O Parnasianismo foi um movimento essencialmente poético que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos.
Alguns críticos chegam a considerá-lo uma espécie de Realismo na poesia. Tal aproximação é relativa, pois apesar de algumas identidades (objetivismo, perfeição formal) as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da auto-imagem religiosa da burguesia européia, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação, o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na sua "torre de marfim”, onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e a superficialidade vitoriosa em vários setores artísticos, no final do século XIX.
Neste sentido, o Parnasianismo pode ser associado à Belle Époque - época dourada das elites européias, que se divertem com os lucros do espólio imperialista. O can-can, os cabarés e cafés parisienses, os janotas que bebem licor e as prostitutas de alta classe formam a imagem frenética de um mundo enriquecido e alegre. Uma certeza inabalável preside esse mundo: a de que ele é eterno e superior. Assim, o Parnasianismo será a tradução poética de um período de euforia e de relativa tranqüilidade social, no qual a forma se sobreporá às idéias.
Seu surgimento deu-se na década de 60, através da revista Parnase Contemporain, dirigida por Théophile Gautier. O poeta mais expressivo do grupo colaborador, Charles Baudelaire, mais tarde romperia com a pesada estética parnasiana.
CARACTERÍSTICAS
1) OBJETIVISMO E IMPESSOALIDADE
O poeta deve ser neutro diante da realidade, esconder seus sentimentos, sua vida pessoal. A confissão íntima e o extravasamento subjetivo, tão caros aos românticos, são vistos como inimigos da poesia. O Eu precisa se apagar frente do mundo objetivo, eclipsar-se. O espetáculo humano, cenas da natureza ou simples objetos são registrados, sem que haja interferências da interioridade do artista.
2) ARTE PELA ARTE
Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não tem nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso. É auto-suficiente e justifica-se apenas por sua beleza formal.
3) CULTO DA FORMA
O resultado da visão descompromissada é a celebração dos processos formais do poema. A verdade de uma obra de arte passa a residir apenas em sua beleza. E a beleza é evidenciada pela elaboração formal. Logo:
POESIA = VERDADE = BELEZA = FORMA
Mas para os parnasianos forma seria a maneira de que poema pode ser apresentado, seus aspectos exteriores. Forma seria, então, a técnica de construção do poema. Isso representava uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula. Uma fórmula resumida em alguns itens básicos:
a) Metrificação rigorosa: os versos devem ter o mesmo número de sílabas poéticas, preferencialmente doze sílabas (versos alexandrinos), os preferidos na época.
Ou apresentar uma simetria constante, do tipo: primeiro verso de oito sílabas, segundo de quatro sílabas, terceiro de oito sílabas, quarto com quatro sílabas, etc.
b) Rimas ricas: os poetas devem evitar as rimas pobres, isto é, aquelas estabelecidas por palavras da mesma classe gramatical, como substantivo com substantivo, adjetivo com adjetivo, etc.
c) Preferência pelo soneto: os parnasianos reivindicam a tradição clássica do soneto, composição poética de quatorze versos - articulada obrigatoriamente em dois quartetos e dois tercetos - e que se encerra com uma "chave de ouro", espécie de síntese do poema, manifesta tão somente no último verso.
d) Descritivismo: eliminando o Eu, a participação pessoal e social, só resta ao parnasiano uma poética baseada no mundo dos objetos, objetos mortos: vasos, colares, muros, etc. São pequenos quadros, fortemente plásticos (visuais), fechados em si mesmos, com grande precisão vocabular e freqüente superficialidade.
4) TEMÁTICA GRECO-ROMANA
Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguem articular poemas sem conteúdo e são obrigados a encontrar um assunto desvinculado no mundo concreto para motivo de suas criações. Escolhem a Antigüidade Clássica, aspectos de sua história e de sua mitologia.
O PARNASIANISMO NO BRASIL
A primeira manifestação parnasiana no Brasil data de 1882, ano em que se publica o medíocre Fanfarras, de Teófilo Dias. Mas o movimento estrutura-se e ganha prestígio popular com a constituição da famosa tríade parnasiana: Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.
OS POETAS DO PARNASIANISMO
1) OLAVO BILAC (1865-1918)
VIDA: Nasceu no Rio de Janeiro, numa família de classe média. Estudou Medicina e depois Direito, sem se formar em nenhum dos cursos. Jornalista, funcionário público, inspetor escolar, secretário do prefeito do Distrito Federal, exerceu constante atividade republicana e nacio
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Parnasianismo
O Parnasianismo foi um movimento essencialmente poético que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos.
Alguns críticos chegam a considerá-lo uma espécie de Realismo na poesia. Tal aproximação é relativa, pois apesar de algumas identidades (objetivismo, perfeição formal) as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da auto-imagem religiosa da burguesia européia, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação, o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na sua "torre de marfim”, onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e a superficialidade vitoriosa em vários setores artísticos, no final do século XIX.
Neste sentido, o Parnasianismo pode ser associado à Belle Époque - época dourada das elites européias, que se divertem com os lucros do espólio imperialista. O can-can, os cabarés e cafés parisienses, os janotas que bebem licor e as prostitutas de alta classe formam a imagem frenética de um mundo enriquecido e alegre. Uma certeza inabalável preside esse mundo: a de que ele é eterno e superior. Assim, o Parnasianismo será a tradução poética de um período de euforia e de relativa tranqüilidade social, no qual a forma se sobreporá às idéias.
Seu surgimento deu-se na década de 60, através da revista Parnase Contemporain, dirigida por Théophile Gautier. O poeta mais expressivo do grupo colaborador, Charles Baudelaire, mais tarde romperia com a pesada estética parnasiana.
CARACTERÍSTICAS
1) OBJETIVISMO E IMPESSOALIDADE
O poeta deve ser neutro diante da realidade, esconder seus sentimentos, sua vida pessoal. A confissão íntima e o extravasamento subjetivo, tão caros aos românticos, são vistos como inimigos da poesia. O Eu precisa se apagar frente do mundo objetivo, eclipsar-se. O espetáculo humano, cenas da natureza ou simples objetos são registrados, sem que haja interferências da interioridade do artista.
2) ARTE PELA ARTE
Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não tem nenhum sentido utilitário, nenhum tipo de compromisso. É auto-suficiente e justifica-se apenas por sua beleza formal.
3) CULTO DA FORMA
O resultado da visão descompromissada é a celebração dos processos formais do poema. A verdade de uma obra de arte passa a residir apenas em sua beleza. E a beleza é evidenciada pela elaboração formal. Logo:
POESIA = VERDADE = BELEZA = FORMA
Mas para os parnasianos forma seria a maneira de que poema pode ser apresentado, seus aspectos exteriores. Forma seria, então, a técnica de construção do poema. Isso representava uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula. Uma fórmula resumida em alguns itens básicos:
a) Metrificação rigorosa: os versos devem ter o mesmo número de sílabas poéticas, preferencialmente doze sílabas (versos alexandrinos), os preferidos na época.
Ou apresentar uma simetria constante, do tipo: primeiro verso de oito sílabas, segundo de quatro sílabas, terceiro de oito sílabas, quarto com quatro sílabas, etc.
b) Rimas ricas: os poetas devem evitar as rimas pobres, isto é, aquelas estabelecidas por palavras da mesma classe gramatical, como substantivo com substantivo, adjetivo com adjetivo, etc.
c) Preferência pelo soneto: os parnasianos reivindicam a tradição clássica do soneto, composição poética de quatorze versos - articulada obrigatoriamente em dois quartetos e dois tercetos - e que se encerra com uma "chave de ouro", espécie de síntese do poema, manifesta tão somente no último verso.
d) Descritivismo: eliminando o Eu, a participação pessoal e social, só resta ao parnasiano uma poética baseada no mundo dos objetos, objetos mortos: vasos, colares, muros, etc. São pequenos quadros, fortemente plásticos (visuais), fechados em si mesmos, com grande precisão vocabular e freqüente superficialidade.
4) TEMÁTICA GRECO-ROMANA
Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguem articular poemas sem conteúdo e são obrigados a encontrar um assunto desvinculado no mundo concreto para motivo de suas criações. Escolhem a Antigüidade Clássica, aspectos de sua história e de sua mitologia.
O PARNASIANISMO NO BRASIL
A primeira manifestação parnasiana no Brasil data de 1882, ano em que se publica o medíocre Fanfarras, de Teófilo Dias. Mas o movimento estrutura-se e ganha prestígio popular com a constituição da famosa tríade parnasiana: Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.
OS POETAS DO PARNASIANISMO
1) OLAVO BILAC (1865-1918)
VIDA: Nasceu no Rio de Janeiro, numa família de classe média. Estudou Medicina e depois Direito, sem se formar em nenhum dos cursos. Jornalista, funcionário público, inspetor escolar, secretário do prefeito do Distrito Federal, exerceu constante atividade republicana e nacio