Desse mesmo poeta, há versos que associam valorização e questionamento:
ALTAS FILOSOFIAS
O negro pensa:
por que o pensador de Rodin
é branco em vez de preto?
O negro pensa.
O negro pensa
por participações ou por conceitos?
O negro pensa.
O questionar associado à cobrança aparece, por exemplo, em "Viu", de Geni Mariano Guimarães:
[...]
Só porque você
não me bate de chicote,
não me fura de faca,
não me espeta o ventre...
não quer dizer que você não me deve nada:
você me deve a chave da senzala,
que está escondida nas gavetas dos balcões.
A consciência da necessidade de afirmação está, entre outros, no texto de Cúti:
FERRO
Primeiro o ferro marca
a violência nas costas
depois o ferro alisa
a vergonha nos cabelos
Na verdade o que se precisa
é jogar o ferro fora
e quebrar todos os elos
dessa corrente de desesperos.
A revolta acentua-se em versos como os de José Carlos Limeira:
Quilombos
meus sonhos
sofro de uma insônia eterna
de viver vocês.
E se um distinto senhor me disser
para não pensar nessas coisas
terei que matá-lo
com certo prazer.
A violência ameniza-se na direção do desejo de integração, no texto de Paulo Colina, "Pequena balada insurgente", de que transcrevo passagem significativa:
Não há rancor nem ódio:
há esse clamor surdo
que rebenta em meu coração
face a tantas bocas subterrâneas,
face a tanto cuidar de telenovelas, samba e futebol.
Até quando nossos filhos
poderão continuar a soltar pipas,
a rolar juntos,
na terra, no cimento,
na grama, na lama, brincando de serem irmãos?
O orgulho de pertencer à etnia transparece vigoroso nas palavras de "Integridade", de Geni Mariano Guimarães:
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Novo Rumo
Lino Guedes
Negro preto cor da noite,
Nunca te esqueças do açoite
que cruciou tua raça.
Em nome dela somente
faze com que nossa gente
um dia gente se faça!
Negro preto, negro preto
sê tu um homem direito
como um cordel posto a prumo!
É só do teu proceder
que por certo há de nascer
a estrela do novo rumo!
E há o poema "Quem disse?", de Oliveira Silveira:
Quem disse já não sermos
aqui burros cargueiros?
Em pastos brasileiros
ser negro e proprietário
é fardo na garupa.
Ser negro e proletário
é levar carga dupla.
Desse mesmo poeta, há versos que associam valorização e questionamento:
ALTAS FILOSOFIAS
O negro pensa:
por que o pensador de Rodin
é branco em vez de preto?
O negro pensa.
O negro pensa
por participações ou por conceitos?
O negro pensa.
O questionar associado à cobrança aparece, por exemplo, em "Viu", de Geni Mariano Guimarães:
[...]
Só porque você
não me bate de chicote,
não me fura de faca,
não me espeta o ventre...
não quer dizer que você não me deve nada:
você me deve a chave da senzala,
que está escondida nas gavetas dos balcões.
A consciência da necessidade de afirmação está, entre outros, no texto de Cúti:
FERRO
Primeiro o ferro marca
a violência nas costas
depois o ferro alisa
a vergonha nos cabelos
Na verdade o que se precisa
é jogar o ferro fora
e quebrar todos os elos
dessa corrente de desesperos.
A revolta acentua-se em versos como os de José Carlos Limeira:
Quilombos
meus sonhos
sofro de uma insônia eterna
de viver vocês.
E se um distinto senhor me disser
para não pensar nessas coisas
terei que matá-lo
com certo prazer.
A violência ameniza-se na direção do desejo de integração, no texto de Paulo Colina, "Pequena balada insurgente", de que transcrevo passagem significativa:
Não há rancor nem ódio:
há esse clamor surdo
que rebenta em meu coração
face a tantas bocas subterrâneas,
face a tanto cuidar de telenovelas, samba e futebol.
Até quando nossos filhos
poderão continuar a soltar pipas,
a rolar juntos,
na terra, no cimento,
na grama, na lama, brincando de serem irmãos?
O orgulho de pertencer à etnia transparece vigoroso nas palavras de "Integridade", de Geni Mariano Guimarães:
Ser negra.
Na integridade
calma e morna dos dias.
Ser negra,
De negras mãos,
De negras mamas,
de negra alma.
Ser negra, negra.
Puro Afro sangue negro,
Saindo aos jorros por todos os poros.
O grande inimigo é identificado por Éle Semog:
Juntaremos tantos grilhões
Quanto for possível
E mais quatrocentas misérias
Então trocaremos tudo por flores
Para enfeitar o enterro
Dessa coisa estranha: racismo.
vida de negro é difÃcil, é difÃcil com o quê......
Navio Negreiro