Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Durou de 1835 a 1845.
A revolução, que originalmente não tinha caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época, moldado nas Lojas Maçônicas. Inspirou-se na recém-finda guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como líderes: Bento Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, Davi Canabarro, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de receber inspiração ideológica de italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além de Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália. A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade.
No ano de 1835 os ânimos políticos estavam exaltados. O descontentamento de estancieiros, liberais, industriais do charque, e militares locais promoviam reuniões em casas de particulares, destacando-se a figura de Bento Gonçalves.
Naquele ano foi nomeado como presidente da Província Antônio Rodrigues Fernandes Braga, nome que apesar de inicialmente ter agradado aos liberais, aos poucos se mostrou pouco digno de confiança. No dia em que tomou posse, Fernandes Braga fez séria acusação de separatismo contra os estancieiros rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de conviver em paz com os seus governados.
Na noite de 18 de setembro de 1835, em uma reunião onde estavam presentes José Mariano de Mattos, (um ferrenho separatista), Gomes Jardim (primo de Bento e futuro Presidente da República Rio-Grandense), Vicente da Fontoura (farroupilha, mas anti-separatista), Pedro Boticário (fervoroso farroupilha), Paulino da Fontoura (irmão de Vicente, cuja morte seria imputada a Bento Gonçalves, estopim da crise na República), Antônio de Sousa Neto (imperialista e farroupilha, mas que simpatizava com as idéias republicanas) e Domingos José de Almeida (separatista e grande administrador da República), decidiu-se por unanimidade que dentro de dois dias, no dia 20 de setembro de 1835, tomariam militarmente Porto Alegre e destituiriam o presidente provincial Fernandes Braga.
Em várias cidades do interior as milícias estavam alertas para deflagrarem a revolta. Bento comandava uma tropa reunida em Pedras Brancas, hoje cidade de Guaíba.
Gomes Jardim e Onofre Pires eram os comandantes farroupilhas aquartelados, com cerca de 200 homens, no morro da Azenha, o atual Cemitério São Miguel e Almas. Mantinham, no dia 19 de setembro de 1835, um piquete nas imediações da ponte da Azenha, com orientação para interceptar quem por ali transitasse, evitando que se alertasse o presidente de suas presenças.
Estavam, portanto, os farroupilhas a uma prudente distância da vila. O piquete avançado, com 30 homens, posto nas imediações da ponte da Azenha, era comandado por Manuel Vieira da Rocha, o Cabo Rocha e aguardava o amanhecer do dia 20 para investir, junto com o restante da tropa, contra os muros da vila.
Porém Fernandes Braga ouvira comentários e insinuações. Desconfiado, mandou uma partida de 9 homens sob o comando de José Gordilho de Barbuda Filho, o 2° Visconde de Camamu, fazer um reconhecimento, mesmo à noite. Descuidados e inexperientes, os guardas se fizeram notar. Alertas e de prontidão, o piquete republicano atacou os imperiais, que fugiram em desabalada correria, resultando 2 mortos e cinco feridos. Um dos feridos, o próprio Visconde, alertou Fernandes Braga da revolta. Eram 11 horas da noite de 19 de setembro de 1835.
Braga não dormiu. Logo ao amanhecer estava junto ao arsenal de guerra, hoje Ponta do Gasômetro, Porto Alegre, tentando reunir homens para a resistência. Porém, até o meio da tarde somente 17 homens se apresentaram para defender a cidade. Vendo armas e munição escassas, Braga resolve fugira bordo da escuna Rio-Grandense, seguido pela canhoneira 19 de Outubro, indo parar em Rio Grande, então maior cidade da Província, não sem antes voltar ao palácio do Governo, pegar alguns documentos e todo o dinheiro dos cofres provinciais.
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Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Durou de 1835 a 1845.
A revolução, que originalmente não tinha caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época, moldado nas Lojas Maçônicas. Inspirou-se na recém-finda guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como líderes: Bento Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, Davi Canabarro, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de receber inspiração ideológica de italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além de Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália. A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade.
No ano de 1835 os ânimos políticos estavam exaltados. O descontentamento de estancieiros, liberais, industriais do charque, e militares locais promoviam reuniões em casas de particulares, destacando-se a figura de Bento Gonçalves.
Naquele ano foi nomeado como presidente da Província Antônio Rodrigues Fernandes Braga, nome que apesar de inicialmente ter agradado aos liberais, aos poucos se mostrou pouco digno de confiança. No dia em que tomou posse, Fernandes Braga fez séria acusação de separatismo contra os estancieiros rio-grandenses, chegando a citar nomes, o que praticamente liquidou as chances de conviver em paz com os seus governados.
Na noite de 18 de setembro de 1835, em uma reunião onde estavam presentes José Mariano de Mattos, (um ferrenho separatista), Gomes Jardim (primo de Bento e futuro Presidente da República Rio-Grandense), Vicente da Fontoura (farroupilha, mas anti-separatista), Pedro Boticário (fervoroso farroupilha), Paulino da Fontoura (irmão de Vicente, cuja morte seria imputada a Bento Gonçalves, estopim da crise na República), Antônio de Sousa Neto (imperialista e farroupilha, mas que simpatizava com as idéias republicanas) e Domingos José de Almeida (separatista e grande administrador da República), decidiu-se por unanimidade que dentro de dois dias, no dia 20 de setembro de 1835, tomariam militarmente Porto Alegre e destituiriam o presidente provincial Fernandes Braga.
Em várias cidades do interior as milícias estavam alertas para deflagrarem a revolta. Bento comandava uma tropa reunida em Pedras Brancas, hoje cidade de Guaíba.
Gomes Jardim e Onofre Pires eram os comandantes farroupilhas aquartelados, com cerca de 200 homens, no morro da Azenha, o atual Cemitério São Miguel e Almas. Mantinham, no dia 19 de setembro de 1835, um piquete nas imediações da ponte da Azenha, com orientação para interceptar quem por ali transitasse, evitando que se alertasse o presidente de suas presenças.
Estavam, portanto, os farroupilhas a uma prudente distância da vila. O piquete avançado, com 30 homens, posto nas imediações da ponte da Azenha, era comandado por Manuel Vieira da Rocha, o Cabo Rocha e aguardava o amanhecer do dia 20 para investir, junto com o restante da tropa, contra os muros da vila.
Porém Fernandes Braga ouvira comentários e insinuações. Desconfiado, mandou uma partida de 9 homens sob o comando de José Gordilho de Barbuda Filho, o 2° Visconde de Camamu, fazer um reconhecimento, mesmo à noite. Descuidados e inexperientes, os guardas se fizeram notar. Alertas e de prontidão, o piquete republicano atacou os imperiais, que fugiram em desabalada correria, resultando 2 mortos e cinco feridos. Um dos feridos, o próprio Visconde, alertou Fernandes Braga da revolta. Eram 11 horas da noite de 19 de setembro de 1835.
Braga não dormiu. Logo ao amanhecer estava junto ao arsenal de guerra, hoje Ponta do Gasômetro, Porto Alegre, tentando reunir homens para a resistência. Porém, até o meio da tarde somente 17 homens se apresentaram para defender a cidade. Vendo armas e munição escassas, Braga resolve fugira bordo da escuna Rio-Grandense, seguido pela canhoneira 19 de Outubro, indo parar em Rio Grande, então maior cidade da Província, não sem antes voltar ao palácio do Governo, pegar alguns documentos e todo o dinheiro dos cofres provinciais.
Os farroupilhas adiaram a inves
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