Professores não sabem lidar com a Homossexualidade?
Como cito no meu livro ( http://www.oarmario.com/homo.php ) a sexualidade humana não é discutida em sala de aula, a homossexualidade, muito menos.
Falta de informação? Falta de instrução e educação de professores que, como a maioria da população, são tão ignorantes quanto sobre o tema? Ou medo, receio, de lidar com um assunto em sala de aula que, segundo consta, não existe no currículo?
Enfim, professores não sabem lidar com a homossexulidade? Com alunos homossexuais? O que fazer? O que vocês pensam a respeito?
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Infelizmente a nossa sociedade é ainda muito conservadora e religiosa. Caso os professores abordassem o tema, aposto que haveria varios pais que reclamariam na escola, dizendo que o professor está incentivando-os.
O primeiro passo é tentar mudar a mentalidade do país, abordando o tema na mídia de forma séria e sem estereótipos e fazer leis e aplicá-las com o intuito de proteger os homossexuais.
Tem-se também que evitar que a homossexualidade transforme-se em tabu: quando nao se critica, mas que se evita falar. Repara nos programas de televisao quando um apresentador fala com alguém: a vida privada é abordada presupondo que o /a entrevistado/a é hetero, e se um assume-se homo, pode-se ver cheio de perguntas indiscretas, piadas ou idéias estereotipadas, pois isso é o que a massa quer ouvir e dá audiência
O machismo está muito presente. Até que ponto um hetero manteria uma amizade com um homo, seja gay ou lesbiana?
Esta mudança de mentalidade tem que ser feita em toda a sociedade e a escola deve ter o objetivo apenas de manter a mudança.
Vejamos o caso de Espanha, onde vivo. Mesmo que a Igreja Católica tenha peso político e uma pequena parte da população pratica ainda a religião, a maioria da população tomou a postura de "se tu crees em Jesus, problema teu", em outras palavras, os conservadorismos religiosos estão excluidos da vida em sociedade. Tu podes muito bem ser católico, mas a orientaçao sexual dos outros ou se uma mulher aborta, ou se um casal nao está casado, nao é o teu problema.
A homossexualidade aqui já nao é problema. Os gays casam-se no civil e podem adotar crianças. Claro que entre heteros sempre há uns comentarios estereotipados, pois é um resquicio, mas há convivio entre homos e heteros sem problemas a tal ponto que os avôs recebem em casa o neto que é homo e o seu companheiro e o neto que é hetero com sua família. O tema nao se discute porque se considera aceito. Num jantar os homos se tocam da mesma maneira que os heteros, pode rolar um beijinho e o fazem diante de crianças. Uma vez perguntei a uma amiga o que achava do tema e ela me disse um dito que há aqui: "sobre gostos e cores, não escreveram os autores". Em outras palavras, pouco lhes importa o que faz uma pessoa com a outra em quatro paredes. Se uma pessoa é legal, não há nenhum problema que ela seja gay. Se perguntas ou insinuas que o seu filho ou filha é homo, dizem que pouco lhes importa, tanto que sejam felizes e encontrem uma boa pessoa.
O insulto que poucos machitas fazem (nao em público, mas quando estao falando mal entre heteros) pode dar prisão.
Quando alguém faz besteiras ou é um pouco fresco, às vezes se diz "mariconadas", mas quando se dao conta, pedem desculpas ou dizem que nao se referiam ao tema homo, pois esta é uma expressao que sai de vez em quando e lembra o insulto "maricon" e "marica"
Com a aceitaçao da homossexualidade pela sociedade e pelas leis do país, a escola já está tratando todos os temas de sexualidade, inclusive orientação sexual.
O bissexualismo também é bem aceito. Muitas mulheres não vêem problemas de namorar homens que já tiveram relações com outros homens.
Enfim, a mentalidade é outra bem diferente à do Brasil. Os poucos conflitos que pode haver sao com os estrangeiros que vem de todas as partes do mundo. Os mulsumanos, por exemplo, sao um pouco radicais com o tema. De qualquer maneira, aqui existem leis que protegem os homos e a igualdade de sexo. Atitudes machistas de um homem para com uma mulher (mesmo verbal) podem ser encaradas como violentas e sexitas e dá cadeia.
Nao sei como de fato ocorreu esta mudança de mentalidade aqui. O fato é que a maioria dos europeus nao sao religiosos e duvidam da existência de Deus. Nao que sejam ateus, mas nao dao importancia ao tema. Muitos nem leram a bíblia e nem sabem a história de adao e eva. Talvez seja este o fator, além duma boa educaçao na escola ensinando respeito e tolerância em todos os aspectos e colhendo resultados positivos quanto a aceitaçao da homo ou bisexualidade.
As pessoas nao se dao conta, mas as religioes sao o mal da humanidade e a principal causa de intolerància. Basta pensar nos religiosos que tentam te convertir e a buscar as tuas faltas em relacao aos mandamentos da bíblia. Os paises em que a religiao é fortemente presente sao os paises mais machistas, sexistas e onde ocorrem mais conflitos.
Para que os professores possam lidar com o tema, primeiro eles tem que ter uma formação e a aceitaçao da sociedade. E como alguns professores podem ter mentalidade machista ou preconceituosa, tem-se que fazê-los seguir uma formação séria e rigorosa para que eles nao transmitam isto aos alunos.
Após a formação dos professores, deve-se também criar uma matéria que fala somente de sexualidade, de preferência desde os 12/14 anos, pois já nesta idade muitos se sentem desorientados quanto a sexualidade, além de abordar temas como gravidez prematura, aborto etc.
Nao pode haver proibição de aborto. Um país democrático deve dar apoio psicológico para que a mulher tome decisao, pois igualmente com a proibiçao, quem resolve ter o filho indesejado nao tem nenhuma ajuda do governo e nem das pessoas que sao contra o aborto. Sou contra o aborto, mas a favor que possam abortar, ou seja, desaprovo a prática, mas nao julgo nem me tomo o direito de decidir sobre a escolha de alguém.
Em outras palavras, as pessoas tem que deixar de querer decidir pela vida dos outros. De que direito um bando de heteros se acham para decidir que um casal homo nao se pode casar. Claro, muitos brasileiros nao aceitam isso pensando que um homem vai se vestir de mulher e isso dá imagem perversa. O fato é que o casamento é um fator importante porque se eles fazem uma vida juntos, quando um dos dois morre ou põe-se doente, o outro pode gerir a sua vida económica.
Concluindo, nao aceitar a homo ou bissexualidade ou a ortientaçao sexual de alguém é sinônimo de intolerancia e é a mesma coisa que ser racista. Ser hetero, homo ou bi são fatos como ser branco ou negro, nao é doença e nao deve ser fator de interferência na vida de ninguém. Respeitemos a diversidade