Poemas de Fernando Pessoa?

Qual é o poema mais dramático, macabro de fernando pessoa?

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  • Eu escolheria Tabacaria

    TABACARIA

    (15-1-1928)

    Não sou nada.

    Nunca serei nada.

    Não posso querer ser nada.

    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

    Janelas do meu quarto,

    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é

    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),

    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,

    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,

    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,

    Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,

    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.

    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,

    E não tivesse mais irmandade com as coisas

    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua

    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada

    De dentro da minha cabeça,

    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

    Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.

    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo

    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,

    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

    Falhei em tudo.

    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.

    A aprendizagem que me deram,

    Desci dela pela janela das traseiras da casa,

    Fui até ao campo com grandes propósitos.

    Mas lá encontrei só ervas e árvores,

    E quando havia gente era igual à outra.

    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?

    Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!

    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

    ....

  • Tão cedo passa tudo quanto passa!

    Morre tão jovem ante os deuses quanto

    Morre! Tudo é tão pouco!

    Nada se sabe, tudo se imagina.

    Circunda-te de rosas, ama, bebe

    E cala. O mais é nada.

    Fernando Pessoa 3-1-1923

  • Não leio Fernando Pessoa.

    bjs

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