A cidade grega de Esparta (Σπάρτα, em Grego), também conhecida pelo nome de Lacedemômia, que em grego se dizia Lakedaimôn, ficava na região do Peloponeso, às margens do rio Eurotas e hoje é a sede administrativa do nomo da Lacônia. O local onde a cidade estava situada era muito propício para o cultivo de oliveira e vinha. Há indícios de que Esparta tenha surgido por volta do século IX a.C. Antes, nas redondezas do local, havia dois centros urbanos, Amiclas e Terapne. Em Terapne existiam alguns santuários erguidos em honra do rei Menelau e de sua esposa Helena, personagens principais da famosa Guerra de Tróia (e depois da obra inspirada nessa guerra, a Ilíada, de Homero), que conta que os gregos daquela região combateram os troianos por dez anos para resgatar a rainha Helena. No final do século IX a.C. quatro povoados uniram-se por conurbação - que é quando algumas cidades se unem — mas não com o mesmo nome — extingüindo fronteiras e ficam tão próximas que mal se percebe quando saiu de uma e entrou na outra. Essa proximidade acaba fazendo com que os problemas e interesses dessas cidades sejam similares. A partir de então, a cidade central dos lacedemônios passou a ser constituída de cidadãos de pleno direito (também chamados de homoioi, ou iguais). Cada um desses cidadãos recebia do estado um lote de terra (kléros) que seria cultivado pelos ilotas (que eram os escravos do Estado). Por volta de 900 a.C. um grego de nome Licurgo, que até hoje os historiadores não conseguem provar se ele realmente existiu ou se é apenas mais uma figura lendária (que os gregos por sinal adoravam), sonhou fazer de Esparta a cidade mais poderosa do mundo.
Para conseguir realizar esse feito ele se pôs a viajar por todos os lugares e passou a analisar as virtudes e fraquezas de diversos povos. E concluiu que os povos que viviam dando enorme importância aos prazeres da vida acabavam tornando-se povos fracos. Em contraponto, os povos que louvavam o trabalho e o colocava acima de tudo, isso fazia deles exímios cumpridores de seus deveres, fossem eles agradáveis ou não, e com isso se tornavam povos muito fortes. De volta a Esparta, Licurgo começou a organizar a vida dos espartanos de acordo com aquilo que aprendera. E, a partir disso, desenvolveu um código de leis severíssimo e conduziu a cidade com pulso de ferro. Desde o nascimento os espartanos eram submetidos a esse rigoroso código, pois, se nasciam fracos ou com qualquer defeito físico, a lei dizia que os pais deviam abandoná-los numa montanha para que morressem. Um dos desejos de Licurgo era que não houvesse nenhum aleijado de nascença em Esparta. Aos 7 anos de idade, os meninos já eram enviados a uma escola de treinamento, onde permaneciam até os 16 anos — o treinamento consistia em educar o corpo e a mente para que se tornassem homens fortes e corajosos — um soldado perfeito. Dentro desse treinamento os soldados eram açoitados sem motivo, para assim acostumar o corpo ao sofrimento e a não demonstrar dor, já que quem o fizesse estava desmoralizado para o resto da vida. Os espartanos levavam uma vida muito dura: a comida era simples, a ausência de conforto era grande. Para eles, qualquer tipo de luxo era capaz de deformar o caráter do homem. E, para poupar tempo e ser eficaz com pouco, foram habituados a dizer muito com poucas palavras — e esse modo seco e conciso de falar acabou recebendo o nome de lacônico ou spartano — sinônimo usado até os dias de hoje. No início do século VII a.C, Esparta se desenvolvia rapidamente, e era produtora de uma erâmica valorizadíssima, bem como os bronzes ali forjados. Conquistou Messênia, cidade-vizinha, e à partir de então decidiu invadir outros territórios, conseguindo dominar toda a planície da Lacônia no final do século VIII a.C. Isso fez gerar uma guerra pelo domínio no Peloponeso, onde Esparta se confrontou com Argos, cidade do nordeste do Peloponeso. Em 570 a.C. uma tentativa frustrada de conquistar aArcádia fez com que Esparta optasse por alterar a sua política diplomática. Como Esparta havia se tornado uma cidade poderosa e austera, ofereceu a outras localidades do Peloponeso a possibilidade de integrar uma liga onde seria a “líder”, que ficou conhecida como Liga do Peloponeso. Exceto a rival Argos, todas as outras cidades do Peloponeso aderiram à idéia. Nas Guerras Médicas (480 a.C. a 479 a.C.), Esparta foi a cidade responsável por liderar as forças gregas em terra, enquanto Atenas foi a responsável por defender a Grécia no mar. Ainda no século V a.C., com o fim das Guerras Médicas, as relações entre Atenas e Esparta foram ficando cada vez piores, que acabou resultando na Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), onde Esparta derrotou Atenas. A partir dali foi como se Esparta detivesse o comando de toda a Grécia, situação essa que perdurou até o ano 371 a.C., quando os outros estados revoltaram-se e Esparta foi derrubada. Apesar de ainda manter-se poderosa durante mais 200 anos. Foi como se nesse período a Grécia tivesse duas capitais: enqua
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A cidade de Esparta não existe mais...
Esparta, a cidade grega que virou mito
A cidade grega de Esparta (Σπάρτα, em Grego), também conhecida pelo nome de Lacedemômia, que em grego se dizia Lakedaimôn, ficava na região do Peloponeso, às margens do rio Eurotas e hoje é a sede administrativa do nomo da Lacônia. O local onde a cidade estava situada era muito propício para o cultivo de oliveira e vinha. Há indícios de que Esparta tenha surgido por volta do século IX a.C. Antes, nas redondezas do local, havia dois centros urbanos, Amiclas e Terapne. Em Terapne existiam alguns santuários erguidos em honra do rei Menelau e de sua esposa Helena, personagens principais da famosa Guerra de Tróia (e depois da obra inspirada nessa guerra, a Ilíada, de Homero), que conta que os gregos daquela região combateram os troianos por dez anos para resgatar a rainha Helena. No final do século IX a.C. quatro povoados uniram-se por conurbação - que é quando algumas cidades se unem — mas não com o mesmo nome — extingüindo fronteiras e ficam tão próximas que mal se percebe quando saiu de uma e entrou na outra. Essa proximidade acaba fazendo com que os problemas e interesses dessas cidades sejam similares. A partir de então, a cidade central dos lacedemônios passou a ser constituída de cidadãos de pleno direito (também chamados de homoioi, ou iguais). Cada um desses cidadãos recebia do estado um lote de terra (kléros) que seria cultivado pelos ilotas (que eram os escravos do Estado). Por volta de 900 a.C. um grego de nome Licurgo, que até hoje os historiadores não conseguem provar se ele realmente existiu ou se é apenas mais uma figura lendária (que os gregos por sinal adoravam), sonhou fazer de Esparta a cidade mais poderosa do mundo.
Para conseguir realizar esse feito ele se pôs a viajar por todos os lugares e passou a analisar as virtudes e fraquezas de diversos povos. E concluiu que os povos que viviam dando enorme importância aos prazeres da vida acabavam tornando-se povos fracos. Em contraponto, os povos que louvavam o trabalho e o colocava acima de tudo, isso fazia deles exímios cumpridores de seus deveres, fossem eles agradáveis ou não, e com isso se tornavam povos muito fortes. De volta a Esparta, Licurgo começou a organizar a vida dos espartanos de acordo com aquilo que aprendera. E, a partir disso, desenvolveu um código de leis severíssimo e conduziu a cidade com pulso de ferro. Desde o nascimento os espartanos eram submetidos a esse rigoroso código, pois, se nasciam fracos ou com qualquer defeito físico, a lei dizia que os pais deviam abandoná-los numa montanha para que morressem. Um dos desejos de Licurgo era que não houvesse nenhum aleijado de nascença em Esparta. Aos 7 anos de idade, os meninos já eram enviados a uma escola de treinamento, onde permaneciam até os 16 anos — o treinamento consistia em educar o corpo e a mente para que se tornassem homens fortes e corajosos — um soldado perfeito. Dentro desse treinamento os soldados eram açoitados sem motivo, para assim acostumar o corpo ao sofrimento e a não demonstrar dor, já que quem o fizesse estava desmoralizado para o resto da vida. Os espartanos levavam uma vida muito dura: a comida era simples, a ausência de conforto era grande. Para eles, qualquer tipo de luxo era capaz de deformar o caráter do homem. E, para poupar tempo e ser eficaz com pouco, foram habituados a dizer muito com poucas palavras — e esse modo seco e conciso de falar acabou recebendo o nome de lacônico ou spartano — sinônimo usado até os dias de hoje. No início do século VII a.C, Esparta se desenvolvia rapidamente, e era produtora de uma erâmica valorizadíssima, bem como os bronzes ali forjados. Conquistou Messênia, cidade-vizinha, e à partir de então decidiu invadir outros territórios, conseguindo dominar toda a planície da Lacônia no final do século VIII a.C. Isso fez gerar uma guerra pelo domínio no Peloponeso, onde Esparta se confrontou com Argos, cidade do nordeste do Peloponeso. Em 570 a.C. uma tentativa frustrada de conquistar aArcádia fez com que Esparta optasse por alterar a sua política diplomática. Como Esparta havia se tornado uma cidade poderosa e austera, ofereceu a outras localidades do Peloponeso a possibilidade de integrar uma liga onde seria a “líder”, que ficou conhecida como Liga do Peloponeso. Exceto a rival Argos, todas as outras cidades do Peloponeso aderiram à idéia. Nas Guerras Médicas (480 a.C. a 479 a.C.), Esparta foi a cidade responsável por liderar as forças gregas em terra, enquanto Atenas foi a responsável por defender a Grécia no mar. Ainda no século V a.C., com o fim das Guerras Médicas, as relações entre Atenas e Esparta foram ficando cada vez piores, que acabou resultando na Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), onde Esparta derrotou Atenas. A partir dali foi como se Esparta detivesse o comando de toda a Grécia, situação essa que perdurou até o ano 371 a.C., quando os outros estados revoltaram-se e Esparta foi derrubada. Apesar de ainda manter-se poderosa durante mais 200 anos. Foi como se nesse período a Grécia tivesse duas capitais: enqua
Ela não existe mais!