Você concorda com os livros indicados para alunos do ensino médio? Eles incentivam a leitura?

Basicamente os livros indicados para vestibulares como Fuvest/Unicamp selecionam títulos como os abaixo:

A cidade e as serras (Eça de Queirós) , Auto da barca do inferno (Gil Vicente), Capitães de Areia (Jorge Amado), Dom Casmurro (Machado de Assis), Iracema (José de Alencar), Memórias de um Sargento de Milícias (Manuel A. de Almeida) , Poemas Completos de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa), Sagarana(Guimarães Rosa), Vidas Secas (Graciliano Ramos).

Esses títulos para estudantes de 16,17 anos são atrativos? Cumprem seu papel de auxiliar a conhecer a língua portuguesa? Afastam, dando à literatura uma impressão ruim?

Poderiam ser outros? Quais?

Update:

Agradeço a todos que responderam até agora, não sei porque tem gente negativando respostas alheias, enfim...

As respostas são ótimas apesar disso continuo na dúvida.

Livros chatos que fazem o sujeito achar a literatura como um todo chata (coisa que sabemos que não é).

Livros históricos com português exemplar que refinaria nossa língua?

Estudantes de medicina, computação, psicologia deveriam ler os mesmo livros que os alunos que prestam letras, jornalismo, etc?

Update 3:

Interessante também notar que muitos dos livros que constam dessas listas são "pedidos" há 25, 20 anos. Será que existe realmente uma análise pedagógica na escolha dos títulos? Ou isso fica a cargo de um grupo restrito de professores que muitas vezes tem a visão da literatura concentrada em determinada área?

Update 5:

Jonny,

gostei da história do Português A e B. Isso faria diferença importante.

A idéia de boa literatura estrangeira traduzida não me parece ruim. Seria bem honesto. É que normalmente a escola não é honesta com seus estudantes, pelo menos até o ensino médio.

Agora, você vai me dizer que era um aluno "remediado" em português?? Háháhá, essa até doeu aqui no fígado...

Não que duvide de sua palavra mas lamento por sua professor de português que não soube trabalhar com você.

Update 7:

Sizuda, se você é jurássica eu sou cretáceo, cruzei com alguns livros desses na minha época, há 145 milhões de anos. Sinto por muitos jovens que poderiam ter o costume de ler e consideram uma atividade chata as vezes por causa desse período - conheci vários como professor (de computação). Eles me viam com livros "comuns" e diziam "cara, ler é muito chato", daí eu falava um pouco da história, falava de outros autores e histórias, e normalmente a reação era "pô, mas por que o fulano (prof. de português) não me dá isso para ler???".

Por causa das exigências curriculares, claro. Mas essas são histórias do passado...passou mesmo tudo isso de tempo?

Update 9:

Jonny, Jonny, acho que você não teve prejuízos com a "ausência" de sua professora de português, não há nenhuma sequela, hehehe...

Mas me espanta um pouco a situação e me remete aos tempos de aula. Uma das melhores situações na atividade era identificar alguém na turma com um potencial acima da média. Normalmente pessoas assim "caminham" 2 ou 3 vezes mais rápido que os outros alunos. Procurava passar tudo o que sabia, pesquisava o que não sabia e por fim indicava caminhos. Você sente quando um(a) aluno(a) é diferente. Em todas as ocasiões que agi assim, em curso técnico ou faculdade, só recebi bons frutos em troca. Cruzei com alguns anos depois e não existe saber mais ou menos, existe disseminar o conhecimento de acordo com suas possibilidades. Um desses ex-alunos fez mestrado na Áustria e faz doutorado na Alemanha. Que professor teria sido se não tivesse colaborado com meu máximo?

Mas isso já fugiu completamente do assunto...

Comments

  • Bom eu não concordo, mas vi uma opinião bem interessante uma vez...

    Que dizia que os livros novos... todos os jovens tem acesso para conhecê-los através da mídia..

    Porém esses mais antigos, de grandes escritores estão mais distantes dos adolescentes e jovens... se não for através da escola que eles conheçam esses livros, através de onde eles irão conhecer? já que os livros que são mais divulgados pela mídia não tem essa riqueza e história que estes,das listas escolares tem...

    O problema é que estes livros "antigos" acabam por tirar e até acabar com a vontade de ler do estudante que já é e si pequena... acho que o mais correto seria juntar o "velho" com o "novo", colocando então nas listas de livros indicados... livros que seriam aceitos pelos jovens(com assuntos que venham ter relação com estes... para assim, nascer um maior "afeto" pelos livros) e livros ... e livros não tão a cara do adolescente... mas que criariam a formação histórica e linguística mais ampla!

    Pq com a indicações atuais a única coisa que o estudante acaba lendo... são os resumos na internet...

  • Olá meu caro Heine, para mim ver tantos escritores portugueses nos vossos currículos escolares poderia representar uma alegria para mim, pois seria sinal de que nossos escritores são reconhecidos também no Brasil. Mas não é o caso, em Portugal, a escolha de livros sofre da mesma epidemia, os livros são basicamente os mesmos do vosso ensino médio - nosso ensino secundário. Contudo, em Portugal há uma divisão entre Português A, aquele que eu tive - alunos de humanidades, de letras, cujos livros são mais intensos; e o Português B, em que os livros são mais light - alunos de ciências naturais, desporto e artes.

    Ainda assim, os autores são os mesmos, apenas muda o tipo de livro, a poesia é algo inevitável - Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Camilo Peçanha, Camilo Castelo Branco, Camões, Bocage, Florbela Espanca são o prato de cada dia. Me apraz dizer, onde anda Saramago e Lobo Antunes?

    E esta selecção mantém-se igual há vários anos, Será que colocar literatura estrangeira traduzida em português não seria uma forma de aumentar o patamar de qualidade? Eu quero acreditar que sim, mas teria que ser uma escolha isenta e cujos padrões de qualidade superassem a tendência para os best-sellers.

    Enquanto isso não acontece, continuaremos a ver alunos desinteressados pela leitura, eu próprio sempre detestei a disciplina de língua portuguesa, nunca me revi nos seus livros, nada me fazia aproximar da minha língua, mesmo assim, virei um leitor assíduo de literatura estrangeira como forma de escapar a este contratempo que era o de ler poemas atrás de poemas, pessoa e mais pessoa, e não sei mais quanto aborrecimento junto.

    Ainda me lembro como se fosse hoje, minha professora de português dizia que eu tinha uma facilidade enorme em escrever, mas que não mostrava interesse nem motivação para as matérias, talvez o defeito fosse meu, normalmente, quando não gosto de algo, não faço o mínimo esforço.

    Daí que minhas notas a Português nunca foram boas, era remediado... apenas fazia o suficiente para passar, em alguns exames que fiz expressei várias vezes de forma directa meu desagrado pela quantidade de livros a que éramos sujeitos. Era muita má escolha junta.

    Era bom que quem selecciona os livros para os respectivos currículos o fizesse em prol dos alunos e não pela suas preferência pessoais.

    Abraços Heine.

    Comentário extra:

    Sim, Heine, eu nunca fui um grande aluno a Português, e digo isto sem qualquer tipo de demagogia, em parte pelas matérias dadas, e outra parte pela minha falta de motivação. Acredito mesmo que minha professora de português se tenha roído toda por nunca ter conseguido estimular um aluno que era brilhante na maior parte das disciplinas, mas na sua apenas fazia o mínimo para passar; várias vezes ela tentou falar com minha mãe sobre essa situação, talvez tivesse ganho mais se falasse comigo. Tenho pena. Porventura, não queria se rebaixar a um jovem de 16 anos. Em Portugal os professores tem um "Q" de arrogância, pensam que sabem tudo, e que nós alunos somos apenas uns idiotas que lhe aturamos suas deficiências pedagógicas. Quando não gosto de uma coisa, assobio para o lado.

    Em relação aos vossos elogios, agradeço-vos, mas continuo a ter os pés bem assentes no chão, sei que as coisas não caem do céu - que terei que palmilhar muito terreno para obter alguma coisa da escrita.

    É verdade que tenho escrito algumas coisas íntimas, ou seja, para mim, talvez um dia eu tome coragem e decida compartilhar este monte de bobagens com vocês, por quem nutro uma profunda amizade, mesmo sabendo da distância física que nos separa.

    A ti Heine e Vanessa, o meu muito obrigado por me compreenderem, e aturarem minhas palavras, que nem sempre sorriem.

    Abraços.

    Boa noite Heine, a falares assim, não me importaria nada de voltar atrás e ter um professor de Português com o teu carácter, com essa vontade de crescer e fazer crescer seus alunos. Ainda hoje me questiono por que é que aquela professora de Português não se esforçou em lidar comigo, talvez não gostasse da minha forma de ser, não sei, ou então temia algo.

    Eu detestava a forma como ela apresentava as aulas, costumava levar resumos da matéria em folhas brancas, e de vez em quando parecia que estava lendo do papel, como a tentar dizer que não conseguiu decorar ou apreender a matéria para aquela dia. Outras vezes colocava acetatos naquela maquineta e nos dizia para copiarmos o que estava lá escrito.

    Não mostrava capacidade para incentivar os alunos, não criava espírito de grupo, incentivando os alunos a realizarem trabalhos em conjunto, tudo era demasiado preparado para os exames que se realizavam 6 vezes por ano, 2 em cada período. Parece que aquele sistema privilegiava os alunos que gostavam de decorar, pois bastava copiar o que ela escrevia no quadro ou colocava no acetato e chapar no teste. Para alunos que torravam os seus neurónios decorando, as notas eram fantásticas, para aqueles - como era o meu caso - que tentavam misturar as coisas, dando exemplos para justificar determinada matéria, as notas eram menos boas.

    Por muito valor que a escola pública tenha, jamais poderemos lhe atribuir o papel de salvadora dos jovens, ela cumpre um papel importante, mas não vital... quero mesmo acreditar que tal como Saramago, que nunca foi à escola, nós possamos nos auto-educar a partir de uma certa idade. Não quero com isto dizer que a escola é descartável, apenas gostaria que ela funcionasse a 100%.

    Porventura, e face à má qualidade do ensino em Portugal, não é apenas o Brasil que sofre com esse parasita, nós portugueses temos um ensino melhor do que o brasileiro, mas bem atrás dos nossos parceiros da União Europeia.

    Isso se deve a uma má formação ou inadaptação de professores para darem aulas, por exemplo, onde é que já se viu um economista dar aulas de sociologia? E os verdadeiros sociólogos não podem dar aulas em Portugal... bem, isto dá pano para mangas.

    Quando as sondagens da UE sobre o ensino aparecem, lá vem Portugal na cauda da Europa... que fazer para aumentarmos a qualidade de nossos alunos?

    Esta é fantástica: (Resposta), vamos diminuir a dificuldade dos exames, pois dessa forma as notas dos nossos estudantes vão melhorar.

    Tudo isto para dizer que estamos ao lado nas sondagens de Franceses, ingleses, Alemães, e por aí adiante.

    Contudo, nossos alunos até podem ter boas notas, mas quando começam a trabalhar no duro, os defeitos costumam vir à tona...

    Andamos a gastar dinheiro para ficarmos bem na fotografia, pelo menos numa primeira jogada, pois na segunda o tiro sai pela culatra.

    O ensino em Portugal não educa, apenas torna pessoas medíocres em crânios à luz das sondagens. Os problemas, esses... continuam lá.

    Abraços.

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    Olá Sida,com a chegada da democracia a Portugal (25 de Abril de 1974) o ensino Público entrou num buraco. No periodo Salazarista o ensino era de enorme qualidade, minha mãe fez apenas a 4 classe, e escreve e faz contas melhor do que muita boa gente com ensino médio. Acredito mesmo que na altura havia uma exigência por parte dos professores que não existe hoje, parece que os papéis se inverteram, os alunos são agora mais indisciplinados do que o eram no periodo da repressão. A liberdade é muito bonita, mas quando é doseada, agora quando se chega ao cúmulo de alunos baterem em professores como acontece em algumas escolas portuguesesas, está tudo dito.

    Na altura havia um objectivo, fazer com que os alunos adorassem o regime, mas que aprendessem o Português em todo o seu esplendor.

    Hoje, o ensino é uma pescadinha com o rabo na boca.

    BJK.

  • Bom realmente esses livros são muito cansativos de ler, chegam até assustar. Mas não acho que é errado indicar esses tipos de livros. Pois com essa idade os jovens ja deveriam ter o costume de ler. Acho que as escolas deveriam incentivar desde criança a leitura. E no ensino fundamental deviam incentivar os jovens ler livros que lhes agradam. Pois assim eles estariam mais preparados a lerem esses tipos de livros que você citou. Pois esses livros citados é fundamental para conhecermos a cultura brasileira, a nossa cultura! Por isso que os vestibulares indicam esses livros para os alunos do ensino médio lerem, para a gente se tornar melhores e poder transformar o mundo, mas para isso precisamos saber da nossa cultura.

    Beijos =)

  • Eu acredito que se a pessoa ainda não estiver preparada para esse tipo de leitura, por mais que ela se esforce não vai adiantar, é algo que acontece de degrau em degrau. Mas pode acontecer de não desestimular a leitura naqueles que já são apreciadores de um tipo de leitura mais leve, uma parte dos quais permanecerão estagnados nesse tipo de leitura até o fim de seus dias, enquanto outros algum dia criarão interesse nesse tipo de literatura para a qual ainda não estão preparados.

    Mas de maneira geral eu acredito que desestimula sim, a maioria ou boa parte das pessoas que não gostam de ler gostam de ir ao cinema, onde lêem legendas, mas as legendas de um filme antigo com mais conteúdo geralmente não são aceitas porque o que mais atrai são as cenas de ação que não precisam de legendas. Da mesma maneira os livros com bastante páginas em branco são bastante apreciados pelos que consideram ler um fardo, ouvi um famoso professor dizer isso uma vez. As pessoas não são iguais, cada uma está num nível diferente, acho desumano exigir o mesmo de todos.

    Eu li uma vez que o Bach ministrava exercícios aos seus alunos de acordo com a capacidade de cada um deles, para isso precisava conhecer bem cada aluno, acredito que tivesse poucos. Eu fico imaginando hoje um professor tendo que conhecer cada um de seus duzentos ou mais alunos para descobrir o que é melhor para eles, seria uma impossibilidade com certeza, mas nada que um teste não pudesse resolver levando o aluno a escolher o que achar mais atraente ou menos insuportável. Eu não acredito que faça sentido os mesmos livros para pessoas que se encontram em níveis diferentes ou para pessoas com aspirações diferentes.

    Abraços amigo

  • Nenhum pouco , eu estou no ensino médio e esse tipo de livro em vez de incentivar a leitura , desanima a gente de ler . Eu queria que tivesse livros do tipo de Harry Potter , esses livros são interresantes ler , de acompanhar ,etc .

  • nao sao nada incentivantes. mas a intençao de quem os indica é dar a conhecer o que consideram boa literatura portuguesa

  • Acho massante e têm efeito contrário, fazem a criança e o adolescente detestar a leitura. A leitura deveria ser instituída na escola de forma livre escolha onde o professor promoveria debates, troca de opiniões, idéias, etc. Uma vez um professor levou dezenas de livros colocou na mesa e deixou os alunos fuçarem e escolher. Foi um sucesso, todos queriam contar suas leituras depois.

  • Comparo a leitura com a comida. Nem tudo que é gostoso é nutritivo.

    Ler Machado de Assis pode ser árido (às vezes, óleo de fígado de bacalhau) , mas trata dos dilemas do ser humano e apresenta aos olhos atentos o espírito de uma época, diferentemente de livros com vampirinhos bonitinhos e apaixonados que brilham no sol (bolacha recheada com muita gordura trans).

  • Não. Pois na maioria os livros indicados são clássicos. Esse tipo de leitura não agrada e muito menos instiga os jovens a lerem mais. São muitos cansativos e de linguagem difícil.

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  • Não é à toa que eles vão na Internet procurar resumo. Acho uma chatice. Acho que os professores sabem que ninguém lerá, por isso não se preocupam em indicar nada interessante. Um usuário, certa vez, pediu o resumo de um livro de J.M. de Macedo e eu disse para ele não se privar de ler um obra tão gostozinha de ser lida (era um adolescente). Tenho cererteza que falei com as paredes....

    De Machado, eu recomendaria Memorial de Ayres. De José de Alencar, Senhora, embora eu pessoalmente não tenha gostado, sempre é melhor do que Iracema. Vidas secas até dá para ser recomendado, desde que o nível dos alunos seja bom, porque é cansativo. Um livro bom que ninguém comenta é Urupês de Monteiro Lobato. Um Lobato totalmente diferente daquele que conhecemos com o sitio do Pica pau Amarelo. Nem toda obra de determinado autor é recomendável. Ana Terra, de Érico Veríssimo também é ótimo. Nada mal se intercalassem com autores americanos para servirem de comparação

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    Heine...., quatro desses títulos eram recomendados há quarenta e oito anos atrás (48 !!!!!!!!!!), sei que sou jurássica, mas tenho boa memória!

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    Jonny, o que você reclama do ensino em sua terra deve ser sinal dos tempos, pois minha avó, portuguesa, veio para o Brasil com um curso equivalente ao nosso segundo grau da época, e no entanto era uma das senhoras mais cultas que conheci. Certo que até os 21 anos não fez outra coisa senão estudar, cantar e declamar (palavras dela).

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    Heine..., de qualquer forma me parece que houve uma evolução no decorrer das décadas, pois quando minha avó soube que a escola tinha recomendado "Amor de Perdição" e "O Cortiço", declarou em altos brados: "Este mundo está perdido!" Tudo bem.... ela era do século XIX, mas vinha com um cabedal de conhecimento invejável!

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