Preliminarmente, devemos considerar que biologicamente a velhice é uma etapa da vida, que se caracteriza pelo declínio da força física, e pela degeneração gradual do organismo, mesmo na época atual onde a intervenção médica e as condições sanitárias têm retardado o dito "envelhecimento". E isto é o oposto do que ocorre na dita "juventude", onde se mostram modificações biológicas, inclusive de caráter sexual, como um anúncio precoce da possibilidade da morte, daí o apelo egóico do jovem ao "moderno", ao "up to date", como uma forma de renegação deste fato, mas, se trata de uma entrada na dita "idade adulta". Já a velhice se torna, sem dúvida, o anúncio da premência da morte. Se a juventude trás a presença obrigatória da falicidade, ela, contudo, revoga, ou seja, afasta parcialmente, a evidência da morte, a velhice trará a suposição de decadência desta falicidade, ainda que tenham "inventado" o "viagra".
Então, toda vez que, existir uma modificação biológica inalienável, isto é, psicanaliticamente um efeito orgânico imaginário do real e leva a um efeito traumático e se tem um enfraquecimento do simbólico, o que se dá, por causas diversas, tanto na "juventude", quanto na "velhice". Agora quando este efeito traumático, que pode ser, em princípio, foraclusivo, por gerar o enfraquecimento do simbólico vem hiperdeterminado à premência da morte, a morte deixa de ser uma possibilidade longínqua e sua evidência presente se acentua, evidenciando uma configuração, por vezes, delirante. Em sujeitos que recorreram ao longo da vida à sublimação, artistas e cientistas, por exemplo, este anúncio traumático e, possivelmente, foraclusivo, é de uma certa forma suprido pela ilusão da imortalidade, ilusão de serem conhecidos, até por aqueles que não o conheceram em vida. Porém, o efeito na maioria dos idosos que tiveram, e ainda têm, uma vida produtiva e estruturada, que estabeleceram vínculos mais ou menos estáveis com a família, essa evidência traumática, no mínimo, vai ter valor de "tiquê", isto é, de "encontro faltoso" com o real, a que se segue a repetição, neurotizando, por "unheimlisch" (duplo) a evidência da morte, que é vista, então, como a proximidade do que até este momento era longínquo. Isso vai gerar a angustia, cujo efeito neurótico é a melancolização. E aí não se pode generalizar tal evento, mas sim, saber como foi estruturada a vida psíquica daquele idoso.
O quadro de angústia é extremamente comum na fenomenologia da velhice, o que gera, como se disse, efeitos melancólicos, e esse é o efeito nostálgico dominante na velhice: é a lembrança dos tempos bons e supostos que não voltam mais. Porém, se a velhice apresentar, em determinado sujeito, um quadro de exclusão, de degradação, enfim, um quadro que mostre aquilo que os americanos chamam de "perdedor", que mostre uma vida que não se justificou, e isto pela retórica de algum possível insucesso, de alguma impossível estabilidade, de uma vida que se justificou apenas como um manual de eterna sobrevivência , o efeito foraclusivo gerado ali poderá provocar algo mais do que este simples binômio angustia e melancolia. Pois, ao convocar a premência da morte, ele poderá gerar efeitos devastadores. E aí teremos que a dita "velhice" irá começar a apresentar óbvios quadros delirantes de feição psicótica, que são, por vezes, agravados por situações de deficiências neurológicas. Tais eventos são, também, comuns na velhice, criando uma dúvida sobre o limite hiperdeterminado entre as questões psíquicas e as neurológicas. A provocação dessas situações de afetação neurológica é que poderá fazer com que haja uma perda da potencialidade, inclusive da atividade mental, da inteligência verbal, já que ela foi propiciada por fato não gerado na velhice, mas, antes, mas também pode ser que ocorram apenas quadros clínicos neurológicos ou cardíacos por razões orgânicas, ex. a.v.c , enfarto etc. Mas, à exceção destes casos, tipicamente orgânicos, o que se encontra é uma possível depreciação da vida sexual e psíquica, que é gerada pela instalação de um quadro foraclusivo melancólico e/ou de angústia.
Poderá ocorrer também, um efeito ora melancólico, ora maníaco que se dará quando na velhice, principalmente a asilada, a vida perder a razão fálica de ser, ou seja, a vida perder sua razão de ser. Aí a recorrência a procedimentos auto-hostis, como os da melancolia poderão ocorrer, bem como a também recorrência a quadros de degradação física e/ou moral, maníacos, portanto. Isso porque a velhice ali se tornará "um fardo", ou meramente a confirmação de um estado de exclusão, do "terá sido", ou seja, do que teria ocorrido ao longo de uma vida, e assim a premência da morte não traria senão a confirmação desse quadro de segregação, de "verworfen", de exclusão. O "remédio" contra ist
Quem alcançar um feito desses é que alcançou uma das melhores coisa aqui na terra. Porque quem não alcançou ou não vai alcançar esta morto ou logo morrera. Quem estiver em sua velhice tem que dar graças a Deus. pois é uma benção de Deus. Eu daria graças a Deus se eu alcançasse esta benção.
Comments
VELHICE, "A IDADE DO LUTO":
UMA RESPOSTA NECESSÁRIA À MELANCOLIZAÇÃO.
Lea Z. Fernandes Signori
--------------------------------------------------------------------------------
Preliminarmente, devemos considerar que biologicamente a velhice é uma etapa da vida, que se caracteriza pelo declínio da força física, e pela degeneração gradual do organismo, mesmo na época atual onde a intervenção médica e as condições sanitárias têm retardado o dito "envelhecimento". E isto é o oposto do que ocorre na dita "juventude", onde se mostram modificações biológicas, inclusive de caráter sexual, como um anúncio precoce da possibilidade da morte, daí o apelo egóico do jovem ao "moderno", ao "up to date", como uma forma de renegação deste fato, mas, se trata de uma entrada na dita "idade adulta". Já a velhice se torna, sem dúvida, o anúncio da premência da morte. Se a juventude trás a presença obrigatória da falicidade, ela, contudo, revoga, ou seja, afasta parcialmente, a evidência da morte, a velhice trará a suposição de decadência desta falicidade, ainda que tenham "inventado" o "viagra".
Então, toda vez que, existir uma modificação biológica inalienável, isto é, psicanaliticamente um efeito orgânico imaginário do real e leva a um efeito traumático e se tem um enfraquecimento do simbólico, o que se dá, por causas diversas, tanto na "juventude", quanto na "velhice". Agora quando este efeito traumático, que pode ser, em princípio, foraclusivo, por gerar o enfraquecimento do simbólico vem hiperdeterminado à premência da morte, a morte deixa de ser uma possibilidade longínqua e sua evidência presente se acentua, evidenciando uma configuração, por vezes, delirante. Em sujeitos que recorreram ao longo da vida à sublimação, artistas e cientistas, por exemplo, este anúncio traumático e, possivelmente, foraclusivo, é de uma certa forma suprido pela ilusão da imortalidade, ilusão de serem conhecidos, até por aqueles que não o conheceram em vida. Porém, o efeito na maioria dos idosos que tiveram, e ainda têm, uma vida produtiva e estruturada, que estabeleceram vínculos mais ou menos estáveis com a família, essa evidência traumática, no mínimo, vai ter valor de "tiquê", isto é, de "encontro faltoso" com o real, a que se segue a repetição, neurotizando, por "unheimlisch" (duplo) a evidência da morte, que é vista, então, como a proximidade do que até este momento era longínquo. Isso vai gerar a angustia, cujo efeito neurótico é a melancolização. E aí não se pode generalizar tal evento, mas sim, saber como foi estruturada a vida psíquica daquele idoso.
O quadro de angústia é extremamente comum na fenomenologia da velhice, o que gera, como se disse, efeitos melancólicos, e esse é o efeito nostálgico dominante na velhice: é a lembrança dos tempos bons e supostos que não voltam mais. Porém, se a velhice apresentar, em determinado sujeito, um quadro de exclusão, de degradação, enfim, um quadro que mostre aquilo que os americanos chamam de "perdedor", que mostre uma vida que não se justificou, e isto pela retórica de algum possível insucesso, de alguma impossível estabilidade, de uma vida que se justificou apenas como um manual de eterna sobrevivência , o efeito foraclusivo gerado ali poderá provocar algo mais do que este simples binômio angustia e melancolia. Pois, ao convocar a premência da morte, ele poderá gerar efeitos devastadores. E aí teremos que a dita "velhice" irá começar a apresentar óbvios quadros delirantes de feição psicótica, que são, por vezes, agravados por situações de deficiências neurológicas. Tais eventos são, também, comuns na velhice, criando uma dúvida sobre o limite hiperdeterminado entre as questões psíquicas e as neurológicas. A provocação dessas situações de afetação neurológica é que poderá fazer com que haja uma perda da potencialidade, inclusive da atividade mental, da inteligência verbal, já que ela foi propiciada por fato não gerado na velhice, mas, antes, mas também pode ser que ocorram apenas quadros clínicos neurológicos ou cardíacos por razões orgânicas, ex. a.v.c , enfarto etc. Mas, à exceção destes casos, tipicamente orgânicos, o que se encontra é uma possível depreciação da vida sexual e psíquica, que é gerada pela instalação de um quadro foraclusivo melancólico e/ou de angústia.
Poderá ocorrer também, um efeito ora melancólico, ora maníaco que se dará quando na velhice, principalmente a asilada, a vida perder a razão fálica de ser, ou seja, a vida perder sua razão de ser. Aí a recorrência a procedimentos auto-hostis, como os da melancolia poderão ocorrer, bem como a também recorrência a quadros de degradação física e/ou moral, maníacos, portanto. Isso porque a velhice ali se tornará "um fardo", ou meramente a confirmação de um estado de exclusão, do "terá sido", ou seja, do que teria ocorrido ao longo de uma vida, e assim a premência da morte não traria senão a confirmação desse quadro de segregação, de "verworfen", de exclusão. O "remédio" contra ist
Quem alcançar um feito desses é que alcançou uma das melhores coisa aqui na terra. Porque quem não alcançou ou não vai alcançar esta morto ou logo morrera. Quem estiver em sua velhice tem que dar graças a Deus. pois é uma benção de Deus. Eu daria graças a Deus se eu alcançasse esta benção.
Rosane, para mim velhice é uma conquista !
As pessoas idosas que ficam de luto,devem com certeza pensar: Será que eu sou o próximo(a) ?
Besteira, quantos jovens e crianças morrem, a morte é uma coisa natural da vida !
Abraços e boa semana