Acho que sua pergunta seria sobre Escolas do pensamento histórico, não é mesmo?
Sempre existiram escolas históricas ao longo do tempo, como também historiadores que nunca se vincularam a nenhuma delas, seguindo suas próprias linhas de interpretação.
Após separar-se da atividade literária e incorporar as ferramentas da crítica textual (desenvolvidas no século das Luzes), a historiografia começou a buscar a compreensão das leis que determinavam o desenvolvimento histórico das diferentes nações, e que poderiam ser aplicáveis a qualquer situação.
1. A primeira escola histórica a aparecer dessa forma, foi a Metódica (ou positivista), criada por Ranke (Alemanha, século XIX).
Ranke estabeleceu um conjunto mínimo de observações para determinar o "fato histórico", como forma de separar o concreto das diferentes versões da história. Para Ranke (e seus seguidores na Alemanha), a historiografia não tinha o papel de julgar, ao passo que seus seguidores na França (Monod, Langlois, Seignobos, Lavisse, etc) excluiam a possibilidade de neutralidade.
Em geral, os metódicos eram absolutamente anticlericais e se opunham à filosofia da história, em particular a Hegel.
Apesar da popularidade do "método", a escola também teve seus críticos.
- de um lado, Foustel de Coulanges (reintroduzindo o papel da religião como linha mestra das situações históricas) e Taine (procurando explicar o fenômeno histórico como produto social a partir de três conceitos: raça, meio e momento) representaram um recuo na busca pelas leis universais da história.
- de outro, Michelet criticou diretamente a ênfase da história assentada sobre o político, e buscou a compreensão da história a partir da psique das massas. O mesmo caminho foi seguido foi Burckhardt.
2. porém, a linha que passou a representar melhor essa nova busca foi a da escola Marxista (Marx e Engels), que desenvolveu como contraponto o "materialismo histórico", tendo como centro o princípio da contradição (sob a influência de Hegel) e primado do material sobre o espiritual.
A visão marxista da história rejeitou tanto o papel das grandes personalidades quanto a influência das ideias, concentrando a sua atenção no que chamou de forças produtivas.
No entanto, a historiografia marxista tornou-se excessivamente dogmática (Lenin, Kautsky, Mehring), por causa de seu atrelamento às categorias.
Mas continuou tendo influência sobre outras escolas e dentro dessas outras correntes.
- nessa época, Spengler e Toynbee apontaram para o declínio da civilização, negando a ideia de progresso. Mas o principal mérito de Toynbee foi tentar resolver o problema separando as atividades historiográficas em níveis.
- Shmoller, Cunningham e Roger mantiveram a sua ênfase no fato econômico (também seguida por Hauser).
- Henri Berr propôs uma história psicológica.
3. a verdadeira revolução na historiografia foi a criação da Escola de Annales, nos anos 30, na França.
A escola reuniu diferentes influências (antropologia, psicologia, economia, linguística) e aprofundou os estudos histórico, com a teoria da "histoire événementielle" (Braudel), que separa os fatos de curta duração dos de longa duração.
O fato de longa duração é aquele de longa duração, que afeta as estuturas mais permanentes, e cujo estudo exige uma compreensão mais ampla.
Esse método aborda muito mais o econômico e o social, mas recusa as categorias maxistas.
As abordagens dos Annales (Braudel, Bloch, Fevre) tiveram uma grande repercussão, e acabaram por concentrar a historiografia em sua forma de abordagem, abrindo espaço para uma série de sub-escolas.
Isso fez com que surgisse a chamada "Nova História", reunindo as diferentes interpretações e até absorvendo outras escolas (como a marxista, não-dogmática).
Seus principais representantes nessa fase foram Mandrou, Le Goff, Le Roy Ladurie, Chaunu, Mousnier e Labrousse, todos mais ou menos sob a direção de Braudel enquanto este continuou trabalhando, até os anos 60.
Depois surgiu uma terceira geração que buscou abordagens de "terceiro nível" (mentalidades), com Ariés, Delumeau, Duby, Furet, Vovelle, Ferro, Roche.
Nos últimos anos, vimos um retorno à factualidade política, o uso da narrativa e da biografia.
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Acho que sua pergunta seria sobre Escolas do pensamento histórico, não é mesmo?
Sempre existiram escolas históricas ao longo do tempo, como também historiadores que nunca se vincularam a nenhuma delas, seguindo suas próprias linhas de interpretação.
Após separar-se da atividade literária e incorporar as ferramentas da crítica textual (desenvolvidas no século das Luzes), a historiografia começou a buscar a compreensão das leis que determinavam o desenvolvimento histórico das diferentes nações, e que poderiam ser aplicáveis a qualquer situação.
1. A primeira escola histórica a aparecer dessa forma, foi a Metódica (ou positivista), criada por Ranke (Alemanha, século XIX).
Ranke estabeleceu um conjunto mínimo de observações para determinar o "fato histórico", como forma de separar o concreto das diferentes versões da história. Para Ranke (e seus seguidores na Alemanha), a historiografia não tinha o papel de julgar, ao passo que seus seguidores na França (Monod, Langlois, Seignobos, Lavisse, etc) excluiam a possibilidade de neutralidade.
Em geral, os metódicos eram absolutamente anticlericais e se opunham à filosofia da história, em particular a Hegel.
Apesar da popularidade do "método", a escola também teve seus críticos.
- de um lado, Foustel de Coulanges (reintroduzindo o papel da religião como linha mestra das situações históricas) e Taine (procurando explicar o fenômeno histórico como produto social a partir de três conceitos: raça, meio e momento) representaram um recuo na busca pelas leis universais da história.
- de outro, Michelet criticou diretamente a ênfase da história assentada sobre o político, e buscou a compreensão da história a partir da psique das massas. O mesmo caminho foi seguido foi Burckhardt.
2. porém, a linha que passou a representar melhor essa nova busca foi a da escola Marxista (Marx e Engels), que desenvolveu como contraponto o "materialismo histórico", tendo como centro o princípio da contradição (sob a influência de Hegel) e primado do material sobre o espiritual.
A visão marxista da história rejeitou tanto o papel das grandes personalidades quanto a influência das ideias, concentrando a sua atenção no que chamou de forças produtivas.
No entanto, a historiografia marxista tornou-se excessivamente dogmática (Lenin, Kautsky, Mehring), por causa de seu atrelamento às categorias.
Mas continuou tendo influência sobre outras escolas e dentro dessas outras correntes.
- nessa época, Spengler e Toynbee apontaram para o declínio da civilização, negando a ideia de progresso. Mas o principal mérito de Toynbee foi tentar resolver o problema separando as atividades historiográficas em níveis.
- Shmoller, Cunningham e Roger mantiveram a sua ênfase no fato econômico (também seguida por Hauser).
- Henri Berr propôs uma história psicológica.
3. a verdadeira revolução na historiografia foi a criação da Escola de Annales, nos anos 30, na França.
A escola reuniu diferentes influências (antropologia, psicologia, economia, linguística) e aprofundou os estudos histórico, com a teoria da "histoire événementielle" (Braudel), que separa os fatos de curta duração dos de longa duração.
O fato de longa duração é aquele de longa duração, que afeta as estuturas mais permanentes, e cujo estudo exige uma compreensão mais ampla.
Esse método aborda muito mais o econômico e o social, mas recusa as categorias maxistas.
As abordagens dos Annales (Braudel, Bloch, Fevre) tiveram uma grande repercussão, e acabaram por concentrar a historiografia em sua forma de abordagem, abrindo espaço para uma série de sub-escolas.
Isso fez com que surgisse a chamada "Nova História", reunindo as diferentes interpretações e até absorvendo outras escolas (como a marxista, não-dogmática).
Seus principais representantes nessa fase foram Mandrou, Le Goff, Le Roy Ladurie, Chaunu, Mousnier e Labrousse, todos mais ou menos sob a direção de Braudel enquanto este continuou trabalhando, até os anos 60.
Depois surgiu uma terceira geração que buscou abordagens de "terceiro nível" (mentalidades), com Ariés, Delumeau, Duby, Furet, Vovelle, Ferro, Roche.
Nos últimos anos, vimos um retorno à factualidade política, o uso da narrativa e da biografia.
Como assim, muito vago isso, explica melhor.
Pergunta em Filosofia, mas vai entrar ai, Teocentrismo, Geocentrismo, Biogenegis e Abiogenesis também é importante.
Monarquia, Democracia, Conceito de Aliens talvez no futuro.