigênio seria, segundo Lavoisier, o “gerador de ácidos”. É que Lavoisier acreditava que todos os ácidos haviam de conter oxigênio, tanto que ele considerava o ácido muriático, o HCl, como sendo HClO. Todo o gênio também se engana, não é? Não é por que a gente toma um zero em Química que a gente é um tonto!
Só mais uma. Espero que o teu instrutor – ou instrutora – tenha tido os cuidados especiais de fazer a reação HgO Hg + ½ O2 em um ambiente seguro, pois os vapores do mercúrio são incrivelmente venenosos. Nunca se submeta, nem permita aos seus colegas, se submeterem aos vapores do mercúrio metálico. Brincadeiras com merúrio, só em capelas bem ventiladas. Lavoisier, que se dane.