Caros amigos poetas vocês concordam ou discordam do Pessoa...?
("O poeta é um fingidor").
Fernando Pessoa
Pessoa afirma que é um fingidor e vocês caros poetas.
"Inté" a próxima, abraços a todos.
("O poeta é um fingidor").
Fernando Pessoa
Pessoa afirma que é um fingidor e vocês caros poetas.
"Inté" a próxima, abraços a todos.
Comments
O Poeta é um Fingidor
De 13 de Junho de 1888 a 30 de Novembro de 1935 viveu Fernando Antônio Nogueira Pessoa, um poeta português natural de Lisboa, cuja engenhosidade artística o elegeu como cânone do Modernismo português e da Literatura universal. Longe de pretender redundância de tudo o que já foi escrito sobre a obra do autor, proponho aqui uma releituira dos poemas "Autopsicografia" e "Isto", conforme congregam sinteticamente as peculiaridades da poética pessoana e denunciam as concepções do próprio Fernando Pessoa acerca da criação poética.
Nestes poemas, ele nos dá uma lição de como funciona o processo da criação literária, em que há uma dialética ficção-realidade:
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
E os que lêem o que escreve
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração
O primeiro verso dá idéia de ficção, que significa ato ou efeito de fingir. É o produto da invenção. Há a dor real do poeta ("a dor que deveras sente") e há a dor fictícia, inventada pela linguagem poética.
Os que lêem (os leitores) o que o poeta escreve (o poema), na dor lida sentem bem só a (dor) que eles (os leitores) não têm. E a dor que eles não têm é a dor fictícia, aquela dor imaginária que se materializa na linguagem poética e que, segundo Pessoa, é uma espécie de máscara que esconde "a dor que deveras sente", que, por sua vez, certamente, não difere da dor dos leitores.
Mas a criação poética é ato tão fictício que os leitores só depreendem a dor lida e nela sentem não as duas dores (real e fictícia) que ele (o poeta) teve, mas só a que eles não têm.
Pessoa, então, defende a idéia de que fingir é privilégio exclusivo de poetas e sentir de verdade é fato comum a todo ser vivente, independentemente de ser poeta ou não.
Partindo desses pressupostos, pode-se afirmar que, para Pessoa, nem sempre "a dor que deveras sente" é a dor enunciada. Às vezes a dor real pode ser mascarada pela linguagem poética, fazendo com que o coração entretenha a razão.
A linguagem poética, no dizer de Fernando pessoa, tem o poder de manipular arbitrariamente os sentimentos humanos de modo a torná-los alheios à razão. É o que se evidencia no último quarteto de "Autopsicografia", em que o coração, representante simbólico das emoções humanas no mundo ocidental, é metaforicamente comparado a um "comboio de corda", isto é, a um brinquedo que entretém a razão.
Na poética de Fernando Pessoa, o ato de pensar faz que sua consciência exerça um controle sobre a criação poética, delimitando o fluxo de emoções aquém do sentimentalismo romântico.
Segundo Vítor Manuel de Aguiar e Silva, em artigo cujo título é "A criação poética": "raramente um poeta, em qualquer literatura, teve tão lúcida consciência do problema do fingimento poético como Fernando Pessoa". Para ele, Pessoa sabia que "... a sinceridade psicológica não possui valor no plano da criação poética", o que justifica a primeira quadra de "Autopsicografia". Quando Pessoa refere-se, no último verso dessa quadra, à "dor que deveras sente", quer dizer que entende o fazer poético como atitude que, se abrange, também transcende os elementos existenciais, pois "a dor fingida, a dor que figura no poema, mesmo quando se prende a uma dor real, não se identifica (necessariamente) com esta".
A metalinguagem é elemento indicial da posição vanguardista de Fernando Pessoa. No poema "Isto", o poeta responde às acusações de insinceridade que recebe da tradição literária confidencialista que se consolidou nas letras européias a partir do século XIX com o advento do Romantismo. Diz Fernando Pessoa:
Dizem que finjo ou minto
Tudo o que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
As idéias expressas na primeira quadra de "Autopsicografia" tornam-se recorrentes nos três últimos versos da primeira estrofe de "Isto". O que há de mais belo neste poema é a comparação entre o terraço e o produto da experiência existencial do poeta: "Tudo o que sonho ou passo / O que me fala ou finda...". Os elementos existenciais são como um terraço sobre outra coisa linda que é a poesia do poema, que o poeta escreve com a liberdade que lhe assiste de criar sem sentir, facultando aos leitores a liberdade de sentirem o que lhes for permitido na depreensão do poema.
Considerando, portanto, que o poeta é um fingidor, não se deve tomar sua criação literária como um referencial investigativo de seus próprio
Então Pitágoras...
Complicado heim! hehehe
Antes de mais nada, quem sou pra discordar do Pessoa? Nem brinca!
Engraçado como quando eu leio essa poesia inesquecÃvel do Pessoa eu vejo o que ele diz de outra forma, não penso que ele tenha dito que o poeta é um fingidor e ponto.
Essa poesia para mim, é de uma profundidade abissal, ela vai no âmago do poeta, considero um belÃssimo jogo de palavras acerca do coração, da alma, daquilo que move um poeta a escrever e porque ele o faz.
Quando ele diz:
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que DEVERAS sente."
Ele está dizendo, que o poeta finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que VERDADEIRAMENTE sente!!
Para mim, ele finge, que é um fingidor, entende o que quero dizer?
Penso que tudo que escrevemos (qualquer pessoa que se aventura a poetizar) sai do profundo da nossa alma, do nosso coração... Tudo que colocamos pra fora, habita em nós, de alguma forma e em algum lugar.
Ainda que não estejamos sentindo naquele exato momento o que escrevemos, e digo isso, nesse caso, por mim mesma, nós sabemos exatamente do que falamos, conhecemos aquele sentimento, aquela angústia, a tristeza ou a felicidade de que tratamos.
O poeta não é um inventor de sentimentos, ele os conhece, os sente, e por isso, quando está feliz e "fingindo" estar triste ele escreve uma poesia muito melancólica, está só, fingindo sentir aquilo que de fato sente, talvez não naquele exato momento, mas em algum outro da sua existência.
Acho que compliquei demais né? hahaha
Na realidade, vou assumir aqui, que sempre tive vergonha de dar minha opinião acerca dessa poesia, pq acredito pensar diferente da maioria, mas poesia foi feita pra sentir não é? E é assim que eu a leio e a sinto em mim!!
Mais do que isso, é assim que eu funciono, enquanto poetisa amadora...
Beijão.^^
__
PS: E sou eu sim, a Germinal.
Amanhã volto pra deixar uma estrelinha!!
interessante... a poesia e ligada a emoção...
não me atreverei a analisar tão abstrata forma de pensar do coração...
abraços
O fingimento poético
A poesia de Fernando Pessoa Ortónimo aborda temas como o cepticismo e o idealismo, a dor de pensar, a obsessão da análise da lucidez, o eu fragmentário, a melancolia, o tédio, a angústia existencial , a inquietação perante o enigma indecifrável do mundo, a nostalgia do mundo maravilhoso da infância.
O Fingimento poético é inerente a toda a composição poética do Ortónimo e surge como uma nova concepção de arte.
A poesia de Pessoa é fruto de uma despersonalização, os poemas “Autopsicobiografia” e “ Isto” pretendem transmitir uma fragilidade estrutural ,todavia, escondem uma densidade de conceitos.
O Ortónimo conclui que o poeta é um fingidor : “ finge tão completamente / que chega a pensar se é dor/ a dor que deveras sente/”, bem como um racionalizador de sentimentos.
A expressão dos sentimentos e sensações intelectualizadas são fruto de uma construção mental, a imaginação impera nesta fase de fingimento poético. A composição poética resulta de um jogo lúdico entre palavras que tentam fugir ao sentimentalismo e racionalização. “ e assim nas calhas de roda/ gira a entreter a razão / esse comboio de corda/ que é o coração”.
O pensamento e a sensibilidade são conceitos fundamentais na ortonÃmia, o poeta brinca intelectualmente com as emoções, levando-as ao nÃvel da arte poética.
O poema resulta ,então ,de algo intelectualizado e pensado .
O fingimento está ,pois, em toda arte de Pessoa. O Saudosismo que se encontra na obra de Pessoa não é mais do que “vivências de estados imaginários” : “ Eu simplesmente sinto/ com a imaginação/ não uso o coração”.
Depende, quando se está fazendo o texto sim pois você finge que aqueles fatos são verdade, mas na vida pessoal, não.