ELABOREI UM CONTO. PODERIAM, POR FAVOR, OPINAR?

O pacto

Levantei-me cedo naquela manhã, quando a noite findava e o sol ainda se escondia atrás das montanhas, ansioso por lançar os seus primeiros raios sobre a terra fria e úmida, e me dirigi a pé à encruzilhada que vós bem conheceis. Guiei-me em secreto, cuidando de não despertar nem atiçar a curiosidade de minha esposa e de meus criados. Meus vizinhos também não deveriam me reconhecer, a fim de não ter que me sujeitar a infinitos interrogatórios. Usava eu uma capa de gola comprida e um chapéu, que me cobriam o rosto e o protegiam da brisa gélida. As botas pretas eram de borracha e chegavam-me aos joelhos.

Uma vez ali, não haveria de voltar atrás. Fiz como requer o rito: atirei uma pedra naquela árvore velha, de tronco espesso e escuro.

- Hei, demônio! apareças, rogo-te! - exclamei, atirando-a

O estranho, e que não deixou de ser também algo de certo modo embaraçoso, é que quando a pedra enfim atingiu o velho tronco da árvore, revelando o seu interior oco, senti uma dor horrível e súbita nas costas. Gemi, inclinando-me para a frente, estendendo os braços e procurando tocá-las com as mãos. Fora como se trocássemos de lugar naquele instante. Uma bruxaria! Senti, deveras, que eu também levara uma pedrada certeira, com igual intensidade. Depois de comprimir os olhos, levantei-os lentamente, confuso.

De repente, um vulto surgiu de uma fumaça escura que se formara sob a sombra da árvore.

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