O que fazer quando meu filho se interessa por assuntos demais?
Meu filho, de 14 anos, têm uma gama de interesses assombrosa.
Ele se interessa pela prática de esportes, prática de skate e bicicleta, caminhadas pela natureza, com direito a subir em árvores e se banhar nu em cachoeiras. Gosta de praticar feitos de proeza física, como contorcionismo (ele é capaz de por os pés atrás da cabeça), saltos (ele salta pra trás e cai de pé - geralmente), equilíbrio (ele é capaz de equilibrar o todo o corpo em uma só das mãos, mantendo os pés para o alto), escalada (muros, estátuas, árvores, rochas, etc). Entre outras coisas, que sugerem uma personalidade extremamente energética e voltada para o corpo.
No entanto, ele têm interesses aparentemente incompatíveis com os primeiros, que sugerem um lado muito mais cerebral, como o clube de robótica da escola, o clube de desenvolvimento de software da escola, vídeo games, astronomia e astrofísica, fatos científicos curiosos ou bizarros, e etc.
Além disso, gosta de desenhos animados (principalmente o tal Hora das Aventuras) e de um jogo estranhíssimo chamado R.P.G. (que, segundo pesquisei, tem a ver com teatro e dramatização improvisada de personagens, ao mesmo tempo que é regido por um conjunto de regras, que envolve diversos livros e muitas variedades de dados de números de faces não convencionais).
E pra completar, ele quer ser Médico do exército e piloto de tanques de guerra quando crescer.
Eu devo aconselhar que ele tenha mais foco na vida e se dedique a uma quantidade menor de coisas (todas essas coisas consomem tempo), para que fique bom em algumas, mas seja obrigado a abandonar outras? Ou devo deixar ele se dedicar a tudo isso ao mesmo tempo, mesmo eu achando que o ser humano precisa de foco, direção e objetividade na vida?
Por enquanto, não o aconselhei em nenhum sentido, por medo de dar o conselho errado, mas conforme vejo a lista de interesses dele crescer, cada vez mais penso que se eu tiver que intervir, deve ser o mais cedo possível.
Comments
Ficar focado sempre na mesma coisa não é boa para ninguém. No fim do dia, percebe-se apenas de uma coisa, só aquilo e mais nada do que isso -- e ignora-se tudo o resto, sem saber se é fácil ou difícil, ou avaliar o valor dos interesses das outras pessoas.
Por exemplo, se o teu filho percebesse apenas de matemática, iria ignorar a necessidade de ser versado em política e aí substimaria a influência que a política tem na sociedade e seria mais facilmente influenciado (enrolado!) por quem percebe muito de política. Por outro lado, se o teu filho se interessasse apenas por política ele iria ganhar uma grande aptidão para influenciar pessoas e poderia ganhar proeminência social -- mas ignoraria a importância de todas as outras franjas da Sociedade, para além de dizer aquelas frases que ficam sempre bem como "a Ciência é muito importante para a sociedade". Ele tornar-se-ia uma pessoa muito limitada, sabendo sobre nada mais que política e vogando ao sabor dos lobbies e quem pagasse mais, sem antever as consequências sociais.
Ouve: o teu filho está na fase de desenvolvimento mais rápido de toda a vida dele. Todos esses assuntos pelos quais ele se interessa agora é como descobrir o que os diferentes membros do corpo fazem -- braços, pés, cabeça. Focar-se apenas num assunto é como querer usar o dedo mínimo e esquecer tudo o resto -- ele ficaria um excelente utilizador do dedo mínimo, com graves deficiências no conhecimento e utilização do resto do corpo.
Sai da frente e deixa-o explorar o que ele quer. Isso permiti-lo-á crescer e compreender melhor o mundo que o rodeia, as pessoas que o rodeiam, e os temas que existem.
Na Renascença, os grandes sábios dedicavam-se a TODOS os temas que podiam. Chamavam-se polímatas, ou "homens universais": http://pt.wikipedia.org/wiki/Polimata Nessa época era relativamente fácil, pois ainda não se sabia tanto quanto se sabe hoje; era fácil ir 1 semana para a biblioteca e tornar-se o especialista mundial sobre os poucos assuntos que se conhecia na altura.
Na Grécia Clássica, os estudantes dedicavam-se à Ginásica, à Oratória, à Retórica, à Matemática... VÁRIOS assuntos, não apenas um.
A sério: o pior que fazes é espartilhar as opções dele! Devias dar-te por muito feliz que ele possa ter tantos temas para escolher.
O fundamento do sucesso é ter muitos caminhos para escolher. Se tens apenas um, é como depender de apenas um alimento: quando esgotar, definhas.