Porque é que as agências de "rating" têm tanta influência no mercados?

Hoje uma das noticias do dia em Portugal e na Europa é o facto de a Moodys ter mais uma vez feito um "downgrade" da dívida pública portuguesa. Sei que os investidores gerem de certa forma os seus investimentos através de agências como esta. O que realmente não entendo é porque têm tanta eficácia, porque tem de dar as suas opinião sobre países de outros continentes enquanto são norte-americanas? Também posso pensar que tudo isto pode estar a ser conjurado pelos "grandes" para acabar com euro. Porque as grandes instâncias internacionais nada fazem contra estas agências?

Comments

  • Prezado,

    A crise financeira de 2008 gerou uma série de ataques sobre o funcionamento das agências de classificação de risco. A principal acusação estava baseada na visão de que elas foram lenientes demais com alguns produtos financeiros que posteriormente foram desmascarados na crise imobiliária americana. Agora, no segundo round, o problema é outro. O ataque se dá porque elas estão demasiadamente rigorosas com os governos europeus.

    Em 2008, parte dos produtos financeiros vendidos com o selo AAA das principais agências de classificação de risco do mundo, Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch, perderam quase todo o valor após o início dos problemas com as hipotecas americanas e passaram a ser considerados lixo. Todos que os tinham em carteira, principalmente os bancos, sofreram grandes baixas nos balanços. Estava iniciada a maior crise financeira desde a Grande Depressão.

    Referências à crise de 2008 emergem agora que as agências têm rebaixado as notas de países europeus que se endividaram para sair da crise. Na terça-feira (5), a Moody’s cortou o rating de Portugal em 4 degraus, para o grau especulativo. A agência alegou que, assim como a Grécia, o país também precisará de mais ajuda. A S&P disse na segunda-feira (4) que o plano negociado pelas autoridades européias e o FMI (Fundo Monetário Internacional) para aliviar a dívida grega pode resultar em um calote (default).

    O Nobel de economia Amartya Sen é um deles. “O diagnóstico dos problemas econômicos pelas agências de rating não é a voz da verdade que elas pretendem. Vale lembrar que o histórico delas em certificar instituições financeiras e empresas anteriormente à crise econômica de 2008 é tão pecaminoso que o Congresso dos EUA debateu seriamente a possibilidade de processá-las”, escreveu Sem em artigo publicado no jornal The Guardian.

    O ministro de Relações Exteriores da Grécia, Stavros Lambridinis, disse que o rebaixamento de Portugal refletiu "a suposição de que Portugal precisará de um segundo resgate". Segundo o ministro, as agências pioraram uma situação já difícil. Ele disse que isso tem "a extraordinária loucura de profecia autorrealizadora". “É como empurrar alguém que está à beira do precipício. Agravam a crise", provocou o secretário-geral adjunto da OCDE, Pier Carlo Padoan, para o jornal italiano La Stampa.

    O presidente do BCE (Banco Central Europeu) se uniu hoje ao coro dos governantes que têm criticado a atuação das agências. "Uma pequena estrutura de oligopólio provavelmente não é o desejável nas finanças globais", disse ele. Mas os incentivos para as agências podem seguir para caminhos que não os desejados em um ambiente de maior concorrência. Um estudo realizado por Bo Becker e Todd Milbourn, de Harvard, analisou o assunto.

    Eles explicam que o mercado foi historicamente dividido entre a Moody’s e a S&P e que a entrada da Fitch “coincidiu com uma menor qualidade dos ratings: os níveis das notas subiram, a correlação entre os ratings e as taxas pagas pelo mercado caíram, e a habilidade dos ratings de prever um calote deteriorou”, dizem. Ou seja, o efeito esperado pode ser o contrário.

    “Em uma situação na qual uma agência enfrenta uma competição mais acirrada, ela pode preferir um comportamento mais ousado e emitir notas melhores com mais frequência, ignorando tanto a informação pública e privada que indica o contrário, com o objetivo de ganhar reputação em relação aos seus concorrentes”, explica Beatriz Mariano, do departamento de economia da Universidad Carlos III de Madrid, Espanha, em outro estudo.

    O conflito entre as agências e os governos parece longe de terminar. Iniciativas e debates sobre uma maior regulação acontecem em todo o mundo, mas a possibilidade de uma maior intervenção no setor assusta os investidores. A Comissão Européia estaria avaliando há seis meses a criação de uma agência de rating européia, que seria independente. A empresa, contudo, seria financiada pelo BCE. Ou seja, os incentivos dela também seriam questionados.

    Em vista do exporto, sabe-se que essas agencias, tem governos na mão e ao que parece não há nenhum interesse sério em mudar tal situação. A metodologia utilizada não é uniformizada, portanto, sem controle, de organismos como a ONU que por exemplo, regulamenta a forma de elaboração da balança de pagamento de todos os países membros ou a própria contabilidade empresarial, que caminha para a uniformização mundialmente.

    Sucesso!>>

  • Porque uma desgraça chamada Neoliberalismo foi imposta ao mundo pós-guerra fria, a economia foi globalizada, e os donos do capital se acham no direito de não respeitar a soberania dos países. As agências de rating, como outros elementos dos EUA, se acham no direito de julgar as nações da Terra. E sim, talvez haja um complô anglo-saxão, principalmente por parte dos americanos, para destruir o Euro e a UE. As grandes instâncias não fazem nada contra as agências, talvez pelo mesmo motivo que ninguém fez nada quando os EUA de Bush desautorizaram a ONU e invadiram o Iraque por conta própria. Quem neste mundo tem peito (tomates) para afrontar os EUA?

  • "O economista alemão Peter Bofinger criticou hoje o papel das agências de notação financeira na crise das dívidas soberanas, considerando necessário que a União Europeia crie um instrumento unificado de avaliação financeira.

    Para anular o poder das agências de "rating", bastaria trocar títulos da dívida pública grega por títulos do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), propôs Bofinger, que faz parte do grupo de conselheiros económicos do governo alemão, conhecidos por "cinco sábios".

    O poder das agências de notação financeira sobre a Grécia "seria assim quebrado", sublinhou, em declarações à Lusa.

    Na opinião de Bofinger, as agências de "rating" podem ser substituídas, mas para isso deveria ser criados outros instrumentos de avaliação de credibilidade financeira.

    "Seria necessário haver um amplo sistema de notação financeira dos bancos e seguradoras e um criterioso exame desses resultados pela supervisão financeira dirigida pelo Estado", sugeriu o professor de economia da Universidade de Würzburg.

    Bofinger escusou-se a comentar a redução da notação de Portugal, na terça-feira, pela agência de "rating" norte-americana Moody's, alegando desconhecer ainda os dados concretos, mas referiu que a decisão "não espanta, e corresponde à linha de atuação" das agências.

    Quanto à situação concreta de Portugal, Bofinger acha que o país "entrou num círculo vicioso, que emanou primeiro dos mercados financeiros, os quais começaram a desconfiar da credibilidade do país, e lhe exigiram mais juros para comprar dívida, só que isso agravou ainda mais a dívida".

    Para o economista germânico, Portugal só teve de pedir ajuda externa "precisamente porque os mercados lhe começaram a exigir juros proibitivos".

    Bofinger recomendou ainda que o aumento do défice em Portugal não seja combatido apenas com mais medidas de austeridade, "porque isso só contribui para agravar a situação", disse.

    "Seria melhor que a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional se orientassem mais pela despesa do Estado, e não pelo défice, que não é um bom indicador", propôs Bofinger.

    Além disso, Portugal e os outros países resgatados deveriam beneficiar de empréstimos da UE e do FMI "sem juros punitivos como os que têm de pagar nos mercados, o que é uma construção errónea do fundo de resgate", disse ainda o professor alemão."

    http://pt.msn.com/?ocid=hmlogout&ar=1

    Eles ao fazerem isto, os juros aumentam e nós precisaremos de mais dinheiro brevemente. Tudo isto começou com as especulações de que Portugal precisava de dinheiro e à pouco tempo surgiram novas especulações de que, tal como a Grécia, Portugal necessitará de mais dinheiro porque este só não chega....as especulações aumentam e a confiança diminui - os juros aumentam.

    É engraçado ninguém perceber que se se precisa de dinheiro é porque não se tem!

    É assim que os grandes ganham dinheiro e os pequenos que se lixem.

  • As empresas de rating influenciam no comportamento do mercado, em função de emitirem relatórios com classificações de risco para a realização de investimentos em empresas e em países. Muitos dos investidores utilizam esses relatórios como parâmetro para tomar suas decisões.

    BM&FBOVESPA

    A Bolsa é pra você!

  • Essas agencias de rating nao valem absolutamente nada, mas infelizmente o que dizem provoca uma transformaçao gigantesca sobre os investidores e mercados.

    As agencias de rating, que curiosamente sao todas norte-americanas, só têm um proposito:derrubar os paises europeus e consequentemente o euro para subirem a cotaçao do dolar no mundo.

    Deveriam ser banidas, ou entao criar-se uma agencia de rating fortissima na europa. É completamente absurdo existir 3 principais agencias todas sediadas nos EUA e defensoras do dolar. Por isso passam por cima de tudo e de todos!

    * Portugal está mal, nao so pelas politicas nacionais e europeias que afundaram o país durante anos, mas sobretudo pelas agencias de rating. Foram essas merd-s que obrigaram Portugal a pedir ajuda internacional, Foi devido aos ataques de especulaçao que Portugal teve de obter ajuda da UE e do FMI, ao contrario da Grecia e da Irlanda, que tinham verdadeiros e maiores problemas estruturais a nivel economico e financeiro.

    hehehehe fico revoltado, mas pronto sou um simples cidadao a assistir ao arrasamento do meu país

    BANTANTE INTERESSANTE (noticias relacionadas):

    »»»» Utilizadores do Facebook cortam 'rating' da Moody’s ««««

    http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1166129.html

    http://economico.sapo.pt/noticias/utilizadores-do-...

    ir directamente para o site http://www.facebook.com/event.php?eid=214941951876...

    VIDEO de resposta dos portugueses à Moody´s http://www.youtube.com/watch?v=OzLJzYlpGqs&feature...

    Eu já dei o meu contributo, visto que somos meros cidadaos e nao podemos fazer uma acçao forte perante estas agencias, recorremos ao Facebook.

    :)

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