Sabemos graças aos textos da época, que os índios dedicavam grande parte do seu tempo e forças à interpretação das mensagens, e que essa interpretação tem formas extremamente elaboradas, relacionadas às diversas espécies de adivinhação. (TODOROV. 1996 p. 61)
A primeira delas era a adivinhação cíclica. Os Astecas dispunham de um calendário religioso composto de treze meses com duração de vinte dias, sendo que cada dia possuía um caráter propicio ou nefasto. Uma segunda forma era a adivinhação, esta pontual, que tem forma de presságios e ainda quando estes tardavam existia o adivinho profissional, que recorria por meio de grãos de milho, água e fios de algodão.
Toda a história dos Astecas, tal como é contada em suas crônicas, é feita de realizações de profecias anteriores, como se um acontecimento não pudesse ocorrer se não tivesse sido previamente anunciado. Eles acreditavam que todas as previsões do futuro se realizariam. Segundo vários relatos oriundos de populações indígenas, a chegada dos espanhóis é sempre precedida por presságios, e a vitória deles é sempre anunciada como certa.
Quando os mensageiros vêm até Montezuma informar-lhe da chegada dos espanhóis, sua interpretação se faz no âmbito de comunicação com o mundo, e não da comunicação com os homens, ou seja, é aos deuses que ele pede conselhos sobre o comportamento que deve ser tomado em relação aos invasores. Os espanhóis por sua vez, só ouvem os conselhos divinos quando estes coincidem com as sugestões de seus informantes ou com seus próprios interesses, como comprovam os relatos de vários cronistas.
Montezuma sabia colher informações e melhor organizar seus exércitos para a batalha, quando seus inimigos eram as demais tribos existentes no vale do México, com a chegada dos espanhóis, esse sistema de coleta de informações acerca do inimigo tornou-se inútil, isso devido ao fato da identidade dos espanhóis ser diferente e seu comportamento imprevisível o que abalou todo o sistema de comunicação. Diante disso, Montezuma tornou-se incapaz de produzir mensagens apropriadas e eficazes.
A invasão espanhola caracterizava-se como uma situação nova, desconhecida uma situação onde a arte da improvisação era muita mais importante que o ritual e Cortez, saiu-se muito bem frente a essa situação.
De fato, a maior parte das comunicações dirigidas aos espanhóis impressiona pela ineficácia. Para convencê-los a deixar o país, Montezuma envia-lhes ouro, todas as vezes; mas nada podia convence-los mais a ficar. (TODOROV. 1996 p. 84)
Ao falarmos Império Asteca, isso nos dá uma impressão de que este constituía um estado homogêneo, no entanto, não era bem assim, o México de então não é esse estado homogêneo e sim um conglomerado de populações subjugadas pelos astecas que ocupavam o topo da pirâmide.
Um fator importante são as brigas internas entre as diversas populações que ocupam o solo mexicano. Ao iniciar sua jornada rumo ao centro desse império, Cortez se depara com várias tribos e ao manter contato com esses índios, percebe que muitas delas estavam submetidas aos Astecas não por vontade própria, mas por terem sido submetidas militarmente. E estas tribos por sua vez, viam Cortez como um mal menor muitas vezes como um libertador, pois viam nele a possibilidade de se verem livres do domínio Asteca. Ao longo da campanha Cortez se aproveita dessa situação e acaba comandando um exercito de Tlaxcaltecas e outros índios aliados numericamente se comparável aos dos mexicanos, nesse exército os espanhóis são apenas a força de comando.
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Sabemos graças aos textos da época, que os índios dedicavam grande parte do seu tempo e forças à interpretação das mensagens, e que essa interpretação tem formas extremamente elaboradas, relacionadas às diversas espécies de adivinhação. (TODOROV. 1996 p. 61)
A primeira delas era a adivinhação cíclica. Os Astecas dispunham de um calendário religioso composto de treze meses com duração de vinte dias, sendo que cada dia possuía um caráter propicio ou nefasto. Uma segunda forma era a adivinhação, esta pontual, que tem forma de presságios e ainda quando estes tardavam existia o adivinho profissional, que recorria por meio de grãos de milho, água e fios de algodão.
Toda a história dos Astecas, tal como é contada em suas crônicas, é feita de realizações de profecias anteriores, como se um acontecimento não pudesse ocorrer se não tivesse sido previamente anunciado. Eles acreditavam que todas as previsões do futuro se realizariam. Segundo vários relatos oriundos de populações indígenas, a chegada dos espanhóis é sempre precedida por presságios, e a vitória deles é sempre anunciada como certa.
Quando os mensageiros vêm até Montezuma informar-lhe da chegada dos espanhóis, sua interpretação se faz no âmbito de comunicação com o mundo, e não da comunicação com os homens, ou seja, é aos deuses que ele pede conselhos sobre o comportamento que deve ser tomado em relação aos invasores. Os espanhóis por sua vez, só ouvem os conselhos divinos quando estes coincidem com as sugestões de seus informantes ou com seus próprios interesses, como comprovam os relatos de vários cronistas.
Montezuma sabia colher informações e melhor organizar seus exércitos para a batalha, quando seus inimigos eram as demais tribos existentes no vale do México, com a chegada dos espanhóis, esse sistema de coleta de informações acerca do inimigo tornou-se inútil, isso devido ao fato da identidade dos espanhóis ser diferente e seu comportamento imprevisível o que abalou todo o sistema de comunicação. Diante disso, Montezuma tornou-se incapaz de produzir mensagens apropriadas e eficazes.
A invasão espanhola caracterizava-se como uma situação nova, desconhecida uma situação onde a arte da improvisação era muita mais importante que o ritual e Cortez, saiu-se muito bem frente a essa situação.
De fato, a maior parte das comunicações dirigidas aos espanhóis impressiona pela ineficácia. Para convencê-los a deixar o país, Montezuma envia-lhes ouro, todas as vezes; mas nada podia convence-los mais a ficar. (TODOROV. 1996 p. 84)
Ao falarmos Império Asteca, isso nos dá uma impressão de que este constituía um estado homogêneo, no entanto, não era bem assim, o México de então não é esse estado homogêneo e sim um conglomerado de populações subjugadas pelos astecas que ocupavam o topo da pirâmide.
Um fator importante são as brigas internas entre as diversas populações que ocupam o solo mexicano. Ao iniciar sua jornada rumo ao centro desse império, Cortez se depara com várias tribos e ao manter contato com esses índios, percebe que muitas delas estavam submetidas aos Astecas não por vontade própria, mas por terem sido submetidas militarmente. E estas tribos por sua vez, viam Cortez como um mal menor muitas vezes como um libertador, pois viam nele a possibilidade de se verem livres do domínio Asteca. Ao longo da campanha Cortez se aproveita dessa situação e acaba comandando um exercito de Tlaxcaltecas e outros índios aliados numericamente se comparável aos dos mexicanos, nesse exército os espanhóis são apenas a força de comando.