O que vocês tem á dizer?

sobre o que o Danilo gentili publicou?

Ruy Goiaba é um colunista do F5. Ele já deixou evidenciado que odeia o meu ofício. Mas foi brilhante ao dar dicas valiosíssimas do que é preciso para se fazer humor nos dias de hoje:

1. Para fazer piada, você vai precisar de: a) um pesquisador do IBGE; b) uma planilha de Excel; c) o alvo da piada. Chame o pesquisador, com a planilha, e peça que ele entreviste o alvo de sua brincadeira. É preciso ter certeza de que ele não é pobre: os pobres já são suficientemente sacaneados pela vida. Se, porém, o alvo tiver renda mensal acima de R$ 291 --o limite definido pelo governo para a classe média-- não só pode como deve ser zoado sem dó. Classe média, essa gentalha que lê a "Veja", é a fonte de todos os males do país.

2. Piadas com quem já foi pobre também estão proibidas. Para efeitos de humor, Lula, por exemplo, não é um líder político poderoso, chefe de um dos maiores partidos do país: é o garoto pobre que chegou de Garanhuns ontem. Por motivo semelhante, piadas com coisas como o álbum de casamento do Naldo com a Moranguinho estão vetadas (se bem que o Naldo, certamente, ri bem mais que vocês quando consulta o saldo bancário).

3. Piadas com generalizações étnicas ou envolvendo comunidades: proibidíssimas. Aquelas que começam com "aí chegaram o português, o americano, o judeu, o turco e o brasileiro" têm de terminar, obrigatoriamente, com "e se reuniram na ONU para discutir a reforma do Conselho de Segurança", ou qualquer coisa assim.

4. Piadas com papagaio: sem consulta prévia ao Ibama, nada feito.

5. O humor tem que ser uma "ferramenta contra os poderosos". Mas, se a poderosa for a presidente do Brasil, também está proibido: piadas com a Dilma são sexistas por definição, mesmo que seja outra mulher fazendo. Está permitido, porém, fazer Twitter fake para bajular a mandatária: humor a favor é do bem, respeitoso e brasileiríssimo (mais brasileiro do que jabuticaba, falta de saneamento básico e esquistossomose).

6. Se você insistir nessa coisa de humor político, tem que ser igual ao tempo de TV da propaganda eleitoral. Tirou sarro da Dilma? Dedique o mesmo tempo ou espaço de piada a algum tucano (molezinha: só pegar alguma daquelas fotos patéticas do Serra tentando se equilibrar sobre um skate, chutando bola e fazendo o sapato voar etc. E, claro, TODOS os políticos do Bananão merecem surra de saco de areia, ainda que verbal).

7. Além das mulheres, negros e homossexuais também não devem ser alvo de piada, por razões óbvias. Mas veja que interessante: se por acaso eles não forem de esquerda (e se você for), essas características todas se anulam. Nesse caso, estão liberadíssimas tanto a piada como a esculhambação ampla, geral e irrestrita.

Pode dar risada da morte da Thatcher (afinal, a Dama de Ferro nem era muito "mulher" mesmo), pode escrever que a colunista do jornal X é chata por "falta de homem", pode tratar o rival político supostamente gay como se essa condição fosse vergonhosa ("é casado? Tem filhos?"), pode chamar o ministro Joaquim Barbosa --aliás, eleitor de Lula-- de "capitão do mato". Afinal, você é um PROGRESSISTA, e todos têm plena consciência de que, se você está sendo racista, sexista e homofóbico, só pode ser de brincadeirinha. Não é?

8. Por último: seja o Louis CK, que tem, além do óbvio talento, a grande vantagem de fazer piadas em outra língua e num país bem longe daqui. Recomendo nascer de novo e tentar reencarnar nele.

Comments

  • Eele foi bem opitoso nas palavras , tenta mostra as formas de agir e ser engraçado com o publico e uma forma de alegria !

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