O que dizer quando me perguntam se acredito em Deus?
Isso é uma pergunta? Não, é um texto qualquer.
Mas aqui é lugar para isso?
Não, mas se eu não escrever para vocês, ninguém iria ler e aí não haveria sentido em escrever, rs.
Nasci e fui criado num ambiente monoteísta que possui basicamente quatro deuses ou quatro conceitos de deuses, todos incompatíveis entre si.
O primeiro e mais antigo é o deus Todo Poderoso, aquele do Velho Testamento, que pode tudo e tudo faz segundo sua vontade, por mais esquisita, inconsequente e insensata que possa ser.
Desse temos medo e nossa relação com ele é um esforço de tentar mante-lo calmo, de bom humor, pois do contrário as consequências seriam desastrosas. Assim, desde as antigas civilizações, buscamos oferecer algo em troca, para evitar algum tipo de castigo, para apaziguar os ânimos do deus temperamental e instável.
Depois veio o deus Todo Amoroso, e como nossa idéia de ser amado é semelhante a ser servido, então nossa relação com esse deus é de pedir favores e milagres o tempo todo, o que é incompatível com o conceito de amor absoluto, que por si mesmo implicaria em imparcialidade absoluta.
Considerando que todo milagre ou favor é uma exceção à regra, a imparcialidade deixa de existir, já que não é possível atender aos pedidos de proteção de dois soldados inimigos de idêntica fé, que se cruzam numa frente de batalha.
(Dizer que e fé ou a reza de um é mais forte ou eficiente que a do outro é no mínimo um raciocínio infantil, ou um julgamento precipitado e prepotente da parte de quem o faz).
Assim, o nosso conceito de Todo Poderoso é incompatível com a idéia equivocada que fazemos de Amor.
O terceiro vem de um conceito grego do cruzamento entre uma divindade e um mortal, e assim como Hércules, Jesus também seria o filho do divino com uma mortal.
Para esse pode-se pedir favores sem oferecer nada em troca, já que seria ele o salvador que perdoa à todos que nele apenas acreditem. Óbviamente por ser o mais interessante aos interesseiros, também é atualmente o mais lucrativo de todos os três.
Por incrível que pareça, acredita-se que ele tenha morrido por nós, quando todo religioso convicto deveria entender que a morte é a libertação do espírito e não um sacrifício. Então se existiu algum sacrifício, esse foi o de viver aqui entre nós, criaturas ignorantes, pidonhas e mesquinhas.
O quarto é uma espécie de intermediário, ou seja, o aspecto divino que se comunica com o ser humano. Chamam esse de Espírito Santo e muita gente acredita ter algum canal aberto de comunicação com tal entidade. O problema é que as idéias e ensinamentos atribuídos ao ES, muitas vezes são conflitantes entre si, razão pela qual o meu ES sempre será melhor que o seu, ou o meu é o original e o seu é o diabo etc. e tal.
Então quando me perguntam se acredito em deus, sou forçado a perguntar de volta qual deles, pois nosso deus brasileiro é algo saído da mitologia hebraica, reduzido à alguns conceitos meramente humanos, com o quais nos relacionamos a base do toma lá dá cá.
Conclusão:
Acredito que o Universo tenha uma causa inteligente sim, porém ainda idefinível pela compreensão humana atual, ou pelo menos pela minha. Se alguém quer chamar isso de Deus, não vejo problema e para mim é indiferente.
Acredito que a filosofia moral pregada ou atribuída à Jesus é boa, suficiente, mas não acredito na mitologia hebraico/romana, que serviu de base ao que entendo ser hoje um pseudo-Cristianismo.
Não acredito nesse Deus personificado, da nossa imaginação, assim como não vejo qualquer sentido em rituais e cultos de adoração à algo que simplesmente não sabemos o que é. Menos sentido ainda vejo nessa relação de barganha que sempre existiu entre o ser humano e a divindade criada à sua (nossa) imagem e semelhança.
Se existe um Deus, esse ou isso deve talvez se confundir e interagir com sua própria criação, sem dela exigir ou esperar nada, pois isso seria exigir e esperar de si mesmo.
O que você acha?
Paz e Luz!
Comments
Olá Amnyotep, há tempos não o "vejo" rs tdo bem, né.?
Lembro-me de vc pelo livro sobre "paraquedismo"!
Ó, sou ateia por convicção pessoal e ponto final.
Raramente me perguntam se acredito em Deus, mais vezes me peguntam qual a minha religião e eu respondo que sou ateia e ponto final também. rs
Parabéns pela pergunta muitíssimo bem elaborada e um abraço da Lu.
Amigo.
Deus não existe!
Pelo menos esse deus antropomórfico com atributos e sentimentos humanos.
Muitos Espíritos, que estão muito à frente de nós na visão espiritual, falam de uma causa primária de todas as coisas, de uma inteligência suprema.
É mais razoável.
Apreender a idéia dessa causa primária com nossa mente humana limitada pela armadura da densa matéria é algo impossível. É tal como tentar fazer conter o oceano num lago.
Há todavia, muitos fatos que pela sua imponência, tem a força de implodir as velhas teorias que sustentam o niilismo e o materialismo dialético.
Onde há fumaça há fogo. Esses fatos revelado pelo Espiritismo é comparável aos que nos revelaram Maxwell e Hertz.
As ondas eletromagnéticas sempre existiram, mas não as conhecíamos. De igual modo, o Espírito é preexistente ao fenômeno da vida física, é o princípio inteligente que a mantêm e sobrevive consciente à falência do corpo.
Como este princípio inteligente evolui tal como o princípio material.Fato evidenciado por Alfred Russel Wallace, co-autor do evolucionismo, um dia então poderemos compreender melhor essa causa primária.
Eureka!
Xeque-mate!
Até que enfim encontro alguém que Crê na Causa Inteligente do Universo e desliga, absolutamente, esta energia de Amor e bondade do temível SENHOR DOS EXÉRCITOS do Antigo Testamento.
Sim Deus independe do nosso conceito particular sobre Ele e de nosso "Imago Dei".
É muito difícil crer no deus que o homem criou e continuar amando o Deus que criou o homem.
O que eu acho? Você é deista, simplesmente. É uma boa posição, embora eu não concorde com ela, sou agnóstico-ateu.
A resposta é uma pergunta: O que é Deus para você?
Olá!
Respeito o seu ponto de vista.
Mas, o conceito de Deus ,por incrível que pareça, pode ser visto de uma forma mais simples.
Olhar com os olhos despidos de preconceito cultural,social,racial e percebemos que Deus se faz presente em todos os lugares em diversas culturas.
Mesmo com tantas variações, e mesmo sendo tão diferente ao que aprendemos, é na pureza e simplicidade, no amor, na doação, que percebemos Deus, mesmo Ele estando sempre conosco.
Não importa como nós o imaginamos, o que importa é saber que não somos auto-suficientes.Pois nada depende exclusivamente da nossa vontade.
Responda aquilo que a consciencia do teu divino ser estiver preparado a responder meu amigo entrelacado theph.
E quando nao precisar mais responder, sera o proprio.
Eu tenho esse mesmo conceito!
Não é à toa que você está entre os meus amigos aqui do YR,gosto muito dos seus escritos!
Quando me fazem tal pergunta eu apenas digo: SEI !
Porque saber é diferente de crer.Eu sei que Deus existe e,isso é diferente de dizer "eu acredito"
abraços!
Ih amigo, quando já tô saindo para almoçar aparece a sua ótima pergunta. Olha, também tenho como princípio que houve um Princípio, e pode-se dar qualquer Nome a Esse Princípio. Essa já é, a meu ver, uma importante base "espiritual", por assim, dizer, constatar que existe uma Força Maior que é Responsável por tudo isso, e que intitulo como O Princípio. Ponto. Agora, não há maneira de não constatarmos que há uma forma de compreender Deus e que existe um certo "Manual" dando conta de contatos ocorridos com Deus a uma parcela da humanidade; e que esses contatos, mesmo de forma antromorficada, fruto até da influência racional grega, é a forma mais "concreta" de se entender Deus não apenas como Princípio de Tudo, mas como Algo, Alguém atuante em Sua criação, Se fazendo Presente em sua criação com determinada finalidade. E nós somos a parcela, talvez especial, da criação desse Princípio, e acho que se esse Princípio desejasse ou deseja influenciar ou tornar-se mais "visível" à sua criação, seja porque motivo for, Ele não teria outra saída a não ser utilizar-se de sua própria criação como meio de se fazer mais presente à sua criação, talvez mais especial, que seja, a humanidade. E esses registros, infelizmente, ou felizmente, são o meio mais "visível", ou os relatos mais "visíveis" de Deus enquanto Criador se fazendo presente à criatura. Ih amigo, esse papo vai longe. rssss
Eu não tenho esse problema pois não acredito em "nenhum" deles. Problema resolvido. Esqueça essas histórias e siga com sua vida.